PELA HONRA E PODER #LIVRO 1| TRILOGIA SAVOIA

53| O ato de temer

    Ainda estou sonolenta, quando volto para o quarto após atender a entrega da padaria próxima ao prédio. Por mais que dormi, não posso falar com todas as letras que dormi o normal de todas as noites — talvez eu não tenha dormido quase nada — ... porém também não posso dizer que não gostei...

   Assim que adentro no quarto, vejo o conjunto de terno de Kaanadan já posto na poltrona no canto do cômodo, o que presumo que logo que sair do banheiro, não pensará muito em enrolar a se vestir e sair novamente para o trabalho. Sigo em direção de onde está, vendo-o assim que me aproximo da porta, ele de frente para espelho enquanto faz sua própria barba.

    Se destacando no negro banheiro, ele não tira a barba cheia que modela seu rosto, apenas apara as pontas e com a maquina de barbear, limpa um pouco dos pelos no caminho para o pescoço. A tronco nu por acabar de sair do banho e a toalha enrolada no seu quadril, o deixa bem atrativo aos olhos. Devo admitir que olhar Kaanadan, mesmo com sua estrutura tão brutal, com os troncos com pelos no peitoral que segue uma linha até abaixo do seu umbigo , as tatuagens, e as cicatrizes é muito bom... mas também me deixa quente, o que é claro que é um dos motivos por eu balançar minha cabeça, respirar fundo e esquecer essa maravilha de vislumbre.

   — Era da padaria mesmo? — Kaanadan questiona ao me notar, ainda focado em sua barba.

   — Era. — Digo e enfim largo de olhá-lo como uma maníaca. — O café está pronto e é só comermos e ir embora.

   Ao me ouvir, Kaanadan assente.

   Me aproximo da pia e prendo meu cabelo no topo da cabeça. Cruzo meus braços e me escoro na ardósia negra. Temendo que minha pergunta possa mudar sua opinião, falo com calma, mas a fim de ter certeza sobre sua decisão de ontem.

   — Kaan... — Ele me olha. — Vai mesmo ao evento, não é?

   Me olha por um tempo e assente. Seu peitoral sobe em uma respiração profunda, e então ele deixa a barba, me olhando um pouco, até enfim falar.

   — Bom, você mesmo disse que o evento é no verão. Mas vai demorar um pouco até lá... Não vou em três semanas.

   — Kaanadan, lá é muito regulado em tudo que fazemos, ao menos tem que ir uma semana antes do evento. O evento do meu pai nunca é chegar e ficar olhando a cara um do outro. Não quando se faz parte do ciclo familiar... — Suspiro. — que já não é das maravilhas. — Seu olhar neutro me faz tombar a cabeça e fitá-lo séria. Ou tensa, pelo jeito. — Eu também odeio o fato de ficar no mesmo lar que ele... mas quero ir pela Gina. Faça isso por mim então.

   Espero sua resposta fixa, tensamente. Kaanadan não parece nada animado, mas com uma cara de desdém assente e diz:

   — Uma semana antes do evento e pronto. Mas volto no dia seguinte, assim que tudo acabar.

    — Ótimo! Irei avisar Gina.

   Sigo para sair, mas seu braço me impede. O encaro e no mesmo tempo sou pega, sendo sentada na pia. Kaanadan ergue meu rosto para o seu, ao tocar os dedos em meu queixo e, cerrando meus olhos, o encaro.

   — Nunca faço algo de graça, Céu. — Diz com um olhar sério preenchido com malícia, se juntando entre minhas pernas e afastando as laterais do robe que cobre meu corpo. Também desliza uma das mãos ne pele exposta de minha coxa, me fazendo respirar fundo.

   — Ah, Kaan, mas na última vez que disse isso, quase fomos pegos em uma banheiro público. Lembra? — Me afasto um pouco, me escorando nos braços atrás de mim.

   Ele ignora, enlaçando minha cintura e aproximando do meu rosto. — Bom, mas estamos em casa... o que nos pegaria? Nada.

   Rio incrédula e sou beijada da melhor forma possível.  Não resisto e logo seguro sua nuca, me rendendo a tudo que seu beijo me proporciona. Me aproximo mais e enlaço minhas pernas em seu quadril. Kaanadan me beija com intensidade, adentrando os dedos em meu cabelo e os deixando cair sobre minhas costas e ombros, enquanto fixa minha cabeça para sua dominação. Ao adentrar a língua em minha boca, suspiro, o puxando para mim.