A noite tinha passado como um flash, mas admito que muitas coisas tinha acontecido; e outras que eu espero que aconteça... Sim, eu tinha dado mais um voto de confiança a palavra de Kaanadan, mas não nego que mesmo o ouvindo, ainda sinto uma desconfiança.
E com razão. Penso comigo mesma.
O dia começava a amanhecer, o sol ainda estava escondido no horizonte, mas sua breve luz já radiava no céu. Em meio a isso, cá estava eu, olhando o grande e tenebroso Cavaleiro da Morte, que enquanto dorme calmamente, parece nada além do que um ser inofensivo. Seu forte braço enlaçava meu quadril, sua cabeleira estava bagunçado para trás e sua respiração calma e profunda, anunciava um intenso sono. Ao contrário de mim, que mal consegui pregar os olhos essa noite.
Minha cabeça borbulha mil coisas desde ontem. Primeiro o incidente com Kaanadan e meu pai, depois — não muito tempo depois —, a ligação do mais velho para mim; o motivo de eu ir a casa noturna.
Por algum motivo desconhecido, meu pai queria por que queria uma grande quantidade de armamentos militares, o que claramente se destaca pelo tráfico ilegal que chega para o morro. Sim, esse era o motivo de minha presença naquela noite; conseguir descobrir a localização do passe de compras e recebidos dos armamentos dos traficantes locais do Rio.
Se descobrir? É claro que sim, e nesse momento minha cabeça pode estar — ou não — na mira do dono do morro. Mas algo me acalma... não será a primeira vez.
E meu pai sabe disso...
Me jogo de volta na cama e passo a mão por meu rosto.
— Não são nem oito horas da manhã e você já está estressada?
Escuto a voz rouca e sonolenta de Kaanadan e viro meu rosto para o mesmo. Seus olhos semicerrados, me fitam com atenção, enquanto decido me virar para o mesmo.
— Me desculpe por te acordar... — Digo e o mesmo balança a cabeça em negação.
— Já está na minha hora. Acordei naturalmente. — Diz e então, aproveitando o braço sobre minha cintura, me puxa para si. — Agora me diz, o que está havendo?
— Acho que fiz merda, mas o pior de tudo é que foi jogando em uma hipótese. — Kaanadan franze as sobrancelhas, confuso por minha fala. Suspiro e passo minha mão para sua nuca. — O que foi fazer com os aliados e com papai, ontem?
Temo que não fale, mas me olhando por alguns segundos, Kaanadan me responde:
— Estamos planejando uma forma rápida de encerrar essa guerra, Celeste.
— E precisam de muitas armas?
Kaanadan analisa meu rosto e pensa um pouco, um tanto como se tentasse se lembrar se era mesmo necessário o armamento.
— Provavelmente... mas não, agora. — Me responde e bufo. — O que aconteceu ontem?
O fito.
— Não acha que papai tá cooperando muito, para alguém que recebeu um murro? Melhor, vários...
— Essa guerra é dele, também...
— Mas papai acabou de fazer uma compra grande de armamentos, Kaanadan. Armas de confronto. Armas grandes demais para situações como conflitos internos de máfias; até porque a gente está aqui, a gente viu que não tem nenhum confronto praticamente...
Kaanadan se ergue no cotovelo, me olhando um pouco tenso. — O que aconteceu ontem? — repete a pergunta anterior, agora mais sério.
Suspirei, achando melhor contar tudo e me aliviar dessa tensão, mesmo sabendo que não são nem oito horas da manhã.
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PELA HONRA E PODER #LIVRO 1| TRILOGIA SAVOIA
Roman d'amourNascida em uma das principais máfias brasileiras, Celeste Brandão luta para fugir do destino que a aguarda. Porém, aos dezesseis anos, a mesma foi a escolhida para ser a aliança que uniria duas maiores máfias americanas, em uma luta de honra e poder...