— Não sei o que pensa, mas com certeza não percebe a minha realidade nesse momento. — Digo pela vídeo chamada com Victório.
Desde que o assunto sobre a desconfiança em Fiore reinou, eu percebi que estava em um momento para ter que anunciar ao meu tio. Esperei Kaanadan sair, para então iniciar a ligação. Em português, fica claro que nem Damiano, nem Scott vão escutar. Ou entender. Os dois também estão cansados demais para focar em mim e não em seus cortes e pontos.
Arrumo-me na cama do quarto, onde estou nesse momento.
— Celeste, isso não é assunto para chamadas. Tem que ser pessoalmente — Diz seriamente, me fazendo bufar.
Esse plano de me querer no Brasil novamente me faz ter a certeza de que vai complicar mais minha vida do que ajustá-la. Seria bom em partes, mas a outra seria terrível. Não posso arriscar.
— Acha que Kaanadan vai deixar? Tio, a gente sabe que não. É melhor dar um jeito de vir, porque duvido muito que eu saia.
— Jogue a culpa no aniversário da sua irmã. É daqui uma semana. Dia perfeito.
Coço meu pescoço e nego. — Celina quer vir para cá. Liguei esses dias e ela me pediu isso.
Confuso, já imagino sua pergunta. — Kaanadan deixou?
— Bom, ele ainda não sabe. — Nos olhamos por um tempo e eu decido cortar o silêncio. — Bom, vem com ela. Pronto! Papai não quis que ela viesse sozinha e deixou o homem de confiança dele vir para acompanhá-la na viagem. Aposto que ninguém vai perceber a mentira.
— Celeste, você nem sabe se Kaanadan vai aceitar isso.
— Ele vai.
Suspira e então assente. — Vou esperar a confirmação sua. Por favor, que essa história com Fiore não saia para mais ninguém.
— Está bem.
Desligamos e então me levanto, ouvindo meu celular apitar. Estico meu braço para pegá-lo na mesinha ao lado da cama e assim que olho a tela, vejo uma mensagem de Kaanadan:
"Te buscarei as onze. Em ponto."
Kaanadan e sua grande mania de saber me pedir algo. Respondo com um simples "O.K" e então deixo o notebook em uma mesa média no canto do quarto, olhando o relógio logo em seguida. 9h02. Suspiro e vou até a cozinha.
Scott e Damiano estão até que menos feridos que Kaanadan. O loiro, está com um corte no pescoço e suponho que o braço foi ferido, já que sempre o toca quando movimenta-o. Já o alto moreno, anda com um certo mancado, o que suponho uma ferimento na perna.
— Deseja algo? — Scott pergunta e então se levanta do banco alto, próximo ao balcão americano.
— Quero saber o motivo de vocês estarem aqui mesmo machucados. — Digo e faço sinal para que ele volte a se sentar.
Ele o faz.
— O mesmo motivo que Kaanadan com mil cortes e furos, ainda foi trabalhar. — Damiano responde e se levanta. Mas logo bufa. — Com essa perna dolorida, eu tenho certeza que não consigo correr nem meio quilômetro. — Diz baixo, mas não o bastante para que passa despercebido por mim.
— Mais um motivo para não estarem como guarda-costas. — Digo e alterno meu olhar nos dois. — Daqui duas horas Kaanadan vem me buscar, por que não voltam para casa?
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PELA HONRA E PODER #LIVRO 1| TRILOGIA SAVOIA
RomanceNascida em uma das principais máfias brasileiras, Celeste Brandão luta para fugir do destino que a aguarda. Porém, aos dezesseis anos, a mesma foi a escolhida para ser a aliança que uniria duas maiores máfias americanas, em uma luta de honra e poder...