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Capítulo 29: Perpétua oscilação antagônica

Kang Yeosang recuperou parcialmente a sua força pela manhã, após uma noite de sono a qual foi uma das primeiras que lembrava de ter dormido. Ele geralmente mantinha seus olhos abertos à espreita, desconfiado e sempre aguardando que algo dê errado.

Naquela manhã especificamente, a primeira pessoa que viu, diferindo do comum, não foi Wooyoung. Ele estava muito ocupado cuidando do rapaz ferido que San resgatou, então ele não teve muito tempo livre para fazer algo que fosse além de impedir que Seonghwa tivesse um ataque de fúria e invadisse o quarto de seu hóspede e o matasse. Porém, na verdade, Seonghwa não estava pensando em matar Kim Hongjoong, não o tempo todo. Eram passagens mentais que lhe apeteciam, mas ele rapidamente se livrava delas ao que sua bochecha sofria de uma pontada e lembrava do soco que San lhe desferiu impiedosamente como se quisesse acordá-lo para a realidade.

Os olhos redondos e escuros feitos jabuticaba agora estavam parados sobre a figura recém-desperta de Yeosang em sua cama. Seonghwa não ficou parado por mais de dois minutos o encarando pontualmente, logo ele se retirou e retornou de alguma parte do quarto com vestes limpas e uma toalha.

— Tome um banho e me encontre na cozinha, por favor.

Ele não era estúpido. Seonghwa sabia que havia algo errado com Yeosang, contudo aprendeu também que o melhor era manter os seus suspeitos por perto. Mas não era porque esperava algo ruim dele que queria vigiá-lo, e sim por sentir no cume de seu âmago que ele estava se esforçando muito para esconder um bom segredo.

As pálpebras de Yeosang pesaram e seus cílios escuros afundaram em sua pele clara antes de ele assentir leve e cautelosamente, pondo-se de pé com as pernas tendo dificuldades em se firmar como se seus joelhos estivessem prestes a ceder. O coração dele estava acelerado. Ele não entendia o que Seonghwa poderia querer com ele àquela hora da manhã e temia que ele tivesse percebido um passo em falso. Estar com ele, no geral, lhe causava um nervosismo efervescente, contudo, melhor do que ninguém, Yeosang sabia que sua única escolha segura era se aproximar de Seonghwa.

Fez o que lhe foi solicitado e acessou a cozinha com sua pele cheirando a sândalo. Era um perfume suave e agradável que atravessa as narinas e arranca dos lábios um som de pura satisfação. Os cabelos de Yeosang estavam molhados e penteados para trás e suas roupas caíam graciosamente em seu corpo magro e alto. Ele passou pela mesa de café da manhã vazia, arrumada particularmente para ninguém, se perguntando onde estava San ou se ele não estava tendo apetite, ocupado trabalhando em descobrir o paradeiro de seus irmãos ou quem de fato era Kim Hongjoong e porquê deveriam matá-lo ao invés de abrigá-lo como um pobre coitado.

Seonghwa estava em frente a grande bancada de sua cozinha repartida por uma ilha luxuosa de mármore claro. Estava ocupado separando ingredientes os quais indicou para Yeosang com o queixo, assim que o percebeu se aproximando com as sobrancelhas arqueadas em uma supérflua surpresa.

— Eu quero dizer que sinto muito por ontem — Seonghwa começou com a sua voz pairando leve sobre o ar. — Sobre... não poder fazer nada para ajudar você, e quero tentar convencê-lo de que posso fazer isso desde que você permita.

Yeosang suspirou. Ele não gostou de como Seonghwa lhe soou gentil, lhe pareceu extremamente altruísta. Disfarçou isso abaixando a cabeça e pigarreando, esfregou as mãos suadas nas calças escuras que vestia.

— Não se preocupe comigo — solicitou calmamente, fugindo do olhar clínico de Seonghwa estacionado a alguns metros de si. — Eu estou ótimo, foi apenas um mal-estar.

Desconfiado, Seonghwa o fitou pelo canto do olho, silenciosamente o analisando. Yeosang não gostava de ser analisado, mas quando se tratava de Seonghwa, sentia intrinsecamente que era impossível fugir dele ou seja lá o que ele quisesse descobrir. Yeosang ficou tão nervoso que chegou a tremer levemente e ele bateu contra o mármore algumas vezes sem usar qualquer força, abrindo e fechando a boca e dela apenas saindo um ar pesado e abafado.

CASHIT | MAFIA ATEEZ |  TEMP IOnde histórias criam vida. Descubra agora