CARLOTA CAPÍTULO 11.

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SEM CORREÇÃO, CONTÉM ERROS.

CARLOTA.


Procurava incansavelmente o pingo d'agua que ouvia constantemente, não encontrava, mas estava lá me atormentando, me punindo a cada segundo.
Levava minhas mãos aos ouvidos abafando o barulho irritate. -Me de forças senhor para aguentar e sobreviver toda essa provação.

Angustiada me sentei ao chão buscando me acalmar, lembranças boas e bonitas dos meus cachorros me visitaram a mente. Precisava me sentir em paz, querida de alguma forma. Fred: um vira lata de pelagem negra, patas brancas que adorava fazer buracos em locais proibidos, me deixava maluca. Como por exemplo: nos vasos frutíferos que eu amava, a pobre jabuticabeira era seu alvo preferido. Azeitona, sorriso e lágrimas se misturaram na minha face ao lembrar do pequeno vira lata que ronca igual um trator quando adormece.

O choro rompe minha garganta, estou ferida e humilhada como os animais que resgatei, a diferença era que eu e meus colaboradores lhe davam o que comer, o que beber e o mais importante, carinho, eu só recebo humilhação.

Sofia, uma Dálmata belíssima foi deixada na porta da ONG por ter ficado cega do olho esquerdo. A pobrezinha chorava inconsolável nas noites chuvosas de trovões poderosos. Moana um poodle pequenino tomado por sarna, se mijava toda quando alguém se aproximava, ela sentia tanto medo do ser humano que se urinava, um trauma profundo, que com o tempo e muito amor pode ser esquecido.

E eu, como irei esquecer de tudo que estão fazendo comigo. Os cães são animais indefesos, irracionais, que com o contato diário conseguem sentir a energia positiva de seus donos e familiares próximos. Passam a confiar distribuindo lambeijos demonstrando todo seu amor.

-Senhor, eu lhe rogo, olhe por mim, me veja, me ouça, me socorra, ajude-me a saber porque estou passando por esse sofrimento?

A porta do quarto é aberta e a enfermeira entra bruscamente me assustando, ela me procura sobre a cama, uma outra para sobre o batente da porta. Seus olhos me alcançam no canto. A enfermeira grosseira caminha em passos rápidos até mim, me puxa pelos ombros. Me levanto esperando o pior. Todas as vezes que ela se aproxima me humilha, diz que fui deixada para morrer neste lugar. 

Nunca me deixa sair, me chama o tempo todo de louquinha, o rapaz, o enfermeiro é mais gentil curou todos os meus ferimentos e dores no meu corpo, meu braço se curou, mas por dentro estou quebrada, ferida, e acho que não me curarei nunca.

-Vem louquinha. Ela me chamou, mas eu paralisei, finquei meus pés no chão circulando meus braços ao redor do meu corpo, tenho medo dela. -Está surda, além de esquizofrênica agora também é surda? Nunca fui fraca ou frágil, mas tudo que passei nos últimos meses me tem tirado tudo até minha coragem.

-Ela não está surda, apenas com medo de você. Disse a enfermeira que ficou parada na porta vindo até mim. -Carlota Maria. Levantei meus olhos para ela, a outra fez um ar de pouco caso.

-Não disse que ela não estava surda. - Quem se importa se esta surda, muda, cega. Ela era desprezível, a última jarra de água que deixou no quarto ela cuspiu dentro, me provocou dizendo:

-Vamos ver se sua mente está tão mal ao ponto de tomar essa água especial? Eu não respondi nada, me mantive em silêncio e quando ela saiu do quarto joguei a água dentro da privada, quando sentia sede bebia água da pia do banheiro. Quando a comida era trazida pelas mãos dela. Ela se sentava na cama e comia até o último grão que estava no prato, eu não conhecia o que era ódio, até me deparar com aquele monstro que me atormentou e esta mulher a minha frente. Oro e peço ao senhor que tire esse sentimento medonho de dentro do meu peito, me sufoca. 

O SABOR DO PECADO COMPLETA.Onde histórias criam vida. Descubra agora