64| Eu...Isca

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   O sol mal tinha aparecido quando chegamos no aeroporto. O motorista abriu a porta do carro já na pista de embarque, onde o avião já esperava todos que iam para Sicília. Incluindo meu pai. O mesmo saiu primeiro, ajustando o terno e dando espaço para que eu o seguisse.

   Soldados já estavam espalhados pela pista, alguns preparando os aviões secundários e outros apenas marcando presença ao olhar ativo do meu pai sobre todos. Acompanhando-o, notei Santiago olhar mais uma vez no relógio de pulso — se não me engano já é a quarta vez desde que entramos no carro.

   — Algum problema? — Questiono, vendo meu pai negar antes de se virar para me olhar.

   — Siga para o avião, não podemos perder tempo.

   Assinto desconfiada.

   Não é uma desconfiança atoa. Desde ontem, quando aceitamos que nada mais nos prendia aqui, tanto a movimentação de soldados como na própria cobertura se tornou chocante. Meu pai vivia saindo e voltando do cassino, em chamadas discretas e ocultas de qualquer entendimento meu — caso fosse impossível me ocultar algo que fosse falar, suas ligações se tornavam em italiano. Sinto que ele está aprontando algo, algo que não quer me incluir. Ou já me incluiu e de forma indesejada por mim.

   Não desejando uma cena logo cedo, não procuro nenhuma ação contraditória ao que pede, seguindo assim para o avião já aberto. Ao entrar cumprimentei o piloto e a aeromoça que estavam ali, por fim, me conduzo até uma das beges poltronas do avião particular, me sentando ao canto da janela.

   — Já deseja algo, senhora? — A aeromoça questiona ao meu lado.

   — Não, obrigada. — Digo com um simpático e leve sorriso, vendo a mesma assentir e sair.

   Então suspiro e deito minha cabeça na poltrona.

   Alguns minutos depois, meu pai conduziu a entrada dele, de meu tio Victório, de Gregório, Júlio e Scott mais Damiano. Todos se acomodaram em uma das poltronas livres e a porta se fechou. O anúncio da viagem foi feita e assim que fechamos nossos cintos, o avião decolou.

   Então de fato isso estava acontecendo. De fato iríamos trazer Kaanadan de volta.

                                                                         ¨***¨

   A viagem foi longa... Deus, muito longa. Se eu pudesse colocar tudo em uma só palavra, eu colocaria em "Desesperadora", literalmente. Pegamos um carro assim que chegamos na província de Trapani, onde seguimos até San Vito Lo Capo, o lugar onde ficaríamos.

   E até que foi um tempo rápido, já que adormeci. 

   Acordei na entrada do carro no amplo espaço externo da mansão,  não saberia se era de algum soldado, mas já tinha um carro a nossa espera por ali. Cocei meus olhos para despertar e pela noite, isso até que era uma missão difícil. Assim que paramos, abri a porta do carro, saindo rapidamente. Meu pai fez o mesmo do outro lado, seguindo sem falar nada, em direção a casa muito elegante e bela.

    Olhei tudo rapidamente, então fui em sua direção.

   A mansão por fora era constituída por rochas, pedras perfeitas e beges que erguia um estrutura marcada por um aspecto antigo. Mas por dentro era normal, pintada de branco e de piso de ardósia marrom e brilhante pela cera. Subi alguns degraus de pedras e entramos na sala de recepção, dando no mínimo seis passos até novos degraus, dessa vez para descer, chegando na sala principal. A lareira estava acesa, em um canto abaixo do painel da grande televisão. Quadros davam charme a toda arquitetura, e devo admitir: É perfeita.

PELA HONRA E PODER #LIVRO 1| TRILOGIA SAVOIAOnde histórias criam vida. Descubra agora