Já estive em outras festas como essa, assim como sei o verdadeiro motivo deles existir: Para alianças e ajudas. Participei de vária na America Central, onde uma das famílias tradicionais, os Berruti, realizavam para uma troca de favores. E eu nunca gostei nada disso. A parte boa dessa vez é que eu não seria a única a não gostar dessas festas, até porque Marga deixou claro que odeia agir como uma dama exemplar — o que claramente teremos que demonstrar ser.
Arrumamos em casas diferentes. Eles nos encontrariam já na festa. E Celina, por mais que eu não goste, terá que ir junto com nosso pai.
Termino de colocar o conjunto de joias de diamantes, os únicos que achei que combinariam com o vestido azul marinho que uso. Termino de por os brincos e me levanto em frente a penteadeira, me olhando no espelho.
Meu rosto está perfeito, a maquiagem profissional não deixou uma marca sequer do tapa de ontem. Meu cabelo ficou solto, e o joguei para trás, tampando a média abertura do decote nas costas. A fenda que ia até a metade da minha coxa, foi algo que eu não desejaria, mas foi impossível negar isso para as meninas que me acompanharam. No fim, eu estava intacta e talvez mais estranha do que nunca.
Respirei fundo e passei minhas mãos pela saia longa sem volume.
Prontinha...
A porta se abre e tenho o vislumbre de ver Kaanadan todo arrumado. Sim, a gente se arrumou em quartos diferentes, já que até poucos minutos eu tinha quase um salão todo no quarto. Não me choca que ele esteja de terno, até porque esse é o típico uniforme de um mafioso, mas me distrai a forma que a roupa está sob medida exata, além de seu cabelo todo para trás, com as pontas em seu pescoço viradas para cima, e uma fina mecha caída em sua testa.
Percebo que ele faz a mesma olhada em mim e então lá está de novo, aquele olhar estranho e intenso em direção dos meus olhos. Por que ele sempre me olha assim? Ignoro o frio em minha barriga.
— Silvério acabou de ligar, temos que ir. — Diz ainda me olhando.
Assento e sigo em direção a porta, antes de sequer eu abri-la novamente, Kaanadan me para e diz baixo.
— Espero fazer bem sua parte no acordo. Uma boa esposa não nega muitas coisas...
O encaro e percebo seu rosto muito próximo do meu, acabo encarando seus lábios, mas logo mudo meu olhar para seus olhos.
— Bom, um acordo é um acordo... Se eu for fugir, relaxa que vai ser na sua cara.
Dou-lhe um falso sorriso e me movo para seguir, porém sinto o braço de Kaanadan em volta da minha cintura, seu tronco batendo em minhas costas e logo sua respiração próxima do meu ouvido.
— E outra coisa... está magnifica... — Diz em um tom grave.
Meu corpo ferve e minha barriga gela como nunca. Acabo travando e o vejo se afastar e sorrir, um típico sorriso vitorioso. O fito indignada e logo Kaanadan me olha.
— Vai ficar aí?
Bufo frustrada pela sensação. — Já vou, vá na frente... — Bem na frente...
O que está havendo comigo?
***
A mansão Salvatore é enorme. Distante da cidade em si, a mesma fica rodeada por um gramado esplêndido e iluminado. A mansão não está diferente, estando decorada até a última pétala de rosa dos jarros de orquídeas brancas. A iluminação é de se invejar. Por pouco eu poderia dizer que era uma casa da realeza. Pelo o que sei, ninguém mora aqui desde que os pais de Kaanadan faleceram, mas a mesma é bem preservada e virou uma rota de refúgio para os familiares. Algo como casa de campo.
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PELA HONRA E PODER #LIVRO 1| TRILOGIA SAVOIA
RomansaNascida em uma das principais máfias brasileiras, Celeste Brandão luta para fugir do destino que a aguarda. Porém, aos dezesseis anos, a mesma foi a escolhida para ser a aliança que uniria duas maiores máfias americanas, em uma luta de honra e poder...