PELA HONRA E PODER #LIVRO 1| TRILOGIA SAVOIA

23| Miraggio

   — Mais alguma coisa? — A mulher da loja de joalheria pergunta enquanto passa no caixa um brinco de safiras azuis.

   — Não, obrigada. — Digo simpaticamente.

   A mesma coloca a joia em um saquinho de veludo preto e me entrega. Já pago rapidamente, me virando e juntando com as sacolas de roupas que Damiano segura. Scott segura apenas as de calçados.

   — Vamos, meninos. — Digo e sorrio.

   Ambos se entreolham e me seguem.

   Com o tédio que estava em casa, após de dar uma corrida matinal, decidi sair para fazer umas compras. Claro, tenho roupas novas que me obrigaram a comprar para minha mudança para Washington, mas tinha algo em específico que eu tinha que tocar foco. Sim, aquelas tiras de pano que me disseram ser camisolas. Renovei por algo que eu realmente iria usar com gosto, e também aproveitei para comprar alguns presentes para Gina e Celina. Gina porque daqui a uma semana é seu aniversário. Celina porque eu tenho certeza que ela iria vir me matar se eu não mandasse algo para ela também.

   Entro no carro, vendo Scott e Damiano colocarem as sacolas no porta-malas. Os dois entram no automóvel e em seguida me olham.

   — Conhecem uma loja de... não me olhem estranho... adagas? — Ignoram o que eu pedi e me olham estranho. — Túlio costuma ter uma coleção igual a mim, queria mandar uma nova para ele. De preferência se eu conseguir cravar as iniciais dele na mesma.

    — Coleção de adagas? — Scott me olha surpreso. — Seu irmão tem treze anos e usa adaga?

   A surpresa em seus olhos me faz rir. — Sério que estão me perguntando isso? Eu luto para minha irmã sair da máfia e acham que eu vou deixar meu irmão de treze anos matar alguém com uma adaga? Gente, é só uma coleção, ele tem dó até de usar.

   Os dois suspiram aliviados e rio, vendo ambos se virarem para frente.

   — Conheço uma, mas não sei se personaliza. — Damiano diz enquanto liga o motor.

   — Ok, qualquer coisa compramos algo para personalizar e eu mesma faço. — Scott me olha e Damiano me fita pelo retrovisor. — Eu sei fazer isso.

                                                                                             ***

   Em casa, jogo tudo em cima da cama, enquanto tiro meus saltos com meus próprios pés e frouxo o rabo de cavalo que fiz para sair. Os cabides já estão na cama, me chamando para que eu os ocupe com as novas camisolas compradas. É o que faço, deixando de lado as outras sacolas.

   A porta do quarto se abre lentamente e logo o rosto de Marga aparece na brecha. 

   — Pode entrar. — Digo e a vejo sorrir.

   A ruiva avisou que tinha algo a me pedir. Não ousou dizer pelo celular, então marquei com a mesma de me encontrar aqui. É o que faz.

   Enquanto arrumo as novas camisolas nos cabides, Marga me olha ansiosa.

   — Diga. 

   A mesma coça a nuca. — Eu preciso que minta por nós duas. — A olho incrédula. — No fim você também vai gostar. Juro.

   Rio. — E por qual razão?

   Marga afasta algumas sacolas na cama e se deita. Acho estranho eu não me incomodar com a repentina amizade que criamos. Nos conhecemos em poucos dias e cá estamos nós, como se nos conhecêssemos a anos. O bom disso é que não duvido que eu haja da mesma forma que ela.