19| Festa dos Salvatore

5.9K 399 48
                                    

   Já estive em outras festas como essa, assim como sei o verdadeiro motivo deles existir: Para alianças e ajudas. Participei de vária na America Central, onde uma das famílias tradicionais, os Berruti, realizavam para uma troca de favores. E eu nunca gostei nada disso. A parte boa dessa vez é que eu não seria a única a não gostar dessas festas, até porque Marga deixou claro que odeia agir como uma dama exemplar — o que claramente teremos que demonstrar ser.

   Arrumamos em casas diferentes. Eles nos encontrariam já na festa. E Celina, por mais que eu não goste, terá que ir junto com nosso pai.

   Termino de colocar o conjunto de joias de diamantes, os únicos que achei que combinariam com o vestido azul marinho que uso. Termino de por os brincos e me levanto em frente a penteadeira, me olhando no espelho.

   Meu rosto está perfeito, a maquiagem profissional não deixou uma marca sequer do tapa de ontem. Meu cabelo ficou solto, e o joguei para trás, tampando a média abertura do decote nas costas. A fenda que ia até a metade da minha coxa, foi algo que eu não desejaria, mas foi impossível negar isso para as meninas que me acompanharam. No fim, eu estava intacta e talvez mais estranha do que nunca.

   Respirei fundo e passei minhas mãos pela saia longa sem volume.

   Prontinha...

   A porta se abre e tenho o vislumbre de ver Kaanadan todo arrumado. Sim, a gente se arrumou em quartos diferentes, já que até poucos minutos eu tinha quase um salão todo no quarto. Não me choca que ele esteja de terno, até porque esse é o típico uniforme de um mafioso, mas me distrai a forma que a roupa está sob medida exata, além de seu cabelo todo para trás, com as pontas em seu pescoço viradas para cima, e uma fina mecha caída em sua testa.

   Percebo que ele faz a mesma olhada em mim e então lá está de novo, aquele olhar estranho e intenso em direção dos meus olhos. Por que ele sempre me olha assim? Ignoro o frio em minha barriga.

   — Silvério acabou de ligar, temos que ir. — Diz ainda me olhando.

   Assento e sigo em direção a porta, antes de sequer eu abri-la novamente, Kaanadan me para e diz baixo.

   — Espero fazer bem sua parte no acordo. Uma boa esposa não nega muitas coisas...

   O encaro e percebo seu rosto muito próximo do meu, acabo encarando seus lábios, mas logo mudo meu olhar para seus olhos.

   — Bom, um acordo é um acordo... Se eu for fugir, relaxa que vai ser na sua cara.

   Dou-lhe um falso sorriso e me movo para seguir, porém sinto o braço de Kaanadan em volta da minha cintura, seu tronco batendo em minhas costas e logo sua respiração próxima do meu ouvido.

   — E outra coisa... está magnifica... — Diz em um tom grave.

   Meu corpo ferve e minha barriga gela como nunca. Acabo travando e o vejo se afastar e sorrir, um típico sorriso vitorioso. O fito indignada e logo Kaanadan me olha.

   — Vai ficar aí?

   Bufo frustrada pela sensação. — Já vou, vá na frente... — Bem na frente...

   O que está havendo comigo?

                                                                                  ***

   A mansão Salvatore é enorme. Distante da cidade em si, a mesma fica rodeada por um gramado esplêndido e iluminado. A mansão não está diferente, estando decorada até a última pétala de rosa dos jarros de orquídeas brancas. A iluminação é de se invejar. Por pouco eu poderia dizer que era uma casa da realeza. Pelo o que sei, ninguém mora aqui desde que os pais de Kaanadan faleceram, mas a mesma é bem preservada e virou uma rota de refúgio para os familiares. Algo como casa de campo.

PELA HONRA E PODER #LIVRO 1| TRILOGIA SAVOIAOnde histórias criam vida. Descubra agora