CARLOTA CAPÍTULO 31.

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SEM CORREÇÃO CONTÉM ERROS.

CARLOTA CAPÍTULO 31.

Ele era baixo; a criatura mais baixa e vil que tive o desprazer de conhecer.  Mente doente capaz das piores atrocidades. Brincando e perturbando a mente do mais fraco. Eu estava condenada desde o primeiro segundo que ele me encontrou, que me sequestrou.

-Esposa, porque demorou tanto? Cheguei a pensar que desistiria da sua exploração? Olha, veja como os cães estão ótimos. Apesar do deboche explicito em sua fala, pareciam estar sendo bem tratados, não aparentava desnutrição nem maus tratos. 

Eu queria tocá-los, senti-los, mas o outro animal enfurecido do outro lado estava me deixando com um incômodo no estomago. Até frio na espinha eu estava sentindo, o olhava lá de baixo louca para saber o que pretendia. Seu olhar cheio de arrogância e uma soberba insuportável, era palpável.

-Gosta de animais, é ávida com todos?! Eu os amava, me condoía velos sofrendo, ele já sabia a resposta, então porque a pergunta? O porco enorme continuava investindo contra a cerca, eu o ouvia e me concentrava no bicho que não estava tão longe. Temia o mesmo romper a cerca e vir contra mim.

-Gosta de animais ferozes esposa? Apenas de observar de longe, em um zoo por exemplo. Não o respondendo ele refez a pergunta. O diabo astuto podia ver o pavor na minha face, eu era ridícula, tão transparente que se ele gritasse boo, eu me mijaria toda.

O portão por onde entrei se abriu e a loira e o rapaz que me visitaram no quarto foram jogados para dentro quase nos meus pés. Tinha sangue sobre suas cabeças, o cheiro enlouquecia os bichos. Quis me aproximar para ajudar a loira, dar a mão para que se levantasse, não pude nem a tocar. O diabo ardiloso gritou, não, seu não foi o suficiente para me assustar. 

-Porque está fazendo isso, são pessoas seres humanos, que jogo doentio é esse?

-Minha cadelinha tem cérebro, tudo se trata de um jogo, as nossas vidas é um jogo, esse é o ponto esposa.

-Você é louco, isso tudo é um pesadelo! -Não esposa, é real, somos partes um do outro agora. E você vai fazer exatamente o que eu mandar se não fazer, os dois samaritanos pagarão a conta. 

Os olhei jurando, dizendo aos dois que não tinha dito nada a ele que tentaram me ajudar. Eles não me miravam estavam amedrontados.

-Tenho olhos e ouvidos em todas as partes esposa, acha que preciso que me digam alguma coisa? Simplesmente soltei a corda e os dois se enforcaram. Silvia foi contratada para ficar aos seus serviços, ser seu serviçal, e não para ser empática. Além de não se conformar somente com um erro ela cometeu dois, o segundo sendo o mais grave, levou um funcionário de fora da casa para os seus aposentos. Mauro também estava consciente que a casa era território proibido.

-O que quer, o que pretende com toda essa cena de horror, diga!? Não sente dor, remorso te ver as pessoas sofrendo, agonizando. Gritei num gesto desesperado, cansada de tudo aquilo, querendo um fim para todo aquele mal.

O olhei e ele estava impassível, não demonstrava emoção alguma, não se perturbava com o sangue, latidos, rosnados, meus gritos, os murmúrios de dor, nada. Então com uma frieza descomunal vociferou.

-Você irá entrar na jaula do javali passará por ele, sua linha de chegada é aquele portão amarelo do outro lado. Seu prêmio é a vida desses dois trastes, e a sua. Descrente com o que acabara de ouvir murmurei.

-Quando vou acordar desse pesadelo, quando? - Agora Carlota, tenho compromisso essa noite, escale a porra da grade do Javali e atravesse agora. Um tiro foi disparado, gritei cheia de medo levando as mãos nos ouvidos.

O animal se agitou feroz, o estampido da arma também o incomodara. O diabo esperava meu movimento, olhei para os dois no chão, meus cães, o bicho a minha frente, mirei mais uma vez o diabo no alto da torre, seus olhos brilhavam perversidade, maldade e covardia sem explicação. 

Limpei meu rosto, sem saída, somente meu Deus para recorrer. -Senhor, livrai me dessa potestade maligna! Pedi alto, queria que ele ouvisse meu pedido, que por mais que ele me amedrontasse, que me machucasse, me deixasse apenas num suspiro de vida ele não tocaria na minha fé.

Me aproximei do cercado, o animal grande e feroz seguia meus movimentos, suspirei fundo segurei na grade e me pus a escalar. O bicho cabeceou e eu quase cai, levantei meus olhos não encontrando o maldito na torre.

Eu não tinha tempo e nem estrutura para pensar ou buscar onde estava, o animal barulhento de dentes enormes estava perto. Se pulasse no chão de cascalho não teria tempo de correr até o outro lado, num lampejo vindo do céu me lembrei dos chocolates no meu bolso.

Se ele fosse tão suscetível a ruídos e movimentos eu teria apenas duas chances, pois só tinha dois bombons, enfiei a mão no bolso retirei os, joguei o primeiro pulando no chão em seguida. Não olhei para trás, joguei o outro meus pés batiam no meu bumbum de tanto que eu corria.

Alcancei meu destino sem forças e folego, ouvi outro disparo e o som de algo sendo abatido.

-Achou mesmo que eu deixaria aquele bicho feio matar você, ou comer sua carne gostosa? Estava tão apavorada, tão desesperada para me salvar que não vi quando chegou até mim na porta amarela. Seus braços estavam enrolados no meu corpo igual uma cobra.

Levei meus olhos nos seus, minha face estava fogo puro, banhado por lágrimas, seu olhar sua expressão estava indecifrável. Ele havia jogado com minha vida mais uma vez, eu era uma peça para sua mente louca.

-Jamais pensei que me surpreenderia esposa, sua jogada foi inteligente. Segurou meu queixo e sem tirar os olhos do meu me beijou. Não o beijei, sentia raiva, ódio, ele me levantou nos seus braços e me carregou. Por cima dos seus ombros avistei o animal enorme caído ao chão.

Não fiz nem um tipo de movimento para que me soltasse, estava exausta, o demônio era falso, perigoso, sem saber explicar ou raciocinar sobre certo ou errado. Meu corpo se acomodou em seus braços, minha cabeça descansou em seu peito.

-Descanse precisará de todas as suas forças essa noite. Suas palavras foram apenas sussurros aos meus ouvidos, eu só queria dormir e quando acordasse tudo que vivi com aquele homem fosse pesadelo de uma noite ruim.

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