CARLOTA CAPÍTULO 22

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SEM CORREÇÃO E CONTÉM ERROS.

CARLOTA CAPÍTULO 22.

Alívio tomava meu peito quando a porta da aeronave se fechou. Aquele homem, a presença dele gerava em mim cargas negativas como se eu carregasse toneladas de pedras sobre minhas costas. Quando se afastou para atender o homem que o gritava, pude olhar melhor o doutor e esboçar lhe um meio sorriso.

Era o máximo que podia fazer em meio a dor que me rasgava por dentro, o doutor pareceu ler meus pensamentos então disse:

-Logo estaremos no hospital e suas dores serão sanadas. Desviei meu olhar rapidamente, assim que o doutor se calou o homem que se diz meu marido se aproximou da aeronave puxando meu pescoço e me beijando impetuosamente comendo-me a boca, deixei que me beijasse. As dores físicas, aquelas que estavam expostas o doutor poderia curar, mas as internas, aquelas que me quebravam de dentro para fora ele nem imaginava, doíam muito mais.

 Quem de perto ou longe observasse acreditaria piamente que éramos apaixonados, meu marido quis demonstrar paixão com sua atitude. Mas eu sabia que aquele beijo era um aviso a mim, e um espetáculo para a pequena plateia. O diabo com suas muitas faces. 

O homem alto e loiro tomou o acento da aeronave e meu marido ficou em terra firme. Antes de entender que ele não iria conosco tocou minha perna a apertando me lançando um olhar mortal, um último lembrete do que poderia acontecer se pedisse socorro. Como o odiava! Ele não precisava continuar me amedrontando, eu sabia do que ele era capaz, eu ficaria calada, mas ele amava perturbar minha vida, minha mente. 

Temia pela governanta e pelo rapaz que ela levou para me ajudar. O que ele faria com eles se descobrisse? Aquele lugar que agora era minha casa, mas que eu não a considerava minha teria que dividir com aquele homem perverso. A aeronave foi subindo, a casa ficando distante, e com a casa ele.

Uma pontinha de alegria quase inexistente me abordou, então me virei para frente e fui surpreendida pelo homem loiro com semblante fechado, focado nos meus movimentos. Com toda certeza não podia confiar nele? O voo foi tranquilo, rápido, e silencioso, descemos no heliporto um carro com motorista nos esperava.

 O doutor tentou se aproximar para me ajudar mais o loiro se adiantou impedindo que o doutor fizesse, cheguei no carro com ele ao meu lado me sustentando. Dentro do automóvel o loiro cochichou no meu ouvido que era advogado do meu marido, que seu nome era Erasmo, que estava ali unicamente para me acompanhar à onde eu fosse. 

Seu tom foi áspero, meio que ameaçador, tinha me livrado do diabo, mas o mesmo havia mandado seu servo.

Busquei pelo doutor e ele abria a porta se sentando ao lado do motorista, me afastei do loiro o máximo que pude, naquele instante as dúvidas me foram sanadas, eu não podia confiar nele. O teatro continuava, só havia mudado o diretor, porque eu continuava sendo a marionete. Ele me informou quem era, não por bondade ou gentileza, mas sim se acaso o doutor fizesse alguma pergunta, eu saber o que responder.  

Deixei de lado todo aquele circo e foquei todas as minhas forças na minha recuperação. Se eu fizesse tudo como ele mandou, talvez ele me deixasse ver meus animais quando voltasse. Lembrar dos meus bichinhos de quatro patas era sempre um prazer, lembranças felizes ao lado deles me vinham a mente me confortando.

O diabo tirou tudo que podia tocar de mim, mas os meus sonhos, minhas lembranças alegres e a minha fé ele não tinha poder para tocar. A minha fé estava abalada sim, mas no instante que fui tirada daquele lugar, de perto dele, uma chama de esperança respingou na minha fé me dando uma dose a mais de fôlego para sobreviver. 

O tal Erasmo era um verdadeiro cão de guarda, não facilitava um só segundo, chegava a ser incomodo tanto cuidado comigo e mal tínhamos acabado de chegar no hospital. Até na sala de raio x ele se adiantou a entrar mais foi impedido pelo doutor que o advertiu que não era seguro.

O SABOR DO PECADO COMPLETA.Onde histórias criam vida. Descubra agora