Mal chegamos em Washington e Kaanadan recebeu uma ligação de que meu pai já estaria nos esperando. Kaanadan me explicou que tudo seria em sua casa, e que meu pai já está nos esperando lá dentro. O que não ajudou a me manter calma.
Em toda viagem, me peguei rezando para que a consequência da minha tentativa de fuga não se vire para Celina, que mal começou o processo para entrar em uma faculdade e por minha culpa pode nem sequer prosseguir. Sim, errei em ocultá-la o verdadeiro motivo que papai deixou ela fazer a prova seletiva, o verdadeiro motivo que ele a liberou para fazer uma graduação e não se casar logo cedo por algo relacionado a máfia. O verdadeiro motivo dela está seguindo um caminho diferente de todos nós sem ao menos ter que ser escondido da maioria. Mas dependendo da situação... ela pode descobrir.
Tiro isso da cabeça no momento que o carro para em frente ao prédio. Saio do automóvel rapidamente, hesitando seguir em frente quando vi ao lado, o carro do meu pai. Kaanadan, que seguia, parou e me olhou confuso. Senti minha barriga gelar e logo segui.
No elevador, eu me sentia cada vez mais tensa, o que me conhecendo, pode virar sinal visível de medo. O que não pode acontecer quando eu tiver cara a cara com Santiago Savoia.
— Pode demorar um pouco? — Minha voz quase sai em um sussurro, quando Kaanadan vai levar o cartão de entrada. Seu olhar vem até mim e eu respiro fundo. — É que eu não... não estou preparada ainda para brigar com meu pai.
— Acho que deveria pensar nisso antes. — Diz secamente e eu o encaro surpresa, talvez indignada.
— E acha que não? — O fitei desesperada talvez. — Eu pensei, mas acreditei que estaria longe nesse momento. — Digo frustrada. — E você não o conhece como eu. E sabe de uma coisa? — Kaanadan me encara. — Você também deveria tomar cuidado com ele... acho ridículo que meu pai, um homem sem escrúpulos algum, aceite trabalhar em conjunto com o maior rival dele. Ele já matou seu pai, não é? Quem seria você?
Pelo silêncio de Kaanadan eu percebo as palavras rudes e insensíveis que saiu de minha boca. Bom, ele foi frio mas eu não sei o que ele sentia pelo o pai. Não deveria tocar nisso.
— Me desculpe. — Digo. — Estou tensa.
Kaanadan desvia o olhar de mim e abre a porta do elevador, mas antes sua voz soa baixa:
— Apenas fique calada e aceite as consequências. Santiago pode ser seu pai, mas aqui ele vai estar como Capo. — Seu olhar vem até mim. — E ele está no meu território.
Concordo, mesmo sabendo que minha língua as vezes não é tão obediente.
A porta se abre e puxo o ar, soltando assim que antes mesmo de eu adentrar realmente na casa, tenho os braços de Celina em torno de mim. Sou pega de surpresa, mas retribuo, vendo pela sala, Gina, meu pai, Túlio, Gregório e Júlio. Ambos me encarando.
— Está bem? — Celina pergunta me olhando e concordo.
— Está sim.
Seguimos juntas e abracadas para dentro, vendo Túlio me olhar e custar se segurar para se manter ao lado de Gregório. Nem faz tanto tempo que saí de casa, mas meu irmão mais novo parece que cresceu em uma rapidez avassaladora. Dou-lhe um leve sorriso e ele faz o mesmo, desviando logo em seguida os olhos claros — idênticos aos de Gina — de mim.
— Acho que devemos entrar, Kaanadan. — Meu pai diz, e logo caminha em minha direção.
Santiago estende a mão e eu hesito. Vejo o mesmo me encarar e olho Gina, que com um olhar, me insinua a não teimar com o mais velho. Volto a olhar para o homem grisalho e seguro sua mão, dando um beijo nas costas da mesma.
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PELA HONRA E PODER #LIVRO 1| TRILOGIA SAVOIA
RomanceNascida em uma das principais máfias brasileiras, Celeste Brandão luta para fugir do destino que a aguarda. Porém, aos dezesseis anos, a mesma foi a escolhida para ser a aliança que uniria duas maiores máfias americanas, em uma luta de honra e poder...