SEM REVISÃO CONTÉM ERROS.
CARLOTA CAPÍTULO 6.
Eu assinei, a voz furiosa sem rosto me disse que seria minha carta de alforria, mentira, me mentiu. O desespero, o medo e talvez um resquício de esperança me fez acreditar que eu partiria desse inferno, e outra vez fui arrastada como um bicho para a escuridão.
Uma revolta grande me sucumbiu, bati, soquei a porta logo que foi fechada, eu gritei por resposta, porque eu estava ali? Porque? O que tinha feito para merecer tudo aquilo que estava acontecendo?
Senti um solavanco no meu corpo, abri meus olhos e vi a porta aberta em contato com minhas costas que ardia com o impacto. Devo ter cochilado no chão frio e o manto escuro da noite me serviu de cobertor. Passos pesados se aproximaram me encolhi, tentando me afastar, me proteger do desconhecido.
Os poucos cabelos que me sobraram foram puxados com brusquidão e o couro cabeludo queimou de forma intensa, me jogou aos pés da cama. Em meio a escuridão não consegui me defender do ataque que veio sem pena.
Meu cotovelo bateu no piso, o choque da ponta do osso com o chão bruto me embaraçou a visão em lágrimas com a dor alucinante que me acometeu. A voz que me atormentava gritou meu nome. Os pelos do meu corpo se arrepiaram em pavor, medo, ele me provocava medo, dor, porque? Porque esse homem me tratava dessa forma tão desumana, humilhante?
Me lembro do dia que um garoto bateu na porta da ONG, ele parecia ter uns onze anos, apavorado por socorro, ele chorava, pedia ajuda. Perguntei o que tinha acontecido, ele disse me que o padrasto tinha posto fogo em uma vela e estava queimando seu cãozinho com a cera que derretia.
Disse que quando era com ele, ele não se importava, orava a DEUS e seu pequeno coração era acalmado com esperança. Que ele era um bom menino que um dia todo seu sofrimento acabaria. Perguntei a ele onde estava sua mãe; que não via toda essa maldade. Respondeu que ela trabalhava, saia cedo e só voltava a noite, tinha pena dela, que sua face sempre estava cansada e ele não queria dar mais preocupações.
Cheguei na casa e o pequeno cachorro amarrado em uma corda grunhia e o homem de aparência repulsiva cheirando a álcool maltratava o bicho com a vela, em sua barriga.
-Pare agora o que está fazendo ou ligarei para polícia! O homem me olhou debochado, depois encarou o menino logo atrás de mim. - A pena para quem maltrata animais é de três meses a um ano, se houver morte a pena é aumentada de um sexto para um terço. Falei, o encarei.
-Foi fazer fofoca peste. Rosnou de maneira agressiva com o olhar frio sobre a criança, em seguida foi desabotoando o cinto velho e tentou pegar a criança pelo braço, não deixei. Eu era menor, fraca, mas o que estivesse ao meu alcance eu faria para defende-lo, padre Basílio me alertou que não posso enfrentar brutamontes sozinha. Que precisava ter alguém na retaguarda, hoje em dia tenho mais dois ajudantes na ONG. Aproveitei do estado que ele estava e o empurrei, ele caiu sobre um banco de madeira, enquanto ele se debatia para levantar desamarrei a corda que prendia o cãozinho, sai da casa com o cachorro e a criança ao meu lado.
Eu tinha deixado a faculdade, mas o meu espirito ainda estava vivo para defender qualquer ser vivo que respirasse. Na ONG alimentei o menino depois fui cuidar do cachorro, o infeliz jogou a cera quente na barriga do animal, uma das partes mais sensíveis onde não existe a presença de pelos. Lavei, tratei as queimaduras, depois o alimentei com ração e água fresca.
Chamei o menino que me disse chamar Pedro, o coloquei sentado em uma mureta e disse a ele que o que estava acontecendo com ele era um crime. Que sua mãe deveria ser informada, que se ela não fizesse nada para acabar com os maus tratos a polícia tinha que ser acionada, junto ao concelho tutelar, não importava de onde a ajuda viria, mais teria que vir. -Você veio. Disse ele baixo, suspirei. -Eu orei e Deus me mandou você.
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O SABOR DO PECADO COMPLETA.
RomanceObra completamente fictícia, nome lugares, qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência. UM ROMANCE DARK. Para maiores de 21 anos, contém cenas de violência, física e verbal.