CAPITULO 3
PADRE BASÍLIO.
Me levantei da cama ainda madrugada, e sentei na beira da cama acendi o abajur, alcancei o jarro com água depositei um pouco no copo e tomei. Sentia aflição, uma ansiedade, Carlota me veio à mente peguei o celular na cabeceira.
Abri a tela procurei seu número e disquei, chamou e ela não atendeu, minha angustia só aumentou, meu peito apertou ainda mais. Tentei mais uma vez e nada, eu devia ir na sua quitinete. Ela tem um sono leve sempre atendi nas horas mais inoportunas que existem por causa da sua (ONG), tem coisa errada dizia meu coração, minha mente pedia calma, cautela.
Mal o dia amanheceu e eu já estava pronto para ir até ela, fiz minhas orações tranquei a porta da minha casa, caminhei para o portão. Assim que coloquei minhas mãos no trinco ouvi o barulho da caixa de correio se abrir. Era muito cedo o carteiro não passava aquelas horas. Me direcionei até ela, um envelope pardo tinha sido depositado na mesma, era grande e estava meio pesado.
Abri, santo Deus! Cai de joelhos sobre a grama molhada de orvalho com o que via. Eram fotos da minha filha, minha inocente filha, vendada amordaçada, braços abertos presos por correntes e muito sangue na sua face. Seus cabelos tão lindos tinham sido cortados, seu pescoço estava preso nas correntes por uma coleira de cachorro, sentada no chão sujo e molhado.
Oh, meu deus! Quem faria algo dessa natureza com uma pessoa tão boa? Ainda de joelhos fui vendo uma por uma, não queria acreditar no que meus olhos viam, até pensei que poderia ser uma brincadeira de mal gosto. A confirmação de que não era brincadeira estava no fundo do envelope uma carta.
Me levantei, precisava pedir ajuda, ir à polícia, traze-la de volta sã e salva. Quando abri o pequeno envelope branco eu travei, chorei, clamei. As consequências dos atos impensadas do passado estavam batendo a minha porta, derrubando tudo a minha frente, engolindo minha filha no processo, ela era a única prejudicada pelo meu ato sem pensar, minha imprudência.
Para padre Basílio.
São as fotos de preparação da noiva para o casamento, espero que esteja do seu agrado. Não o convidarei para cerimônia porque será uma coisa mais intima, se é que me entendi.
Eu o avisei, o alertei, no passado o senhor viveu a experiência de não ter ao seu lado a mulher que amava, foi doloroso não foi? Se recusou a casar com a escolhida pela sua mamãezinha, não recusou? No final ficou sem a mulher que amava e se escondeu atrás da batina.
Agora eu estou vivendo o mesmo inferno que o senhor viveu, a diferença é que eu estou sendo obrigado a me casar com aquela imunda que cheira a mula suja. A culpa é toda sua, eu pensei que tinha sido claro que tinha entendido o meu recado e ficaria recolhido a sua insignificância com a sua preta suja.
Mas não, o remorso falou mais alto, o sentimentalismo de pai sobrepujou o padre e depois de mais de vinte anos se lembrou de desfazer a merda da promessa AGORA É TARDE. Pelo que vê não deu certo, meu pai tem um pouco de dificuldade de voltar atrás com promessas e juramentos. Ele diz que um homem tem que honrar sua palavra.
Eu também dei minha palavra a ele muitas vezes que me casaria com a filha do seu amigo, mas eu era uma criança quando disse sim a primeira vez, na última vez que eu disse sim eu tinha dezesseis anos.
O senhor se tornou padre e não existia filha, mas a história dos dois amigos era muito interessante, meu pai a usava a todo momento, eu gostava de ouvir me intrigava, me fascinava, comecei a investigar sua vida e correr atrás de você na sombra, descobri seu segredo negro.
Senti nojo, asco, me revirou o estomago, jamais me casaria com ela, me repudia as entranhas.
Hoje, agora, eu disse não, não quero, não aceito, mas ele não se importa nem um pouco de me colocar entre a cruz e a espada, de me jogar aos leões nesse caso a macaca. Ele não recuou, ele quer de qualquer jeito esse casamento, e eu sou um filho exemplar, obediente, farei o que ele me pediu. Mas não será barato, nem de graça, vou cobrar um preço alto, caro, abusivo, irremediável e quando eu estiver satisfeito eu devolvo a em comenda que peguei. Nem pense em comunicar as autoridades ou sua negrinha imunda ficará sabendo quem é o seu papaizinho, que esteve sempre ao seu lado, mas ele não tevê a decência de lhe contar a verdade.
OBS: Eu sei que é o pai da noiva que paga a festa, mas não se preocupe, eu estou fazendo tudo com muito prazer.
Leopoldo Bacarat.
Aquele louco está com minha filha, o que fiz? Eu sou o culpado de todo esse infortúnio, sua maldade contra ela estava detalhada naquelas fotos, era sujo desumano. Eu disse a Lisandro que não me devia nada, que estava livre da promessa. Ele tinha concordado, ele aceitou, o que deu errado? Porque voltou atrás? Porque não foi claro que da parte dele a promessa ainda estava viva?
Oh Deus! Não permita que Carlota passe por esse calvário senhor, aquele homem deixou claro que não aceita ela como esposa por causa da sua cor, que ama outra mulher. Achei que estava protegida, que estava a protegendo.
Estou me sentindo igual no dia que li a carta de Aretuza que me pediu para esquece-la, eu fiz o que ela pediu, eu errei, deveria ter voltado exigido um confronto. A dor rasgou o meu peito abrindo cicatrizes profundas. Hoje tenho uma carta nas mãos e as palavras escritas na mesma também rasgam o meu peito, mas a dor, a dor não tem comparação, é ainda maior e mais profunda.
Porque se trata de uma pessoa que compartilha o mesmo sangue que eu, o pior sentimento do mundo ter e, ver seu filho, sangue do seu sangue, carne da sua carne em perigo, sofrendo e não poder fazer nada. Se calar por covardia, por medo desse ser não o perdoar, ver o ódio e o desprezo quando seus olhos forem direcionados a você. Estou com os pés e as mãos atados, não posso fazer nada para salvar minha filha, de encontrá-la e tirá-la das garras daquele psicopata.
Não consigo acreditar que aquele rapaz possa ser filho de Lisandro, como ele pode ter um filho com o coração tão ruim, cheio de ódio por alguém que ele nem conhece?
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O SABOR DO PECADO COMPLETA.
RomanceObra completamente fictícia, nome lugares, qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência. UM ROMANCE DARK. Para maiores de 21 anos, contém cenas de violência, física e verbal.