Gabriel ainda se desviava de mim, o que claramente não se tornava uma questão ao qual eu deveria reclamar — até porque ele perto demais já seria a ameaça necessária para me matar —, porém, estar distante dele era total sinônimo de perder qualquer conquista que consegui até agora — o que também não quero que aconteça.
Passei a manhã toda no hospital, vigiando Victório na aflição de que algum soldado de Gabriel viesse fazer mal a ele. Já pela aproximadamente onze e meia da manhã deixei meu tio sob proteção de alguns soldados brasileiros que foram mandados após eu pedir que Daniel avisasse a organização do meu pai sobre o ocorrido, então não hesitei em parar para almoçar e logo caminhar até o galpão onde eu já tinha a plena certeza de que encontraria Gabriel. O carro parou em frente o local sombrio e imediatamente me dirigi até ele, passando do grande salão até a sua sala principal no final do longo corredor direito do segundo andar. Esperava seriamente que meu medo não ultrapassasse o limite de minhas expressões, então antes de qualquer coisa, respirei fundo e passei a mão sobre o meu rosto, aliviando minha tensão e em seguida, abri a porta.
Gabriel estava de costas para mim, uma mão dentro do bolso frontal da calça e a outra no celular erguido à sua orelha em uma clara chamada, o mesmo olhava a visão distante da cidade em meio o nada pela janela de sua sala e falava em uma língua que eu não conseguia decifrar, mas diferente dos quais já ouvi. Entrei lentamente na sala e fechei a porta, vendo Gabriel suspirar e dizer algo para enfim encerrar sua conversa e se virar para minha direção.
— Saia da minha sala, antes que eu cometa uma loucura desagradável. — Diz-me seco e firme.
Seu olhar mais escuro me encarava fervendo em ódio, era assustador e ameaçador, o que me deixava aflita e questionando-me mil vezes se eu de fato deveria fazer o que me pedia. Puxei uma quantidade de ar para meus pulmões e ergui meu rosto, o encarando firmemente e com o máximo de frieza que eu conseguia ter naquele momento.
— Precisamos conversar, Gabriel. — Falei e logo me afasto da porta fechada.
— Conversar? — A voz tenebrosa soou como um raio em mim, mas me mantive firme. — Me desrespeitou em um tom inaceitável, se opôs para agir como se fosse maior do que a mim, Celeste — começava lentamente vir em minha direção —, me fez sangrar no meio de meus soldados e para salvar um maldito que nem do nosso lado está!
Logo estava frente a frente comigo, me olhando perto e fixamente em meus olhos.
— Ele é meu tio, Gabriel... pensei que respeitasse minhas decisões também. Pensei que me respeitava diante dessa situação toda... — Falei baixo enquanto sua expressão rude ainda manifestava em seu rosto.
— Eu te respeito, amo sua presença aqui..., mas não pense que tem poder sobre minhas decisões. Está compreendendo? — Gabriel soava assustador, me olhando como um monstro faminto para matar. Sua mão tocou meu pescoço e ergui minha mão para retirá-la, surpreendida com o que fazia, mas ele a encarou com firmeza, me assustando e consequentemente me fazendo abaixá-la, nisso, sua mão se fechou em minha pele e levemente apertou-me. — Olhe para mim. — O obedeci. — Compreendeu?
— Pensei que seria gentil... — Soei baixo.
— Gentil? Eu sou gentil. — Abaixou seu rosto, mantendo seus olhos na altura dos meus. — Mas você também tem que ser gentil, muito gentil em retribuição. Eu a trouxe como uma parceira, Céu, mas eu também posso fazer de você um saco para aliviar meu ódio, e eu acho que odiaria isso... — Sua mão me apertou, me fazendo arregalar os olhos. — Dói? — Não consegui responder, nisso, sua mão apertou-me mais forte... e mais forte... e mais forte... até meus olhos enxerem de água. Gabriel respirou furioso, me olhando. — Agradeça que seja só isso... eu poderia e irei fazer pior se ousar fugir do que está predestinado a você. Somos parceiros, mas podemos facilmente ser um predador e uma vítima indefesa. E não, eu não ligo para seu belo showzinho de Fera.
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PELA HONRA E PODER #LIVRO 1| TRILOGIA SAVOIA
RomanceNascida em uma das principais máfias brasileiras, Celeste Brandão luta para fugir do destino que a aguarda. Porém, aos dezesseis anos, a mesma foi a escolhida para ser a aliança que uniria duas maiores máfias americanas, em uma luta de honra e poder...