O Amor Não Tem Fim

Capítulo 18

ARTHUR PICOLI

Dezembro de 2022 

Mesmo Pocah dizendo a três meses atrás que estava tudo bem com a Carla, eu não conseguia ignorar a sensação estranha e agoniante de que alguma coisa estava acontecendo. As vezes me pegava entrando em fãs clubes dela em busca de alguma notícia, alguma foto com fã, qualquer coisa, mas nunca tinha nada. Era como se ela tivesse deixado de existir. 

Juro que tentei continuar seguindo minha vida como se nada estivesse me incomodando. Não era certo o que eu estava pretendendo fazer, mas cheguei a conclusão que eu prefiro ficar com cara de taxo na presença dela, do que ignorar o que eu estava sentido. Aproveitaria que estava indo São Paulo a trabalho e iria até o casa dela.

— Papai — Escuto Catarina chamar — Estou chamando o senhor a um tempão e nem me escuta. 

— Desculpa meu amor, estava com a cabeça no mundo da lua — Respondi fechando minha mala e colocando-a no chão.

— Eu quero ficar na casa da Dinda — Falou manhosa se encostando na cama. 

— Lembra que eu te falei que a sua madrinha tem show hoje a noite e só vai chegar em casa de madrugada, que a Vitória vai para casa do outro pai dela. — Repeti pela terceira vez, colocando o tablet, meus carregadores e uma blusa de frio na mochila. — Amanhã ela vem te buscar.

— Dexa eu ir com o senhor então — Pediu fazendo voz de choro, escorregando o corpo para chão, fazendo birra. 

— Filha, tudo que eu mais queria era poder te levar comigo, mas eu estou indo trabalhar. Vamos fazer um combinado — Me abaixei perto dela — Você fica com a Tia Dani e a Tia Abby e eu prometo que quando eu voltar te trago um presente bem legal — Não sei se era certo querer comprá-la com presentes, mas eu me sentia culpado demais por deixá-la, mesmo que por pouco tempo.

— Eu quelo o Pantera Negra e o Thor — Está para nascer uma criança mais apaixonada pela Marvel que a minha filha. 

— Combinado — Falei dando um sorriso vitorioso

— Dani — Falei enquanto colocava minhas coisas na sala — Não deixa a Catarina ficar acordada até tarde, não deixa ela se entupir de besteiras, quando você chegar da escola vem direto para casa. O cartão de crédito está em cima da geladeira se precisar de alguma coisa. Você lembra a senha, né? 

— Lembro. — Respondeu impaciente — Você já repetiu tudo isso umas quinhentas vezes, está parecendo com a mamãe. Arthur, eu tenho praticamente dezoito anos, não sou mais criança, confia em mim. 

— Estou confiando — Mas era importante deixar claro — De qualquer forma a Abby está chegando para ficar com vocês.

— Você já disse isso também, Mamãe — Falou revirando os olhos

— Você me respeita garota — Disse achando graça, jogando uma almofada em sua direção. 

— Eu posso ficar com o meu celula? — Perguntou minha filha com os olhinhos pidões. No mês passado acabei comprando um aparelho para ela, depois dela encher meu telefone de joguinhos e fazer chamadas de video com a maioria dos meu meus contatos. Só evitava deixar o tempo todo com ela, se não ela passaria o dia inteiro só jogando e ligando para os poucos contatos da agenda dela. O Gil era um sofria na mão dela. 

— Vou deixar com você, mas nada de ficar jogando o dia todo.

[...]

Assim que cheguei em São Paulo a primeira coisa que fiz foi ligar para as meninas para saber se estavam bem. Agora eu entendo a preocupação dos meus pais quando sai de casa aos quatorze anos. 

Como já estava tarde e não teria nada para fazer na parte da noite, resolvi fazer uma live do hotel para me distrair. Conversei um pouco com Projota, com Caio, Rodolffo e por último com Gil. 

— Amigo, quando é que tu vai vir me ver? Estou morrendo de saudades — Comentou fazendo uma cara de sem vergonha e rindo em seguida. 

— Porque que sou eu que tenho que ir te ver? Você pode vir também. — Falei rindo

— Eu vou sim, semana que vem estou voltando para o Brasil. Você que me aguarde... — Comemorou levantando os braços — Aqui... Sua filha está me ligan... — Quando Gil percebeu o que tinha acabado de dizer já era tarde demais. Ainda mais por ter colocado a mão na boca assustado. Fui olhar os comentários da live e todas as perguntas que subiam eram sobre o mesmo assunto, tentei pensar em alguma coisa para mudar de o foco de todo mundo, mas nada vinha a mente. Eu paralisei. "Filha?" "O Gil falou filha?" "Que filha?" "Gente, eu escutei filha e vocês?" "Arthur, você tem uma filha?" "Gente, aonde foi que eu me perdi que o Arthur tem uma filha"

— Gil, seu boca de sacola — Falei rindo de desespero, sentindo meu estômago se revirar — Gente vou ter que desligar a live, amanhã falo com vocês. — Desliguei indo para o Twitter em seguida, para saber se aquilo iria render. Como eu imaginava a timeline só se falava sobre isso, não demoraria muito para entrar no trending Topics e logo mais nos sites de fofoca. 

Resolvi entrar em contato com minha assessoria e com meu advogado para ver como lidaríamos com aquilo antes que a bomba explodisse. Com muita conversa, decidimos que contaríamos aos fãs sobre ela, mas explicaria que por enquanto não poderia mostrá-la por causa do processo. 

Um tempo depois recebo uma mensagem do Gil pedindo mil desculpas pelo que tinha falado. Que tinha esquecido completamente que estava na live. Apesar de chateado, disse a ele que estava tudo bem, que daríamos um jeito de resolver. 

[...]

No dia seguinte, passei o dia inteiro nas gravações do comercial para um Banco Digital, parando apenas para o almoço. Quando conseguimos finalizar tudo já estava tarde, voltei para o hotel, certifiquei-me que estava tudo bem em casa, pedi meu jantar no quarto e apaguei.

1 - O que vocês acharam?
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