05| Entregue ao Lobo

7.6K 527 60
                                    


   A caminhada durou uma eternidade, e ainda sim, muito rápido para meu gosto. Me entregando nos braços de Kaanadan, meu pai me deu um sério olhar, enquanto Kaanadan não parecia muito diferente do que eu já tinha visto. Sério e sem nenhuma emoção no rosto.

   O padre cumprimentou todos, antes de enfim começar a celebração. Os convidados se sentaram. Todos os cento e poucos convidados se silenciaram.

   A cada palavra meu coração acelerava como nunca. Agradecia pelo véu em meu rosto, que tampava as várias vezes que eu sentia meu rosto corar. Eu também tremia, e desejava muito que Kaanadan não percebesse o tão desconfortável é estar onde estamos.

   A cerimônia é longa e demorada, me fazendo pensar em várias coisas que ainda pretendo fazer, me dando um certo alívio por talvez conseguir isso fora de casa, mas me dando um grande desconforto ao perceber que grande parte pode ser ilusão, e Kaanadan seja bem pior do que eu imagino que seja.

   As primeiras orações começavam e eu respirava fundo, sentindo o vestido me sufocar. E quando o padre terminou o evangelho, eu mal conseguia firmar minhas pernas. O que me sustentava com certeza era Kaanadan me segurando. Além da minha boa vontade de ser forte. Eu tinha que ser...

   O rito do casamento foi anunciado. Todos os convidados se levantaram, me deixando ainda mais tensa.

   — Aos noivos. — O padre se dirigiu a nós. — É com livre e espontânea vontade que estão aqui para se entregarem um ao outro em matrimônio? Irão se amar e honrar um ao outro como marido e mulher até que a morte os separe?

   Sempre me senti mal em mentir diretamente em um lugar sagrado. Era pecado. Mas todo esse lugar exalava o que tem de pior no mundo. Quase posso sentir o cheiro de sangue que exala das mãos de cada grande homem que se pousam nas cadeira de padrinhos. E os que estão ao redor.

   — Sim. — Com a voz firme e bem conhecida, Kaanadan respondeu primeiro, não hesitando em continuar a sua postura autoritária.

   — Sim. — Digo. Agradeço por sair firme.

   — Sendo intenção de ambos contraírem o matrimônio, juntem suas mãos e declarem seu compromisso diante de Deus e da Igreja. 

   Me virei para Kaanadan e ele para mim, seguramos na mão um do outro e eu tinha certeza que minhas pernas não ia me sustentar mais. Respirei fundo, antes de a voz de Kaanadan soar por todo o local.

   — Eu, Kaanadan Salvatore, aceito você, Celeste Savoia, como minha legítima esposa. Prometo amar-te e respeitar-te na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, por todos os dias da minha vida, até que a morte nos separe.

   — Eu, Celeste... — Engoli em seco. — Savoia, aceito você, Kaanadan Salvatore, como meu legítimo esposo. Prometo amar-te e respeitar-te na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, por todos os dias da minha vida, até que a morte no separe.

   A mentira saiu amargo em minha boca. Um grande homem de cada organização se levantou, e isso me fez ficar mais tensa. Um era meu pai, o outro era o tio de Kaanadan, o mais próximo da figura paterna do mesmo. Ambos seguraram nossas mãos e eu sabia o que viria.

   Respirei fundo e senti meu pai apertar um pouco mais minha mão.

   — Eu Celeste, prometo a você, Kaanadan. — O olho e sinto que vou desmaiar. — Entrarei com vida e só sairei na morte...

   Kaanadan me olhou nos olhos e eu me senti gelar.

   — Eu Kaanadan, prometo a você, Celeste. Entrarei com vida e só sairei na morte...

PELA HONRA E PODER #LIVRO 1| TRILOGIA SAVOIAOnde histórias criam vida. Descubra agora