86| A Caça se inicia

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   Diante do aviso de Gregório, analisava brutalmente a planta da fazenda sueca. Ainda não tinha tanto tempo para armar algo, mas eu também sabia que matá-los estava fora de cogitação — isso claramente não.

   Acabar com os Suecos... Me pergunto por qual motivo eles começariam por um grupo tão distante de nós e ao mesmo tempo tão oculto, mas também me questiono o que eles estão fazendo para que só enfraquecendo o rival eles possam concluir de forma exata.

   Um dos soldados conseguiu marcar um encontro com o filho do Sr. Mårtensson ao fim da tarde. Já estava prestes a isso, então não tinha mais nada em mente, eu só sabia que tinha que enfraquecê-los, mas como? Bem, era isso que me questionava horas antes.

   — Celeste...

   Ergui meu olhar ao ouvir a voz de Ivan. Graças aos céus ele preferiu ficar ao meu lado nessa guerra; assim eu tinha enfim alguém que eu teria certeza de que me ajudaria em cada tramoia.

   — Já está tudo pronto? — Perguntei, juntando as folhas espalhadas pela mesa.

   — O carro já te espera.

   Me ergui e dei a volta na mesa, indo em sua direção.

   Do bolso de trás da calça, saquei uma presilha preta brilhante, onde prendi metade de cima do meu cabelo em um falso rabo de cavalo; a franja média que caía em meu rosto, joguei para trás das orelhas. Estava tensa, mas não por estar prestes a ficar de cara com um Sub-Capo, mas pelo o meu plano que poderia dar tanto certo maravilhoso, quanto errado desesperador.

   Ivan me acompanha até o carro, abrindo e fechando a porta quando já estou com o cinto de travessa sobre meu corpo. Nos olhamos por fim e eu sabia que estava comigo, ao contrário dos soldados de Kaanadan que lutavam para me boicotar.

    — Tudo já está em ordem. — Ivan sibila na janela antes de sumir de vista.

   Me voltei para frente e vi Adriano me olhar pelo retrovisor frontal.

   — Pode seguir, Adriano. — Digo calmamente. 

   O soldado faz o que digo, mas parece inconformado ou curioso por algo. Enquanto nos tira da mansão Salvatore, o mesmo respira fundo e alto, o que chama minha atenção. 

   Espero chegarmos, ao menos, a uma boa distância do nosso ponto de partida, então quebro o silêncio que se densa entre nós:

   — Vamos, diga o que tanto te inquieta. — Falo e cruzo minhas pernas, me jogando no encosto do banco.

   — Não é nada, senhora... — Diz-me e foca seu olhar na estrada.

   O analiso. 

   Adriano não é tão diferente dos soldados iniciantes, sua face é clara de ler e por mais que tente, seus olhos e a mudança drástica e nada calma do seu olhar quando o questiona, revela que ainda não dominou a própria capacidade de criar uma máscara sobre sua pele. Gosto disso, juro... Isso me faz ter a certeza de quem está próximo a mim; mas também me questiona se essa não seja sua verdadeira máscara.

   Bato cada dedo, lentamente, sobre o banco e fito um pouco mais Adriano.

   — Sabe que mente muito mal, não é? — Digo e isso o surpreende. — Sei que algo te incomoda, e quero saber o que é. Simples.

   — Não disse nada a ninguém sobre seu plano. — Comenta sem me olhar. — Todos acham que está roubando na aposta.

   — Roubando? Por que roubando se eles sabem de tudo ao ouvir minha conversa com Ivan através de uma escuta naquela planta esquisita na mesa perto da porta da entrada? — Adriano arregala os olhos e me encara. Sorrio. — Aquela planta já é própria para isso, Adriano, não necessita molhá-la sempre e se adapta bem ao seco... Se querem me enganar, precisam ser mais... mais... como dizem?... Mais evoluídos nas técnicas. Meu pai ama essa ideia da planta, por exemplo.

PELA HONRA E PODER #LIVRO 1| TRILOGIA SAVOIAOnde histórias criam vida. Descubra agora