68| Um começo...

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A noção de que não tenho nenhuma outra roupa para vestir vem logo após eu sair do banho. Enrolada na toalha, cocei minha cabeça e fitei as roupas empoeiradas e molhadas no canto do quarto, negando para mim mesma ter que usá-las novamente. Enfim decido caçar uma peça no guarda-roupa de Kaanadan, acredito que tenha pelo menos algo que sirva em mim.

E tem.

Assim que me visto em uma blusa de algodão branca - que chega até meus joelhos - e em uma cueca que graças a Deus era nova e justa, saio do quarto em busca de me distrair um pouco.

Ainda é muito estranho acreditar que Kaanadan está mesmo bem e vivo, pior ainda acreditar que tudo não passava de um plano e que agora eu estou presa na máfia do meu pai e por um motivo em vão. Não nego que isso me irrita, mas ao mesmo tempo fico aliviada de que não vou ter que passar por piores alarmantes da vida de um mafioso... ou pelo menos não para trazer o Cavaleiro da Morte de volta.

E falando no mesmo, enfim noto que não o vi desde que fiz aquela vergonhosa cena de alívio e raiva - que só de me lembrar do sorrisinho no rosto de Kaanadan, me dá vontade de voltar ao tempo e bater na minha cara antes que eu fizesse de fato aquilo.

O encontro na cozinha, inundado por um cheiro para roncar barrigas. Puxo o aroma e de fato minha barriga grita de fome, mas travo. Pera. Kaanadan cozinhando? Essa é uma grande surpresa.

Não aguento segurar minha língua.

- Pré-pronto ou realmente é o que eu estou vendo?

Me aproximo e Kaanadan me fita, seus olhos me fitando por um tempo, antes de que ele balançasse a cabeça com uma escrota superioridade.

- É o que está vendo. - Diz e se volta para o que faz.

Me encaminho até uma distancia do seu lado e noto que corta berinjelas.

- Uau... você cozinha. Isso realmente eu nunca esperava.

Me escoro no balcão da pia e Kaanadan me fita.

- Agora vou dar um de você: Porque sou homem, Celeste?

Não seguro um riso. - Porque é uma mafioso. Filho de uma tradição que se recusa a entrar em uma cozinha a não ser para mandar.

O mesmo concorda, jogando as rodelas de berinjela em uma vasilha. - Certo, isso é um fato. Mas já notou que a Miriam só vai no apartamento as sextas? Ou seja, nos outros dias eu tenho que me virar para não morrer de fome.

- É uma graça saber que você não pensou como os outro e preferiu aprender a cozinhar do que fazer uma ligação para um restaurante. - Comento, coçando meu nariz para não rir.

- Como se não soubesse que não costumo ir na onde de todo mundo.

Nos olhamos. Um olhar meio desafiador de ambos, até eu assentir.

- De fato. - Seus azulados olhos ainda estão em mim e, enquanto os fito, noto um olhar conhecido, um intenso demais para esfriar minha barriga. Engulo em seco e corto esse olhar, me movendo até a ilha de madeira no centro da cozinha. - Bem, no que posso ajudar?

Sei que nota que fujo de algo.

- Aqui não demora muito. Pode preparar a mesa em um ponto que desejar.

- La fora é perigoso? - Pergunto porque ninguém sabe mais daqui do que ele.

- Não.

Assinto e com os olhos procuro onde ficariam os pratos e talheres. Kaanadan estala a língua e o fito, ele apenas aponta para um armário a sua direita, sabendo exatamente o que eu procurava.

PELA HONRA E PODER #LIVRO 1| TRILOGIA SAVOIAOnde histórias criam vida. Descubra agora