Capítulo 39

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ARTHUR PICOLI

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ARTHUR PICOLI

Quando imaginei o Natal com a minha família, criei uma expectativa de algo completamente diferente e não o clima estranho que tinha se formado, onde os casais se encontravam espalhados pela casa, comentando o ocorrido de mais cedo.

Chateado me sentei com uma lata de cerveja na mão em um degraus que dava acesso a pequena academia que tínhamos montado a pouco mais de um ano. No escuro, me peguei lembrando de como Dani abriu mão de toda estabilidade que tinha na casa dos nossos pais, para ficar comigo quando eu não estava bem, e quando chega o momento que eu deveria retribuir o que ela fez por mim, não consegui fazer nada de significativo para ajudá-la.

— Te procurei pela casa toda, garoto — Disse Carla com os olhos semicerrados tentando enxergar onde pisava pela caminho escuro. Quando estava perto o suficiente lhe estendi a mão para que não caísse na pequena escada. — A Catarina acabou de pegar no sono, estava perguntando de você — Falou sentando-se no vão das minhas pernas.

— Queria ficar um pouco sozinho — Respondi dando uma última golada na minha cerveja.

— Quer que eu saia? — Questionou virando o rosto na minha direção.

Certamente, se fosse a uns meses atrás ou qualquer outra pessoa me fazendo a mesma pergunta, minha resposta seria "sim", mas tê-la por perto, me acalmava, me dava uma sensação boa de bem estar. Era como se além de minha noiva, ela também fosse minha melhor amiga, a pessoa em quem eu conseguia confiar e me abrir.

— Não. Você pode ficar. — Dei ênfase na palavra para ela entendesse o que eu queria dizer.

— O que está passando pela sua cabeça, que está te deixando desse jeito? —  Indagou se encostando no meu peito — Não gosto de te ver assim.

— Estou me sentindo culpado por não ter conseguido apaziguar a situação. A Dani não merecia passar por isso. Entende?

— Entendo, mas sua mãe ainda está com a cabeça muito fechada e no calor do momento não havia nada que nenhum de nós pudesse fazer. Nesses casos é melhor esperar a poeira abaixar um pouco. Com o tempo ela vai mudando de ideia.

Ficamos um tempo no mais completo silêncio, enquanto ela, pensativa, passeava os dedos no contorno da minha tatuagem no braço, com o nome da minha mãe.

— Foi ela quem fez minha irmã morar no Rio... — Comecei a contar — Eu estava muito mal quando fiquei sabendo do seu casamento e não queriam me deixar sozinho. Acho que meus pais imaginavam que eu fosse me afundar de vez na bebida e olhando para trás, eu agradeço muito por ela ter topado.

— Não gosto nem de pensar no que você passou. Graças a Deus, estamos juntos, com uma filha e um casamento a caminho. 

Escutamos os barulhos de fogos de artificio se iniciarem ao fundo, conferi o horário só para ter certeza: Meia noite. Ignorando minha falta de entusiasmo ela levantou-se em um salto, enquanto centenas de luzes iluminavam o céu. 

O Amor Não Tem FimOnde histórias criam vida. Descubra agora