LEOPOLDO CAPÍTULO 57.

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SEM CORREÇÃO ONTÉM ERROS.

LEOPOLDO CAPÍTULO 57.

Eu havia surpreendido, na sua cabeça eu estava velando Ravena, liguei para casa da fábrica e uma das funcionárias disse que ela estava arrumando as malas das crianças para voltar ao Brasil. Me aprecei, ela não voaria sozinha, eu era escuro, minha alma rastejava na escuridão, vendo-a tão linda, poderia eu sonhar com um pouquinho da sua luz?

Ela irradiava tudo que eu não tinha, quando olhava para nossos filhos seus olhos irradiava felicidade, alegria poderia eu algum dia ter se quer uma faísca do que ela possuía? Eu tinha muito trabalho, teria que começar do zero, meus sentimentos borbulhavam em ansiedade, tinha ganas de agarrá-la, mas as recordações dos abusos cometidos com ela vinham, tudo se caia por terra. Me arrependo profundamente, eu hagia como um desgraçado vindo dos infernos.

Como se aproximar de alguém que fizeste tanto mal? Como lhe passar confiança se essa está sempre alerta? Como traze-la para caminhar a meu lado se não temos conexão, intimidade seus olhos revelam medo? Ela se ocupa a qualquer coisa não deixando brechas para que eu entre. 

Sei que não é culpa dela, eu mereço cada desprezo, cada olhar de rancor, de mágoa, eu dei a ela todo o mal que o ser humano era capaz de fazer. Ela não confia nem mesmo em deixar nossos filhos aos meus cuidados. A viagem havia sido tranquila, não demos se quer uma palavra, os meninos iam de um para o outro mostrando os brinquedos querendo brincar, mostrar as cores das peças de montar. Trocamos uns olhares, mas não passou disso, ela estava arredia.

Eu queria aqueles olhos escuros me olhando, e lá dentro daquelas irises me desejando, me querendo por perto e não me repelindo como estava acontecendo. Eu via dentro dos seus olhos o muro de mágoa era muito grande, muito alto. Se fosse para cima me esborracharia de qualquer forma, estava disposto a me arrebentar todo, aquele corpo ainda era meu, mas eu queria mais, eu queria o seu olhar, a sua alma.

Do aeroporto pegamos o helicóptero para fazenda, ajudei descer os meninos que correram para casa, o funcionário pegou as malas levando para dentro, fiquei por último eu mesmo carreguei minha bolça, minha casa não era perto, precisava de um carro para chegar até lá, morria por ela dizer que podia dormir na sua casa, mas o convite não veio.

Me saudou com um boa noite seco, como disse antes eu merecia. A noite foi uma das mais longas da minha vida, não preguei os olhos se quer um segundo, passei a noite inteira pensando em como conquistar aquela mulher.

Eu era um demônio, mas porque era um demônio não tenho direito de um raio de sol na minha vida? Eu fui um maldito, um infeliz, um desgraçado, mas quero ser resgatado, e só ela pode trazer uma fagulha de luz a minha vida escura. Meus filhos preenchem uma parte dentro de mim que me faz querer ser diferente, me faz querer ser melhor do que sou.

Preciso que ela veja que quero mudar, que quero ser melhor, que quero deixar o demônio fora das nossas vidas. Sei que estou condenado ao inferno, mas enquanto estou aqui em cima da terra vou lutar para ter um pouquinho de luz na minha estrada. A solidão é dura, triste, nos afoga sem pena se aproveitando das nossas lamentações, nos arrastando para o vazio.

Eu não quero o vazio, eu quero minha casa cheia de risos barulhos de bola batendo no piso, quero a casa iluminada cheia de vida, quero ter o direito de ter uma família. Desci para o café da manhã, enquanto comia uma torrada lembrei que tinha cavalos na fazenda. Corri até a baia antes que soltassem os animais no campo pedi que selassem dois animais mansos.

Eu não era nem um expert em montaria, mas dava pro gasto, quando criança lembro que montei algumas vezes com meu pai.  É eu tinha recuperado minhas memórias, e em muitas delas meu pai estava lá juntamente com Isla. Parei na frente da casa dela desci do cavalo e entrei na casa, a encontrei toda arrumada para sair, vi também o helicóptero no heliporto, ela estava indo para cidade.

Quando me viu levou um susto, ela estava de costas e eu a observava calado.

-Bom dia Carlota. -Bom dia Leopoldo as crianças ainda estão dormindo, devia ter avisado que viria tão cedo? Ela já estava com o muro levantado, não seria fácil, mas estava disposto a cada dia arrancar um tijolo. - Eu não vim pelas crianças, é claro que adoraria velas, mas agora eu vim por você. - Leopoldo eu es... - Eu sei que está de saída, mais Carlota, eu queria um instante com você, me dê um minuto do seu tempo, da sua vida, por favor!

Ela suspirou profundamente. -Tudo bem Leopoldo o que deseja? -Falando dessa forma eu desejo muitas coisas, mas hoje eu só quero fazer um passeio com você.

- Um passeio, que tipo de passeio? - Primeiro terá que retirar esse belo vestido e colocar uma roupa de cavalgar. -Cavalgar, não tenho roupas de cavalgar, não tenho tempo para isso.

-Só hoje, se eu fizer alguma coisa que não a agrada eu prometo não a procurar mais, a deixarei em paz. - Espere um momento. Ela correu até a vidraça puxou a cortina e viu os cavalos nos gramados. -Você é maluco tem dois animais enormes lá fora. - Um meu e um seu, agora se quiser dispensar o seu eu lhe ofereço minha garupa. Ela balançou a cabeça em negação me pediu para esperar, subiu as escadas correndo.

Sai da casa e fui esperá-la do lado de fora, me encostei na parede e lá fiquei até ela aparecer, vestia uma camisa branca calça jeans azul e uma bota marrom, estava maravilhosa, só faltou um chapéu, mas eu providenciaria para uma próxima vez.

Ela se aproximou sorrindo, eu tinha conseguido arrancar um sorriso dela mesmo que não fosse para mim. -São lindos, eu nunca montei, irei precisar de ajuda. Ainda era bem cedo a grama cheirava a orvalho o sol estava preguiçoso me aproximei mandei segurar na sela colocar o pé esquerdo no estribo, na primeira tentativa ela conseguiu montar. Montei o meu e saímos a cavalgar na fazenda.

Fomos cavalgar entre os carreadores do cafezal, uma parte do cafezal estava florindo, ela parecia gostar muito do que via. Cavalgávamos devagar sentindo e ouvindo o barulho do vento e dos pássaros, não me recordava de nada igual àquela experiencia que vivia ali, do lado dela. Ela saboreava e degustava cada momento, cada segundo, eu ficava por trás só a admirando e me martirizando por tanto tempo perdido.

Do nada ela me pediu para descer, primeiro desmontei e fui até ela, quando a ajudei descer seu corpo roçou no meu, me deixando todo arrepiado, ela fingiu não ter sentido nada e correu pro meio do cafezal indo até um pé de mamão no meio da plantação, não era só aquele olhando bem tinha vários pés.

Mas com frutos maduros só aquele, havia mais de seis no pé um estava bicado pelos pássaros outros dois estavam perfeitos, ela só pegou um, eu achei que ela levaria para casa. De repente abriu o fruto em duas partes com as próprias mãos levando uma parte na boca. Ofereceu a outra parte para mim neguei, ela insistiu.

-Quase não tem semente, está docinho, prova! Me estendeu o fruto quase empurrando dentro da minha boca. - O que eu ganho se comer a minha parte? Ela lambeu os lábios molhados do fruto e disse: -Não tenho nada para oferecer, a não ser a minha parte do mamão.

-Não se faça de desentendida, sabe muito bem que quero sua boca, se me der sua boca eu como o que me oferecer.

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