17| Pesadelo

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   Marga me surpreendeu como pessoa. Acho que nunca sequer vi alguém que não age em meio as regras — me colocando em exceção, é claro. A ruiva é personificação de falsa Dama, sendo elegante, educada e exemplo quando está em um certo local e totalmente diferente quando está a vontade. Bem, ainda continua educada, porém mais engraçada.

   Termino de lavar a louça e me viro para a mesma sentada no alto banco à ilha, a mesma coloca mais um pouco de vinho na taça e empurra para mim, fazendo em seguida em sua própria. Marga ri sobre algo que disse sobre o passado, mas logo me olha.

   — Mas me diz sobre você. Sempre foi rebelde?

   Bebo um pouco do meu vinho e nego. — Não, na verdade no começo eu até não importava com isso, porém coisas aconteceram e eu comecei a ser.

   A mesma assente em compreensão. 

   — Silvério me disse que você já tentou fugir duas vezes... Por que insiste tanto? Não acha que pode dar certo seguindo pelo rumo conhecido?

   A analiso e Marga parece sincera ao perguntar. Algo que me chamou mais atenção.

   Desde meus dezesseis anos, quando me noivei com Kaanadan, sempre uma mulher da organização vinha com a mesma pergunta. Era como se através disso, tentassem me manter nesse mundo mesmo contra minha vontade. Me narravam mil maravilhas, para no fim eu saber que tudo era uma farsa. 

   Agradeço por nunca ter acreditado.

   Volto a focar na ruiva, que me olha atrás da resposta.

   — Você é feliz? — Pergunto e a mesma sorri docilmente.

   — Sim. — Diz firme. — Bom, no começo não era uma mil maravilhas sabe.... — Marga para como se lembrasse de algo, logo bebe um pouco do vinho e continua. — Silvério não é um homem de demonstrar muitos sentimentos, ele não aceitava que podia ser um bom homem comigo... — A mesma me olhou. — Os Salvatore tem isso no sangue: Não sabem demonstrar sem desconfiar.

   Fico curiosa sobre. — Como assim?

   Marga sorri. — É que eles tem um grande histórico de traições, então é só quando confiam de verdade em alguém que eles parecem se acalmar. No começo do meu casamento eu nem sabia o que eu fazia junto do Silvério. Ele era frio e calado, mas ao mesmo tempo parecia se importar.

   — E você o amava? — Perguntei por que em várias ocasiões as mulheres ficam loucas pelos noivos antes mesmo de sequer vê-lo pessoalmente.

   Seria ruim estar apaixonada e o seu parceiro agisse como um troll.

   Marga solta uma risada como se minha pergunta fosse idiota. Talvez ela seja como a mim. Porém me surpreendo com sua resposta.

   — Nunca. — Disse e ri. — Eu acho que quando me casei com o Silvério, o vi apenas uma vez em uma festa, que aliás foi no meu noivado com outro homem.

   Arregalei meus olhos. — Você é viúva?

   — Sou sequestrada. — A olho em pânico, mas Marga faz sinal de calma. — Silvério me sequestrou no dia do meu casamento com o Chefe da Cosa Nostra. Ele chegou atirando como um louco, e quando eu vi, já estava ao seu lado no carro indo para longe de tudo... — A mesma faz uma pausa. — Nunca senti tanto medo na vida.

   — Uau... Isso é bem...

   — Mafioso...

   Rimos e logo escutamos passos indo para a sala. Nos levantamos e saímos da cozinha. Kaanadan e Silvério estavam em pé, olhando mais papéis. Ambos sérios e sem nos notar. 

PELA HONRA E PODER #LIVRO 1| TRILOGIA SAVOIAOnde histórias criam vida. Descubra agora