A noite já caía quando o evento acabou. Segui ao lado de Kaanadan, já sentindo meus pés se apertarem na bota, em direção ao carro na saída do grande e enorme jardim. Uma voz feminina soou atrás de nós e nos viramos, quase juntos.
Jane.
A mesma se apressa para chegar próxima de nós, enquanto a esperamos no meio do caminho.
— Me desculpe atrasar vocês, mas... — A mesma enfia a mão no bolso do vestido que usa e tira uma pilha de chaves, fitando o sobrinho ao meu lado. — Tivemos que trocar a fechadura da mansão dos seus pais. Marco achou melhor eu entregar pessoalmente a você, já que está rondando desconfiança entre os soldados.
Fito Kaanadan e vejo ele hesitar ao olhar a chave, porém, a pega rapidamente da mão de sua tia e as enfia no bolso do seu sobretudo. Seus olhos estão frios, parece incomodado.
— O que houve? — Sua pergunta saiu seca, mas seu olhar tentou amenizar ao olhar a tia.
Jane respirou fundo ao coçar a testa, então voltou a atenção a Kaanadan.
— Tentaram entrar lá. Alguém tinha a chave e conseguiu ir até o segundo andar. Parece que Seph o encontrou antes que entrasse em alguns dos quartos e atirou.
Kaanadan fica em silêncio por um tempo, então assentiu para a tia. — Obrigado.
A mesma deu um fraco sorriso e alisou o braço de Kaanadan; que logo se apressou em ir em direção ao carro. A olhei e a mesma me deu um leve sorriso, antes de nos abraçar em despedida e eu seguir atrás de Kaanadan — que nesse instante já estava a uma boa distância.
Apressei-me para acompanhá-lo, por mais que demorei um pouco mais a entrar no carro em comparação a ele.
Kaanadan parecia tenso. Parecia não; ele estava.
O fitei, mas não perguntei nada. Sei lá, talvez desse mais algum surto como naquela sala da mansão e eu não desejava isso. Não mesmo. Seus olhos estavam fitados na estrada a ser percorrida e suas mãos estavam escoradas no volante do carro ainda desligado. Queria saber o que estava havendo, assim como queria saber quem era aquelas crianças e o homem no retrato de Jane. Porém afastei isso da cabeça quando seus olhos me fitaram.
— Terei que ir na mansão. Se quiser, posso te deixar em casa primeiro. — Diz com o olhar mais calmo, porém ainda parecia estar com a mente longe.
Neguei. — Quero ir com você.
Ele apenas assentiu e apressou-se para ligar o carro. O farol iluminou a estrada a frente e não demorou muito para o carro dar partida.
***
A mansão Salvatore é bem mais diferente quando está sem toda aquela iluminação de grande evento. Ainda é bela, porém sombria ao perceber que ninguém mora nela e mesmo assim tem algumas janelas abertas e iluminadas por dentro.
Uma casinha no fundo do grande gramado que percorre arredor da mansão, está iluminada, porém é longe o bastante para quase passar despercebida.
O carro entra pelos portões de grades e então paramos no meio do caminho apedrejado que leva até a entrada da casa.
Kaanadan me fita e então segue a mão até o bolso do sobretudo, verificando se a chave ainda estava ali.
— Fique no carro e não saia. — Diz firme e assinto.
Ele abre a porta ao seu lado e sai, me deixando sozinha aqui. O carro está escuro e onde estamos também. Vejo o alto seguir em rumo a casa e eu me encosto no banco, tombando minha cabeça para o lado.
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PELA HONRA E PODER #LIVRO 1| TRILOGIA SAVOIA
RomansaNascida em uma das principais máfias brasileiras, Celeste Brandão luta para fugir do destino que a aguarda. Porém, aos dezesseis anos, a mesma foi a escolhida para ser a aliança que uniria duas maiores máfias americanas, em uma luta de honra e poder...