76| Destruição e salvação

3.3K 255 82
                                    


   KAANADAN SALVATORE


   Volto à escadaria da boate, notando o olhar embriagado dos Capos em direção as estripes, ao mesmo tempo que alguns fora desse olhar ainda consegue ser pior devido a cocaína. Parecem tão descontrolados que eu tenho certeza que se eu pedisse a eles a suas próprias organizações, eles me dariam sem restrições.

   Enfim a reunião tinha acabado.

   Padrinho Giovanni está em um telefonema na primeira ala, e quando volto meu olhar para pista, a procura do óbvio motivo que me deixa enfurecido, noto Celeste dançando com um grupo de meninas, ainda próximo do grande sofá, ainda com aqueles caras próximos demais para o meu gosto. Se minha fúria conseguia me deixar a par de um surto, o que eu estou sentindo neste exato momento conseguia ser bem maior. Apertei minha mão e inspirei fundo.

   — Figlio...

    A voz de meu padrinho soou atrás de mim e me virei para si.

   O mesmo guardava o celular no bolso interno do paletó, vindo em seguida em minha direção.

   — Terei que ir para sua casa... — Diz em italiano. — Não quer me acompanhar? Duvido muito que sua esposa vá cedo.

   Olhamos para a pista e suspiro, balançando minha cabeça e voltando ao mais velho.

   — Pode ir, peça que um dos soldados o acompanhe... Irei ficar.

   O mesmo ri claramente da minha cara. — Realmente é um obcecado por proteção, não é?

   — Só faço o que tenho que fazer para manter todos bem. — Digo sério.

   — Ela não parece precisar de tamanha proteção...

   — Acredite, eu sei disso. — Não digo em tamanho gosto. — Mas fico mais tranquilo tendo a certeza que ela não corre risco de um acidente.

   O mesmo ri e então toca meu ombro em despedida, logo se retirando. No instante que desce a escadaria, um garçom sobe com uma bandeja de bebidas; assim que se aproximou, peguei um copo de whisky claramente forte e dei um gole, me dirigindo ao sofá isolado no fundo da primeira ala.

   Olho o relógio de pulso e suspiro... ainda está cedo. Bebo mais um pouco e retiro meu paletó, me jogando enfim na encosto do sofá e abrindo a barra da manga da camisa e puxando-as para cima. 

    Na espera de que o tempo passe, a bebida lentamente foi se tornando minha companheira. Um copo ia e como se me marcasse, outro garçom se aproximava com mais um; repetindo a ordem um atrás do outro. Logo a sala que ocupava os chefes de organizações, estava cheio de gente e, para inundar mais, novas pessoas iam enchendo a ala onde eu estava. A área VIP estava lotada de convidados e "funcionárias" se poderia ser chamadas assim, as mulheres seminuas em cada mesa ocupadas por homens... e algumas mulheres.

   Me levantei na primeira sacada e cochicho que vi de um trio dessas funcionárias no canto do sofá. Caminhei em direção ao térreo, a fim também de pegar mais uma bebida; a minha tinha acabado e eu mal notei.

   Próximo ao fim da escadaria, a música parecia bem mais alta em meio ao mar de pessoas dançantes de um lado para o outro, praticamente me jogando entre um grupo e outro. As luzes alternadas e neons, era a única coisa que iluminava o breu da grande casa noturna, revelando grupos em danças animadas, ou sensuais, ou pessoas que apenas bebiam ou conversavam, ou que apenas estavam ali... como os soldados de Santiago; como a mim. Batidas fortes da música tremia até o chão, fazendo que fosse o único som possível de ouvir, eu me desviava como podia, chegando enfim ao bar central e me fixando no balcão. 

PELA HONRA E PODER #LIVRO 1| TRILOGIA SAVOIAOnde histórias criam vida. Descubra agora