CHARLES CASTRO
Depois do susto na parte da tarde, busquei a menina na escola, e Carla, muito abalada optou por pegar o restante do dia de folga. Em casa, enquanto era cuidado pela amiga, eu permanecia do lado de fora, me corroendo por não poder estar com ela.
Pensei muito na possibilidade de acionar a policia para Felipe e acabar de vez com toda palhaçada, mas e depois? Como ele mesmo disse, meu emprego só existe por causa do risco que ele oferece, ou seja, eu voltaria para o Espírito Santo e o único contado que teria com ela seria através das redes sociais.
Em casa, no apartamento minúsculo de um quarto que aluguei assim que vim morar no Rio, olhei para os lados inconformado de como o mundo era injusto. Mesmo trabalhando desde os meus dezoito anos, eu nunca conseguia comprar uma casa no nível que o noivo tinha comprado para que eles morassem juntos.
Decidido, olhei para o relógio que marcava oito e meia da noite, peguei minha carteira, minhas chaves e segui para o local indicado. O procurei por alguns minutos, quando estava pronto para ir embora, ele para praticamente na minha frente:
— Eu sabia que você não iria resistir — Disse ele com olhar debochado — Podemos nos sentar mais a frente? — Olhei o lugar cheio de árvores praticamente todo escuro e o segui desconfiado, pronto para sacar a arma caso ele tentasse alguma gracinha.
— Fala rápido que não tenho o tempo todo — Falei impaciente — E que fique claro que eu estar aqui não significa que eu vá mesmo fazer alguma coisa.
— Vou ser breve — Falava tranquilamente — O homem que hoje está em coma, do qual não preciso mencionar o nome, já me causou muitos problemas, mas como sou benevolente, acho que ele já sofreu por tempo demais encima daquela cama. Penso que está na hora de o ajudarmos a descansar — A forma fria como ele tratava do assunto me assustava — Entende o que eu quero dizer?
— Onde eu entro nessa história?
— Sempre de sentinela, roupas alinhadas, a forma como você analisa tudo a sua volta, pronto para sacar a arma a qualquer segundo; Você já foi militar. Imagino que com o seu treinamento você saiba muito bem o que fazer para que uma pessoa descanse profundamente, sem chamar atenção.
— Por qual motivo eu faria isso?
— Por isso? — Disse ao colocar uma maleta preta em cima do banco ao meu lado — Essa é uma pequena parte... — Falou ao abrí-la e apontar a lanterna do celular para as incontáveis cédulas de duzentos reais — Tem muito mais de onde saiu esse.
— Dinheiro não é tudo na vida — A quem eu estava querendo enganar?
— A garota? Você quer a garota? — Ele riu de forma descarada — O amor é uma coisa tão linda — Ficou em silêncio por alguns segundos como se saboreasse do meu sofrimento — A partir do momento que o caminho estiver livre... Tenho que admitir, você é homem bonito... Suas chances aumentam significativamente, só vai depender de você.
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O Amor Não Tem Fim
Fiksi PenggemarArthur Picoli e Carla Diaz, viveram um romance intenso dentro de um programa de reality show de confinamento. Esse relacionamento acabou sendo julgado de diversas formas possíveis e chegando ao mundo real, percebem que apenas o sentimento que nutre...