CHARLES CASTRO
Nunca imaginei que alguém como eu, altamente treinado e capacitado para qualquer tipo de situação, estava cometendo erros tão primários e inaceitáveis. Tudo isso por conta de uma mulher.
Ou melhor: A mulher.
Meu Primeiro erro foi ter voltado quando vi a Carla passar pela porta do hospital, mesmo sabendo que o tempo combinado com o funcionário, dono do uniforme, já tinha se esgotado e eu corria um grande risco do garoto contar a polícia sobre mim.
Ali, parado no canto superior do corredor de cabeça baixa, com um flanela nas mãos, eu fingia descaradamente limpar um dos bebedouros quando alguém vinha na minha direção, e aproveitava para ouvir minha chefe, a pessoa que eu tanto amava, contar as novidades ao noivo, recém saído do coma, com uma empolgação que eu nunca tinha visto ela falar antes. Tudo era dito com tanto amor, com tanto carinho, que foi impossível não ficar com inveja, ciúmes e tristeza.
Meu segundo erro foi ter escutado aquela conversa até o final.
"Você É o amor da minha vida"
Aéreo, caminhava pelo corredor em busca da saída, quando escuto a voz dela me chamar, me tirando completamente do transe. "— Ela não pode me encontrar aqui" — Pensei apertando o passo.
— Charles — Chamou de novo. Definitivamente ela tinha me reconhecido. — Ei — Falou ao me acompanhar puxando a blusa me fazendo virar na direção dela. Meu coração deu um pulo na hora.
— O que você está fazendo com esse uniforme? — Perguntou me olhando de cima a baixo. Eu não estava acreditando que tinha sido pego por ela — Pode me explicar o que está acontecendo? — Questionou impaciente, a expressão dura — Tentei te ligar mais cedo...
— A senhora precisa confiar em mim — Foi o que consegui dizer. Eu estava desesperado. — Podemos conversar em um lugar mais reservado? — Estendi o braço na direção dela, mas ao perceber minha intenção, ela se afastou.
— É ele? — Perguntaram em alto e bom tom.
— É ele! — Escutei um grito atrás de mim — Foi ele quem pegou meu uniforme — Olhei na direção da voz apenas para ter certeza de quem se tratava e adicionar dois policiais a minha lista de problemas.
— Me perdoa, Carla — Falei apenas sentindo a adrenalina me tomar por completo.
Eu estava encurralado.
Por estar no final do corredor, a única saída estava bem a frente, no meio do caminho de onde eles vinham. Com muita sorte eu conseguiria correr o suficiente antes de eles me pegarem e assim fiz, procurado freneticamente um saída. Uma sala que levava a outras salas e corredores que me levavam a outros corredores. Corri. Corri com todas as minhas forças, derrubei materiais pelo caminho, esbarrei em pessoas e faltou pouco para tudo ir por água abaixo.
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O Amor Não Tem Fim
FanficArthur Picoli e Carla Diaz, viveram um romance intenso dentro de um programa de reality show de confinamento. Esse relacionamento acabou sendo julgado de diversas formas possíveis e chegando ao mundo real, percebem que apenas o sentimento que nutre...