- 35 - Amor de loucos

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Luísa narrando.
...

Havia uma intensa escuridão em todo lugar que eu havia, eu parecia estar em um buraco negro e as paredes eram grandes, ou pareciam. Tentei gritar mas nada, não importava o quão alto eu parecia gritar, ou o quanto eu me esforçava, o quanto eu queria, nenhum som saía da minha boca além dos soluços que me surpreenderam juntamente com as pesadas lagrimas que escorriam, estava muito escuro e sussurros bem baixinhos e distantes pareciam caminhar até mim, sussurros de vozes diferentes mas todas sinistras, algumas carregadas de deboche, outras de diversão e zombaria, ódio, raiva e vingança, todos me traziam diversos sentimentos e os sussurros só pareciam aumentar. Minha mente girava e eu me sentia ficar encolhida cada vez mais, a cada minuto que parecia se passar os sussurros deixavam de ser sussurros mais e estavam a beira de virarem gritos, as paredes que antes eram grandes e espaçosas pareciam se fechar e tirar meu ar, me sufocando de medo e terror sem que eu conseguisse evitar.

Derrepente eu estava encolhida com os braços ao redor do corpo soluçando e com o rosto coberto de lágrimas, pensamentos ruins que agora eram falas altas rondando pela minha mente e me deixando tonta e enjoada, não conseguia me concentrar em nada e minhas mãos tremiam, meus dentes tilintavam batendo uns nos outros como se eu estivesse no polo norte com roupas insuficientes, frio, insuficiente e com medo.

Derrepente um grande e poderoso feixo de luz é aberto acima da minha cabeça e uma voz sai de lá juntamente com uma silhueta de um homem que falava com a voz calma e carinhosa que tudo estava bem e eu só precisava estender a mão pra ele e sair dali, que os gritos não eram nada além de fruto da minha imaginação, e a escuridão só existia porque eu estava encolhida de mais pra ver a luz e as lagrimas borravam minha vista. E derrepente com uma brisa diferente eu estava em pé e sem lagrimas, disposta a aceitar ajuda do homem que tinha um sorriso familiar e a voz divertirda.

-Olá Muller.- fala assim que aceito sua mão e me assusto com o rosto de Barão derrepente,acabo soltando sua mão e caindo de volta, mas não era mais um poço ou um buraco qualquer, era um abismo,e eu só caia e caia gritando enquanto balançava meus braços e esticava minha mão como se algo fosse me segurar, eu vejo os cultos de pessoas que perdi enquanto eu caia, as pessoas que Derrepente te estavam sorrindo em um piscar de olhos tinham sangue no rosto, ou os olhos sem foco, suor escorrendo, todos me relembrando os motivos da morte.

E então eu acordo.

Ofegando e suada,me erguendo automaticamente e sendo recebida com mãos grandes em meus ombros.

-Hey se acalma! Está tudo bem.- sussurra Coringa me deitando novamente e o encaro confusa. - Você dormiu esperando Madelyn, te trouxe pra casa e quando te coloquei no quarto você estava queimando de febre.- começa a explicar com a voz rouca, parecia ter cochilado e acordado recentemente, agora passava um pano umido e frio pela minha testa com delicadeza. - não vai se lembrar, estava balbuciando algo sobre poço, que queria ver estrelas e parecia querer gritar, te dei um banho de água morna e a temperatura baixou.- ele põe a toalha molhada em meus pulsos me fazendo franziar a testa.- baixa a febre, eu acho. Você deve estar desidratrada. - sussurra se levantando e vai até o mini-frigobar do quarto. Olho ao redor confusa, era um quarto isso é obvio, mas a decoração não era como o do quarto dos hóspedes, era seu quarto.

-Não estou doente.- resmungo tirando os lenços da minha testa e meus pulsos.

-Talvez. Mas a fumaça te prejudicou, está cansada e desidratada.- fala me entregando uma garrafa de água aberta. Bebo longos goles o devolvendo logo depois e me ajeeito em sua cama me sentando com as costas apoiadas nos travesseiros, meus cabelos estavam amarrados em um rabo de cavalo e eu não tinha anéis, colar ou brincos. Estava de lingerie e camiseta e um cobertor grosso cobrindo minhas pernas. - te dei banho.- repete explicando a falta das minhas coisas e assinto devagar.

-Que horas sao?- pergunto olhando pra varanda do seu quarto que estava fechada com as grandes e pesadas cortinas impedindo a vista.

-Sete e meia da manhã.

-Você dormiu? E o Lukas? E a ramona? Já foram à escola? Madelyn? E o resultado da necro...- Começo a falar arregalando os olhos mas meu tom de voz vai diminuindo a medida que Breno se aproxima de mim, ele põe a mão delicadamente no meu rosto e aproxima seus lábios nos meus selando um beijo delicado e um tanto abrupto.

Ele me cala aos poucos e devagar eu retribuo igualmente com lentidão, os olhos fechados e minhas mãos hesitantes apoiadas em seu peito nú. Sua mão escorreu até minha nuca e a outra vagueou segurando sem firmeza minha cintura. Meus lábios pressionados os deles fazedo um pequena sucção nos deixou um pouco desnorteados mas eu não paro.

contorno com minha lingua seus lábios invadindo sua boca com movimentos equilibrados e suaves, então nossos lábios se separam alguns milímetros e nossas testas se colam, ambas as respirações mais profundas e um pouco aceleradas. Ele me dá pequenos e breves selinhos espalhando pela li nha do eu maxilar,descendo até meu pescoço e subindo novamente até chegar em minha orelha.

-não. precisa. se preocupar. com nada.- fala lentamente em um sussurro em meu ouvido mordendo o lóbulo e dá um selinho atras da minha orelha. - Não agora. Concorda?- Fala se afastando e concordo com um aceno de cabeça, a ponta dos meus dedos em seu peito contornando uma tatuagem de diabinha.

-estou com sono.- comento e ele sorri ladino.

-Durma. Chegamos muito tarde.- Fala sem preocupação.

-Deite comigo, não vou ter pesadelos se você me proteger.- Sussurro manhosa.

-Não precisa de mim pra se proteger.- retruca mas enquanto se deitava ao meu lado. - Acabe com quem te incomoda nos seus pensamentos querida.- sussurra beijando minha bochecha e suspiro colando meu rosto em seu peito.

-Não preciso. Vai fazer isso por mim. Rapunzel esperou o príncipe porque estava cansada de lutar, lute por mim.- Peço com um suspiro.

-não sou um principe, desculpa te decepcionar.

-não tem problema, os vilões são os melhores de qualquer modo. - resmungo sentindo lentamente o sono batalhando pra me levar. - Também não sou uma princesa.- resmungo bocejando e sinto o cobertor subindo até meus ombros, Breno me aperta e me deixa quentinha com o corpo bem perto do seu em uma posição agradável.

-Durma então diabinha. Te protejo.- resmunga por fim e beija minha testa, eu ergo e coloco pro lado meu rosto o suficiente pra que ele me dê um beijo antes de me render ao sono,e não tenho pesadelos ali, não sonho também, mas fico consciente que havia um homem a qual eu morreria pra salvar e que me abraçava enquanto eu dormia, que olhava minhas cicatrizes com admiração e não se importava se eu fosse uma confusão, na verdade parecia amar o sentimento de êxtase que a confusão trazia. Vai entender, talvez existissem pessoas loucas o suficiente pra amar outros loucos. Breno devia ser um deles e eu não podia estar mais grata.

...

Entre cicatrizes e recomeços - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora