PELA HONRA E PODER #LIVRO 1| TRILOGIA SAVOIA

24| O Karma

   Com a bebida na veia, meu receio e minha timidez somem do meu corpo. Por horas minha cabeça apenas acompanha a música, meu quadril o ritmo, minhas mãos meu corpo, e sou modelada de várias formas enquanto a música toca.

   Novamente olho para área VIP. Kaanadan me fita sério, tão sério que meu corpo se arrepia com seu olhar brutal. Não nego que fica sexy quando está assim. Mais ainda quando é por algo que eu reforço a insistir em fazer.

   Me viro para o mesmo e continuo a dançar, deslizando minhas mãos pelo meu corpo e cravando meus olhos na direção dos seus lá em cima. Danço para ele, e ele sabe disso. Fico de costas e continuo meus movimentos, me perdendo do foco quando encontro seu olhar assim que o fito. Acendendo mais meu desejo de vingança.

   Não tenho um corpo exuberante. Tenho seios até que fartos em relação ao meu corpo, e um quadril um pouco largo. Nada demais porém decentes para conseguir o que quero.

   Olho para Marga e a vejo se divertindo com Silvério, que se aproximou seriamente da mesma. Aposto que pelos olhares que outros homens deixam cair nela. Aproveitando que a mesma está acompanhada, volto minha atenção para o alto de olhar ardente, porém quando me viro, o mesmo já não está ali.

   Onde ele está? Será que está vindo? Será que foi embora?

   Olho ao redor e nenhum sinal do mesmo me vem. Decido ir em direção ao espaço VIP, passando entre pessoas que não paravam de dançar um só segundo.

   Não sou interrompida. Algo bom desse mundo quando você acaba sendo alguém de título buscado. Sigo para cima e jogo meu cabelo para trás dos ombros, focando na mesa vazia que antes estava preenchida por Kaanadan.

   Será onde ele está?

   Olho ao redor e encontro um corredor iluminado na cor rosa neon. Sigo naquela direção, encontrando várias portas. Algumas de vidro, deixando ver tudo que acontece lá dentro. Por isso logo tiro meu olhar de uma, ao ver um homem nu com duas mulheres.

   Apresso meus passos.

   Longe e no final do corredor, o rosa sumiu e o breu inundaria se não fosse uma pequena brecha na porta, iluminada normalmente. Me aproximo e espio discretamente, vendo Kaanadan sentado em uma poltrona no canto da sala. O alto está com as pernas estiradas para frente, uma de suas mãos batem os dedos no copo de bebida, e o outro braço está estirado sobre seus olhos.

   Entro de fininho, fechando a porta por completo com o mínimo barulho possível. Me viro para Kaanadan e consigo ver sua ereção visível na calça. Suponho que esteja tentando acalmá-lo com outros pensamentos.

   — Sei que está aí, Celeste. — Diz com a voz grave. O que me excita e ao mesmo tempo me alegra.

    Sem conter o humor em minha voz, o provoco. — Se isolando? Logo em uma festa?

   — Não ache que isso é por você. — Fala seriamente, porém mordo meu lábio inferior para conter um riso.

   — Bom, eu tenho certeza que sim.

   O mesmo tira o braço dos seus olhos e então vira a cabeça para mim. Seus olhos azulados estão intensos, me fitando de uma forma que arrepia todo meu corpo.

   Mas meus hormônios terão que se controlar dessa vez.

   — Por que tem tanta certeza?

   — Porque seus olhos não conseguem mentir dessa vez. Nem sequer disfarçam quando me olha.

   O mesmo solta um riso anasalado. — Acredite, se eu quisesse, eu já tinha te procurado.

   E era isso que eu precisava ouvir.