10| Cigana

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KAANADAN SALVATORE


Três anos atrás...


   — Você não tinha que agir assim. — Fiore me repreende enquanto caminhamos em direção ao carro.

   — Assim como? Com realismo? — Pergunto sem encará-lo. — Eu sei o que faço, Fiore.

   — Ameaçar a organização é quase que um crime mafioso! É a mesma coisa de pedir guerra, Kaanadan! 

   — O que quer que eu faça? — O encaro enquanto abro a porta dos fundo do carro. — Voltar lá e pedir desculpas? Já está feito.

   Entramos e escutei o suspiro do mais velho.

   Meu corpo está exausto. Depois de horas em negociação, eu tive certeza que minha paciência chegando ao limite causaria um estrago. E causou, me fazendo alterar com Cláudio, o capo da organização de Chicago.

   Deito minha cabeça no banco e fecho meus olhos. Minha cabeça está para explodir, mas o que vem em minha cabeça são aqueles olhos. Os olhos daquela mulher que sempre aparece em minha cabeça. As vezes acho que Scott está certo: estou ficando louco. É a única explicação para poder sonhar com um rosto que nunca sei de quem é, pior é saber que nem é um rosto completo, eu apenas vejo seus olhos e sua boca. Seus olhos é como um mar calmo e intenso, enquanto sua boca soa um som leve e um sorriso angelical.

   Mais ela não existe.

   Abro os olhos quando nos aproximamos do aeroporto. Saio do carro ao lado de Fiore e vejo Scott nos esperar ao lado da escadaria do avião. Enquanto caminhamos, uma velha e baixa mulher me para do nada, pegando minha mão e a virando para cima.

   — Posso ler sua mão? — A mais velha pergunta com um olhar dócil.

   Estou apressado e minha cabeça está com tudo, menos com paciência para algo do tipo.

   — Não acredito nessas coisas, me desculpe. — Digo e tento seguir, mas a mesma me segura firme. Respiro fundo para não bufar e volto a olhar a mulher.

   — Se não acredita não tem o que temer. — A mesma diz e ri roucamente. — Não irei cobrar.

   Respiro fundo novamente e concordo.

  A mesma passa a mão pela minha e desenha com seu dedo indicador traços já existentes em minha mão. A mesma sorri e assente como se vesse algo bom.

   — Sua redenção. — A mulher diz e me olha. — Aqui mostra muito triunfo, mas também dificuldades a se enfrentar. — Continuo a olhá-la. A mesma volta a olhar minha mão. — Uma moça... uuu, sim, uma bela moça. É ela que vai ser sua salvação ou sua destruição. Uma moça que você já conhece.

   Minha cabeça voa para a criança com quem Fiore me obrigou a noivar. Uma criança que claramente me vê como um monstro, e que agora deve me odiar. Além do fato de ser a filha do maldito que matou meu pai. Celeste Savoia. Sinceramente não estava nos meus planos me noivar com uma menina de dezesseis anos. Para mim isso estava fora de questão. Bom, até ter aquele primeiro ataque e muitos dos meus homens morrerem.

PELA HONRA E PODER #LIVRO 1| TRILOGIA SAVOIAOnde histórias criam vida. Descubra agora