Meu corpo todo se retorce em frente ao vaso sanitário. Agarro as laterais e pela milésima vez solto tudo e quase posso sentir minhas tripas saindo junto. Gemo pela dor que isso me causa.
Sinto meu cabelo ser segurado para terás e sei que Kaanadan está aqui. Respiro fundo para conter uma nova onda, mas quando vejo, eu estou vomitando novamente.
Horrível...
Foi praticamente a noite toda assim. Não me lembro muito bem de como vim parar nesse estado trágico, mas cheguei e não estou bem. Ontem, aquela água de congelar os ossos até me ajudou a conseguir me equilibrar mais, porém, eu desejaria realmente que parasse com esses enjoos. Ou diminuíssem.
— Ainda sente dores? — Kaanadan pergunta baixo, enquanto afasto meu rosto do vaso e tombo minha cabeça em seu ombro atrás de mim.
— Sim... — Digo e tento manter mais uma onda presa.
— Vou ter que pedir outro remédio. Você está pior do que eu imaginava...
— Não adianta. — Sinto meu estômago dobrar e eu paro um pouco, verificando se consigo segurar ou não. Consigo. Volto a falar. — Já vomitei os três que me deu... Isso está horrível!
A toalha úmida que o mesmo está, começa a prensar levemente em minha nuca e testa, enquanto sinto meu corpo todo mole. Estou derrotada. Sinto como se um caminhão de concreto tivesse passado por cima de mim umas dez vezes e depois fui pisoteada pela multidão do carnaval. Além da cabeça pesada e enjoos que faltam me deixar até sem sangue — porque uma hora não vai ter nada além disso para sair.
Kaanadan me ergue e então vejo que a banheira já está cheia. Ainda não sei o que houve, mas acho que ele está realmente com pena de mim nesse estado. Bem, no momento que ele me encontrou na festa, eu tinha certeza que ele me jogaria no chão e sairia sem arrependimento. Agradeço por não fazer isso...
Deixo a toalha cair em meus pés, sem me preocupar, já que é óbvio que não tenho mais nada que Kaanadan já não tenha visto. Entro na banheira e me relaxo sob a água quente e deliciosa. Ainda tola pelos efeitos da droga que nem nome eu sei, porém, agora só me falta perder os enjoos e conseguir mais equilíbrio do corpo. Kaanadan entra atrás de mim, me puxando para si ao mesmo momento que me ajuda a não escorregar e afogar. Acredite, estou bem mais constrangida por isso, aliás, como algo pode nos fazer perder todo o controle do corpo? E, ignorando qualquer briga que tivemos, qualquer discursão que eu lembro muito bem que comecei, sinto seus braços enlaçar minha cintura.
Não tenho forças para fazer de difícil ou de orgulhosa. Já nem tenho para me manter em pé sem ter minhas pernas trêmulas. Apenas deito minha cabeça próximo da curva entre seu pescoço e ombro, fechando meus olhos pela tontura leve que ainda me incomoda.
— Realmente está mal... — Kaanadan diz e suspiro alto.
— Ontem eu fui rude. — Digo, porém não o olho, nem abro os meus olhos para falar a verdade. — Porém fui pega de surpresa... em meio termo.
— Nunca ocultei o fato de que eu a queria aqui, como minha esposa.
E não mente. Eu sabia. Sabia muito bem desde o início.
— Então nunca diga coisas bonitas para mim e depois faça aquele pedido. — Digo e isso o fez se mover, logo sinto que me olha. — É só um pedido... Não estou em condição de discursão, então por hoje vamos dar uma trégua, por favor.
— Certo.
Ficamos em silêncio, porém pela primeira vez não era algo frustrante.
O dia mal amanheceu, se não me engano, acordei com o sol ainda invisível no horizonte. Porém agora está um pouco frio, e sei que as nuvens nubla todo o céu. Não sei o quanto dormi, mas o pouco que cochilei, não foi nada bom. Tento lembrar de algo, mas nada flui em minha mente direito, nada além do que eu revelei para Marga enquanto estava sob efeito do álcool. Maldição...
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PELA HONRA E PODER #LIVRO 1| TRILOGIA SAVOIA
RomanceNascida em uma das principais máfias brasileiras, Celeste Brandão luta para fugir do destino que a aguarda. Porém, aos dezesseis anos, a mesma foi a escolhida para ser a aliança que uniria duas maiores máfias americanas, em uma luta de honra e poder...