49| Dúvidas e promessas

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   — Verei mais tarde. —  Sussurrei ainda tensa pelo o que disse. — Até que horas o corpo vai estar disponível? — Olhei Scott, que observava para que ninguém nos visse. 

   — Até o jantar; é o momento em que todos estão aqui dentro e o pessoal carregam o corpo.

   Assenti.

   O mesmo passou por mim e seguiu para caminho a dentro. O vi sumir pelos corredores e, então, segui em direção ao quarto. Não sabia o que viria, mas a sensação ruim no peito já se fazia presente.

   Tentei afastar isso da cabeça imediatamente, não iria preocupar Kaanadan logo após um confronto.

   Ele chegou algumas horas depois, passando direto para o banheiro. Visualmente, com o terno bem passado em sem uma mancha sequer, parecia intacto, como se nada houvesse de fato acontecido desde a manhã. Mas, ao me levantar da poltrona e segui-lo até o banheiro, vi seu paletó ser retirado, deixando amostra sua branca camisa ensopada de sangue, rasgada em várias parte, e acabada por marcas que revela o dia sangrento. 

   Seus olhos ainda estavam frios e nenhuma palavra saíra de sua boca desde então. Passando a camisa pela pele, o sangue não fazia nada além de se espalhar mais, isso o irritava, mas nada dizia.

   Me aproximei enfim, tirando de sua mão a blusa.

   — Acho que será melhor um banho. — Digo, notando os pontos feitos nos locais feridos. Muito inflamado, como se tivesse sido na hora, sem um sequer preparamento anti-inflamatório e anestésico.

   Kaanadan seguiu calado, retirando as peças ensanguentadas em direção ao box. Peguei suas roupas e saí do banheiro, indo levá-las rapidamente para a lavanderia nas costas da mansão. Foi Sylla quem me encontrou no meio do caminho, pegando as roupas de minhas mãos e levando-as até o destino final. 

   Suspirei, notando que pelo visto já sabem do confronto.

   Quando voltei ao quarto, passei direto para o banheiro, encontrando-o com a cabeça embaixo d'agua, a testa escorada na parede. Parecia derrotado. E bem provável, já que quando disse que acabou, não disse se acabou bem ou mal para a organização. Ou ao menos Silvério não me disse isso.

   Me aproximei enfim, vendo o chão de piso branco carregado de águas vermelhadas pelo sangue. Não era uma cena agradável de se ver.

   — Me espere lá fora, estou bem. — Diz baixo e rouco, como se tivesse passado horas gritando ordens.

   Bem. Essa é a palavra que nunca resumiria seu estado após uma dessas.

   — Bom, então não vai se importar que eu fique aqui... não tem nada para esconder mesmo. 

   Sua cabeça vira para me olhar pelo box já bem embaçado pela a água quente. Não sei o que pensa, mas não discorda, voltando a sua posição inicial. Tiro apenas minha blusa de frio, permanecendo com uma regata cinza. A calça, subo-a até os joelhos e prendo meu cabelo em um coque alto. Abro o box e entro, pegando o sabão líquido e a pondo na mão, para passar em suas costas.

   Toco em seu pescoço, o vendo se retrair. Talvez eu esteja invadindo demais.

    — Quer mesmo que eu saia? — Pergunto baixo. — Se quiser um tempo sozinho eu te espero lá fora como pediu.

   Não pergunto na provocação o no verde, simplesmente pergunto por entender que as vezes as coisas ficam confusas na mente e mais pessoa apenas atrapalha a por em ordens. Pretendo sair, indo até a porta do box, mas então sua mão se fecha em meu pulso; me fazendo olhá-lo.

PELA HONRA E PODER #LIVRO 1| TRILOGIA SAVOIAOnde histórias criam vida. Descubra agora