O SABOR DO PECADO COMPLETA.

LEOPOLDO CAPÍTULO 55.

SEM CORREÇÃO CONTÉM ERROS.

LEOPOLDO CAPÍTULO 55.

UM ANO DEPOIS EM LONDRES.

Terminei de assistir à missa e fui ao confessionário, me sentei, fechei meus olhos e me pus a pensar, enquanto pensava ouvia a respiração do sacerdote do outro lado. Por muitas vezes eu vim e não consegui abrir minha boca. Eu tinha uma causa grande, e só aquele que foi pregado na crus tinha o poder de me ajudar.

 Me lembrei de quando Basílio, disse que um dia entraria na igreja suplicando por perdão. Eu buscava perdão e paz, havia me tornado um homem atormentado, cheio de fantasmas e de um amor não correspondido, esse amor estava me matando.

Hoje era um dia especial, era aniversário dos meus filhos, eu não estava lá, não suportava ver a mãe deles sendo cortejada, paparicada por aquele delegado.

Era domingo, entrei na casa para pegar meus filhos para ir a um passeio, não toquei a campanha simplesmente entrei, flagrei uma cena que nunca sumiu da minha mente. Ela estava linda e sorria abertamente feliz da vida para Molina. 

Aquilo me atingiu como uma facada, ela nunca sorriu daquela forma para mim, nunca ficou a vontade do meu lado, nem com as crianças por perto. Então voltei para trás não deixando que eles me vissem, percebi que remava sem destino, aquela manhã tomei uma decisão, eu sairia da vida deles para sempre, porque eu não me encaixava ali.

Tentei de tudo para mostrar a ela que era um novo homem, todas as tentativas falharam, ela não me dava a minima, o delegado preenchia meu lugar, ela era feliz ao seu lado, então os deixei em paz.

 A seis meses atrás meu pai me disse que ela foi pedida em casamento por Molina, diz que a única exigência dele era que eles se mudassem para a cidade numa casa nova. Fiquei arrebentado, morto de ciúmes, minha vontade era arrancar as bolas dele e dar aos cães. Fiz um pedido ao meu pai que não me contasse mais nada em relação a Carlota, só queria saber se meus filhos estavam bem.

- Filho ainda vai se confessar? Voltei a realidade com a vós do padre.

-Padre eu vivo e respiro pecado, eu tenho um amor não correspondido, ela vai se casar com outro. Tenho vontade de arrancar a cabeça dele e colocar em uma estaca.

-Tirando uma vida você peca contra o espirito santo. -A vontade é mais forte do que eu padre, eu não tenho salvação, quando morrer irei para o inferno. - Se arrepender do fundo da sua alma ainda tem salvação. -Não sou mais dono da minha alma padre, satanás já a tem. As coisas que fiz não me dão direito de ir para o céu, as correntes já foram lançadas nas minhas pernas e nos meus braços, os portões do inferno estão abertos os cães de satanás farejam meu cheiro.

Quando durmo escuto os latidos e o crepitar do fogo, o senhor da morte me ronda, mas ainda não é chegado a minha hora, eu sinto. Ando na minha casa como um fantasma, por toda a noite, inundado na escuridão, até as luzes me irão, é como uma prisão, um cárcere, me acostumando a viver só. 

-Ainda é um homem jovem refaça sua vida, dedique-se a ser feliz. - Padre, padre, eu perdi esse direito, essa palavra felicidade não se encaixa na vida que tenho, na pessoa que sou. Estou condenado a solidão, desprezado a própria sorte. 

-Não existe nada ou alguém que possa colocar um pouquinho de luz na tua vida? Lembrei dos meus pequenos filhos, mas Carlota não os permitiriam estar comigo sem a supervisão de outra pessoa. Decidi deixá-los em paz também, sai do confessionário sem esperar pela penitencia. 

Cruzei os corredores cheio de bancos, me aproximei do altar me ajoelhei e me joguei de braços abertos no chão, não rezei, não pedi nada porque não era digno de qualquer petição. Me levantei e quando me virei para sair dois pequeninos entraram correndo gritando papai, só deu tempo de me abaixar e segurar o impacto dos dois contra meu peito.

Fechei meus olhos, cheirei seus cabelos, beijei suas faces, abracei seus pequenos corpos, os apertei para senti-los, para saber se eram reais ou uma ilusão, meu coração retumbou dentro do meu peito. 

Abri meus olhos e olhei para porta, minha ex mulher estava lá parada nos observando, os peguei no colo e caminhei para a porta onde ela estava, a cada passo que eu dava a tocava com meu olhar, o toque foi correspondido, uma fagulha de esperança foi se instalando dentro do meu peito. 

Olhei suas mãos e não tinha aliança, seu olhar estava diferente, era brando e me queimava a pele, era limpo de rancor e me arrepiava os poros, eram cheios de ternura e me acalentava o coração. Brilhavam cheios de carinho e me abraçava a alma.

-Estou condenado a ama-la para sempre, mesmo que não seja correspondido!

-Estou condenada amá-lo mesmo com todos esses demônios que o aflige, não sei como será daqui para frente porque eu também tenho meus demônios, mas juntos poderemos procurar uma forma de ser um o farol do outro. 

FIM.