58| Todo impulso tem uma consequência

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   Mal dormi essa noite, sabia que convencer qualquer um a me deixar seguir caminho de volta para Washington era algo bem mais complicado de se tratar — principalmente quando o principal era o meu pai.

   O evento principal seria por volta de daqui uma semana, mas nesse tempo já iria ocorrer o pequeno evento de isca para atrair novos grandes nomes de poder estadual e quem sabe até do país. O que acontecerá hoje.

   Então podemos dizer que o problema é bem mais embaixo...

   Fechei a porta do carro, me virando para pegar o cinto e atravessá-lo por meu corpo sentado na poltrona cinza do passageiro. 

   — Sabe que ele não vai aceitar calado, não é? 

   A voz de Júlio soou assim que o carro seguiu movimento para fora da casa de praia. Fitei o sol começando a sair no horizonte e assenti, virando meu rosto para o mais velho, que dirigia tranquilamente. Por fora, é claro.

   — Por isso estou fazendo isso, sei que se eu pedir a resposta já será certeira. A negação será certeira.

   Júlio solta um ar tenso. — Ir as escondidas nunca é a melhor escolha quando se trata do seu pai.

   — Sei o que faço, Júlio. — A resposta sai mais convencida do que me esforcei. — Prometo que não sujará sua imagem diante dele.

   O mesmo balança a cabeça e faz uma curva, enquanto me encosto no banco e deito minha cabeça sobre o mesmo.

   — Quantos estão com você?

   — Dois. Damiano e Scott.

   — Céu... vai ser viagem em vão. E se Kaanadan estiver bem?

   O olho. — Isso seria ótimo. Mas se fosse verdade eu não estaria indo atrás dele, ele que estaria vindo para cá. Eu não volto sem o Kaanadan, Júlio...Meu único medo é que para conseguir isso o pagamento seja mais que cruel...

   — Céu — me fita por breves segundos —, isso é loucura...

   — Eu sei...

   O silêncio se predomina e o resto do caminho segue assim.

   O carro para em frente o aeroporto, onde Damiano e Scott já me esperava. Saí do carro e o porta-malas foi aberto, revelando nada mais que uma pequena mala com algumas necessidades básicas.

   Cumprimentei os meninos e recebi as malas de Júlio, que me olhou ainda sério.

   — Se eu perder minha cabeça, a culpa é sua. Lembre-se sempre. — Diz ao me entregar a mala em mãos.

   Assinto. — Dei minha palavra... sei cumpri-la.

   O mesmo se volta para o carro e respiro fundo, vendo Scott se aproximar.

   — O avião já está pronto. — Diz e assinto.

   — Então vamos.

   Caminhamos até avião estacionado já na pista alta. Todos ali, o que não passava de uma aeromoça e um piloto com seu co-piloto, era da organização de Kaanadan, chamados por um dos guarda-costas a esse serviço. Ninguém além de Júlio sabia da minha viagem, e se dependesse de mim, ficaria assim até que meu sumiço fizesse falta naquela bolha conhecida como "honra familiar".

   Todos entraram no avião e segui pela escadaria para fazer o mesmo. Antes de entrar, dei uma última olhada para trás, uma última chance para me perguntar se era mesmo isso que eu iria fazer, uma última chance para poder me arrepender e esperar por Kaanadan mais um dia, mas alguns dias... Balanço minha cabeça e nego. Já estava decidido: eu não vou ter uma viagem perdida, eu estou fazendo algo que sei que vou conseguir, e não vou desistir... agora eu só piso aqui de novo se Kaanadan estiver ao meu lado. Salvo. Presente. Vivo.

PELA HONRA E PODER #LIVRO 1| TRILOGIA SAVOIAOnde histórias criam vida. Descubra agora