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Celeste desmarcou qualquer reunião que eu tivesse em todo o dia, sua justificativa é, que além de mim, Gregório e outros soldados também não estão em tamanha condição de trabalhar fora de casa.

Não acredito nisso, levando em conta que isso nunca chegou a ocorrer em minha organização; mas liguei para Scott, procurando por informações, e nele, vi que a mesma não mentia.

Não queria deixar Giovanni ou Andrea no comando, então a própria Celeste organizou um grupo a dedo e se pôs a essa função, mesmo de casa. O que me acalmava diante disso, era a certeza de que os rivais estariam controlados por um tempo, principalmente para se reerguer depois do banho de sangue da noite passada — o que não seria fácil.

— Parece melhor. — Diz ela ao me ver na cozinha.

A mesma apareceu com o cabelo solto, enquanto vestia um leve vestido de cetim preto. A fitei, analisando com a admiração de como aquela cor caia bem em sua pele — sombria e ainda sim, leve.

— É... não era como se eu fosse ficar de cama o dia todo. — Comentei, sabendo que esses meus golpes levados não eram um dos piores que já recebi.

Mas bem feito, assim eu me lembraria de deixar aqueles bastardos mais longe de mim na próxima vez.

— Ainda irritado, presumo. — Celeste caminha até a geladeira e tira de lá, uma caixa de suco de laranja. — Deveria dormir, descansar...

— A última coisa que consigo nesse instante é descansar, Celeste. — O som das torradas prontas me faz tirá-las da máquina e levá-las ao prato. — Tenho a impressão que a qualquer momento, algo terrível vem para tirar minha pouca paciência.

— Eu estarei resolvendo, se esse for o problema. — Retruca, mas quando a olho, a mesma bebe o suco normalmente. — Ninguém te suporta quando está desse jeito. — Admite.

— Você suporta. — Comento e me aproximo.

— Tolero... Tolerar é mais complexo. — A mesma sorri. — Mas é sério, está super irritante.

Suspiro e me sento à mesa. Iniciamos a tomar nosso café da manhã e Celeste não agia normalmente, como se quisesse algo ou se fosse me encher de problemas que ela arranja mesmo sem querer. Isso me impressionava de tal jeito que me deixava com milhões de incógnitas se de fato ela já tinha tomado a energia mafiosa que nos mantém certos de que ajuda não era sempre necessária. Mas por outro lado, era confortável. Era tranquilo... e eu não tinha mais problemas para pensar e me estressar, pelo menos não além da guerra em si.

Puxei uma das vasilhas com patê de queijo parmesão, algo que Ada faz com perfeição. Assim que ergui sua tampa, o seu aroma inundou minhas narinas e meu apetite cresceu. Deslizei minha mão até um talher, mas assim que escutei um som estranho e virei para Celeste, a mesma se levantava rapidamente e caminhava às pressas para fora. Me preocupei. Larguei o que estava fazendo e segui a mesma, encontrando-a em um dos banheiros do corredor abaixo da escadaria.

Celeste segurava o vaso, respirando com dificuldade enquanto gemia como se sentisse nojo e dor.

Me aproximei, estranhando sua reação e segurando seu cabelo para fora de seu rosto. Celeste pausou fracamente por alguns instantes. Dei descarga e enrolei papel higiênico em minha mão, rasgando-o e levando até a boca de Celeste, limpando a pouca sujeira.

— Ai... — A mesma gemeu, tombando para meu corpo. — Me desculpe.

— O que houve? — Perguntei preocupado, vendo-a ofegar um pouco e depois respirar fundo.

PELA HONRA E PODER #LIVRO 1| TRILOGIA SAVOIAOnde histórias criam vida. Descubra agora