90| O Ataque começa...

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   Acordei em meio a madrugada, sentindo meu corpo exausto de rolar tantas vezes na cama a procura de um bom sono e receber em troca apenas leves cochilos. Kaanadan dormia tranquilamente, enquanto eu, só conseguia encarar o teto.

   Me levantei, arrastando-me pelo lençol até que meus pés encontrassem o chão frio. Assim que me ergui da cama e caminhei em direção a saída do quarto, passei a mão pelo meu cabelo e respirei fundo.

   Bem, não que eu não saiba o que me faz perder o sono, mas devo admitir que Gabriel está realmente me assustando. Eu poderia ser caçada por qualquer mafioso, qualquer maldito filho da máfia que me odiasse tanto quanto meu pai, mas Gabriel? Como assim ele se tornou isso? E que maldição... por breves segundos naquele galpão, eu poderia jurar que o antigo Gabriel ainda estava vivo dentro de si...

   Me sentei no sofá sem encosto que estava junto da gigante parede de vidro que ilumina a mini sala, olhando a cidade iluminada e incrivelmente bela ao ser vista de alto. Puxei minhas pernas para meu tronco e pousei meu queixo sobre os joelhos, encarando as luzes que interferiam no quarto de hotel.

    Me pergunto o que mais pode acontecer, já que de um desaparecimento estranho de Gabriel, ele conseguiu moldar uma desgraça em nossas costas. O que mais ele pode fazer em tão pouco tempo? Ou melhor, o que mais ele planejou por todos esses anos onde era reconhecido como "morto"?

   Inimigos... traidores... guerra... Como ele conseguiu tudo isso?

   — Insônia? 

   A voz de Kaanadan soou pelo silêncio da sala e virei meu rosto para vê-lo.

   — Achei que estava dormindo. — Admiti, vendo-o se aproximar.

   — Não tenho sono pesado quando estou em clima de perigo. Escutei você se levantar.

   Kaanadan se senta atrás de mim, e logo deito minha cabeça em seu peitoral. Seus braços se fecham em minha barriga e suspiro.

   — Gabriel, suponho... — A voz de Kaanadan é certeira, o que também revela seu desgosto.

   — Não entendo como nunca desconfiei desse lado dele. — Desabafo. — Foram anos, Kaan. Anos e eu não notei sequer uma faísca da crueldade que ele tinha dentro de si. Aí eu me pergunto: se ele consegue mover céus e terras de forma tão rápida e sombria, o que ele realmente pode fazer com a gente?

   Kaanadan respira fundo. — Nada. Nada porque vamos dar um jeito de reverter as coisas.

   O encaro. Não é possível que ele ainda não tenha visto o que realmente está acontecendo e as proporções que essa guerra pode e vai chegar.

   — Kaanadan. — Me olha de volta. — Ele está no controle de tudo. Ele é exato em tudo.

   — Mas todos que são altos demais possuem uma peça que ao retirar, caem sem chances de subir novamente. — Afirma. — Todo mundo tem um ponto fraco, Celeste. A gente só precisa descobrir qual é a dele. — Me olha sério. — E vamos fazer isso.

   Me encolho. — Seria tão mais fácil se fôssemos pessoas normais. Sem uma máfia nas costas. Sem crimes. Sem ter que matar para viver...

   — Mas não somos.  — Diz seco.

   Me afasto e me viro para si, tendo total visão de si. Kaanadan me olha sério, claramente pelo assunto ou pelo o que eu disse. Sei que isso o irrita mais do que o normal, mas de certa forma, não pode negar que o que estamos passando, no outro mundo, nunca passaríamos.

   — Antes que venha com essa conversa, já fica ciente de que eu não vou concordar. — Diz friamente, negando rispidamente o que eu nem cheguei a comentar.

PELA HONRA E PODER #LIVRO 1| TRILOGIA SAVOIAOnde histórias criam vida. Descubra agora