40| A decisão

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   A noite já caía quando o evento acabou. Segui ao lado de Kaanadan, já sentindo meus pés se apertarem na bota, em direção ao carro na saída do grande e enorme jardim. Uma voz feminina soou atrás de nós e nos viramos, quase juntos.

   Jane.

   A mesma se apressa para chegar próxima de nós, enquanto a esperamos no meio do caminho.

   — Me desculpe atrasar vocês, mas... — A mesma enfia a mão no bolso do vestido que usa e tira uma pilha de chaves, fitando o sobrinho ao meu lado. — Tivemos que trocar a fechadura da mansão dos seus pais. Marco achou melhor eu entregar pessoalmente a você, já que está rondando desconfiança entre os soldados.

   Fito Kaanadan e vejo ele hesitar ao olhar a chave, porém, a pega rapidamente da mão de sua tia e as enfia no bolso do seu sobretudo. Seus olhos estão frios, parece incomodado.

   — O que houve? — Sua pergunta saiu seca, mas seu olhar tentou amenizar ao olhar a tia.

   Jane respirou fundo ao coçar a testa, então voltou a atenção a Kaanadan. 

   — Tentaram entrar lá. Alguém tinha a chave e conseguiu ir até o segundo andar. Parece que Seph o encontrou antes que entrasse em alguns dos quartos e atirou.

   Kaanadan fica em silêncio por um tempo, então assentiu para a tia. — Obrigado.

   A mesma deu um fraco sorriso e alisou o braço de Kaanadan; que logo se apressou em ir em direção ao carro. A olhei e a mesma me deu um leve sorriso, antes de nos abraçar em despedida e eu seguir atrás de Kaanadan — que nesse instante já estava a uma boa distância.

   Apressei-me para acompanhá-lo, por mais que demorei um pouco mais a entrar no carro em comparação a ele. 

   Kaanadan parecia tenso. Parecia não; ele estava.

   O fitei, mas não perguntei nada. Sei lá, talvez desse mais algum surto como naquela sala da mansão e eu não desejava isso. Não mesmo. Seus olhos estavam fitados na estrada a ser percorrida e suas mãos estavam escoradas no volante do carro ainda desligado. Queria saber o que estava havendo, assim como queria saber quem era aquelas crianças e o homem no retrato de Jane. Porém afastei isso da cabeça quando seus olhos me fitaram.

   — Terei que ir na mansão. Se quiser, posso te deixar em casa primeiro. — Diz com o olhar mais calmo, porém ainda parecia estar com a mente longe.

   Neguei. — Quero ir com você.

   Ele apenas assentiu e apressou-se para ligar o carro. O farol iluminou a estrada a frente e não demorou muito para o carro dar partida.

                                                 ***

   A mansão Salvatore é bem mais diferente quando está sem toda aquela iluminação de grande evento. Ainda é bela, porém sombria ao perceber que ninguém mora nela e mesmo assim tem algumas janelas abertas e iluminadas por dentro.

   Uma casinha no fundo do grande gramado que percorre arredor da mansão, está iluminada, porém é longe o bastante para quase passar despercebida.

   O carro entra pelos portões de grades e então paramos no meio do caminho apedrejado que leva até a entrada da casa.

   Kaanadan me fita e então segue a mão até o bolso do sobretudo, verificando se a chave ainda estava ali.

   — Fique no carro e não saia. — Diz firme e assinto.

   Ele abre a porta ao seu lado e sai, me deixando sozinha aqui. O carro está escuro e onde estamos também. Vejo o alto seguir em rumo a casa e eu me encosto no banco, tombando minha cabeça para o lado.

PELA HONRA E PODER #LIVRO 1| TRILOGIA SAVOIAOnde histórias criam vida. Descubra agora