- 37 - Apaixonados no céu e no inferno.

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-Votem e comentem-

Quarenta e oito horas depois.
Luísa narrando
...

-Não precisava ter feito isso.- Sussurra Madelyn e arqueio a sobrancelha.- não ache que não sei Muller.

-Não tenho ideia do que está falando.- sussurro desviando o olhar.

-Alguém ordenou para tiram de mim todos os papéis e coisas pra organizar o enterro justificando que essa pessoa mesma faria. Sabe quem foi o convencido excêntrico que acha que é capaz de mandar em mim?- Perguntou cinica me olhando desconfiada.

-Alguém muito esperto eu diria.- Dou de ombros e ela vejo ela sorrir bem pouco sem mostrar os dentes. - meus pêsames Madelyn.- sussurro por fim e ela balança a cabeça assentindo ainda olhando pro caixão preto a nossa frente.

-Não foi sua culpa Muller.- Assinto pressionando os lábios. - Me de vodka.

-Huh?- exclamo confusa e ela me olha firmemente.

-Me dê a vodka Muller. - Repete mais alto fazendo alguns nos olharem e reviro os olhos tirando o cantil do bolso interno da minha roupa e abro o cantil bebendo um longo gole antes de lhe dar. - Já agradeci pelo seu horrível jeito de amenizar as coisas?

-Na verdade, não.

-Lamento, não será agora que vou.- Quase rio a observando. Devagar ela vai até o caixão ainda aberto e põe o cantil la dentro sussurrando algumas coisas, sinto os serpentes vindo pro meu lado e atrás de mim formando filas organizadas em silêncio.

-Precisava de vodka também.- resmunga Ramon ao meu lado esquerdo e vejo de esguelha Christina repetir meu ato e entrega-lo.

O caixão preto se fecha e Madelyn observa de perto o mesmo ser enterrado e baixo o olhar quando começam a jogar a terra em silêncio, franzo a sobrancelha quando alguém chega derrepente no velório e vai diretamente até Madelyn que abraça a pessoa com força, era uma mulher, de cabelos loiros com os lados raspados, era um pouco mais alta que Madelyn e estava totalmente de preto também, não dava pra ver seu rosto direito mas era possível ver que tinham muita intimidade, tanta que eu quase me engasgo quando Madelyn segura o rosto dela e a beija. A mulher até agora desconhecida retribuiu segurando a nuca dela.

Olho pras pessoas que meu lado esperando uma explicação do relacionamento que ao julgar a expressão de todos, ninguém sabia.

-Era por isso que ela não quis ficar comigo!

-Garanto que esse não é o principal motivo.- Responde Ramon baixo e quase rio também, mas olho pra cova cada vez mais cheia e me viro pra Christina.

-Diga que eu já fui se Madelyn perguntar por mim.- sussurro e ela franze a testa mas assente.

-Até mais Luísa.- sussurra com um aceno de cabeça e faço o mesmo e antes de ir dou mais uma olhada na cova.

-desculpe Blair.- resmungo e volto a andar saindo do cemitério, o corpo tinha sido enterrado no Rio de Janeiro mesmo, dizia em uma carta que Blair queria ser enterrada na cidade de nascença. Penso em perguntar ao Coringa se ele iria querer ser enterrado ou cremado, e onde o enterrar ou jogar suas cinzas, mas achei deplorável de mais até pra mim. Quando me lembro que foi o próprio que veio me deixar resmungo um xingamento, vou ter que pedir um taxi porque ele deve estar ocupado com a b...

Mal termino meu próprio pensamento quando saio da entrada do cemitério e encontro um Breno Alcantâra de terno e gravat preta, lenço branco na lapela e óculos escuros, seus sapatos quase brilham no sol e usava o relógio do seu pai no pulso, encostado em um carro preto de luxo e sério enquanto olhava para seu celular. Ele por inteiro estava sexy, o cabelo, a postura, até quando ele leu algo no celular e revirou os olhos enquanto passava a mão no cabelo era bonito, não me admira as mães ficarem babando por ele se é assim que ele age esperando o Lukas sair da escola.

Talvez eu devesse sempre pegar os garotos na escola. 

Dou alguns passos a frente bem quando ele ergue o olhar e dá um sorriso sem mostrar os dentes, seu olhar transmitindo uma pergunta silênciosa dizendo "Está bem?" Eu não estava bem, mas poderia estar pior e poderia não ter um Breno me esperando. Um Breno que ignora as mensagens que chegam no seu celular só pra ter total concentração em mim e assim que fico em sua frente abre os braços um pouco me convidando para um abraço que aceito sem hesitar.

-Desculpe não poder ter ficado todo o tempo, tive que resolver uma coisa.

-Não precisava ter vindo. - Sussurro respirando fundo pra sentir mais do aroma do seu perfume.- obrigada por vir.- resmungo também, ele beija minha bochecha se afastando um pouco pra me olhar nos olhos.

-Está bem?- pergunto e assinto com um aceno de cabeça e passo minhas mãos até sua nuca.

-Posso te beijar uma vezinha em público?

-Pode me beijar quantas vezes quiser até no inferno.- sussurra sem pestanejar ou sorrir zombeteiro e puxo seu rosto um pouco mais pra perto do meu, pressiono meus lábios nos seus com força, ele abre a boca retribuindo e nossa linguas entram no jogo também, ele segura minha cintura com determinação e sinto uma lágrima escorrer pelo meu rosto, ele quer recuar, quer perguntar se estou realmente bem, sei que quer. Mas não o deixo, continuo a beija-lo pensando em quantos beijos poderia ter dado nele se não tivesse fugido, mas também penso que talvez eu não o estivesse o beijando agora se não tivesse feito aquilo, então penso até quando vou poder beija-lo, penso se ele vai se cansar de mim e quando isso vai aconteçer, me pergunto quando ele vai explodir e dizer que fui uma filha da puta por fugir, penso o que eu teria que fazer pra um dia poder mereçe-lo. 

O beijo mesmo não mereçendo, o deixo fazer o beijo quase violento virar delicado, o deixo levar meus pensamentos embora com o cafúne em minha nuca e deixo ele lamber com a ponta da lingua a lagrima salgado do meu rosto enquanto se afasta,mesmo que eu esteja com uma careta não reclamo pelo gesto, poderia arrancar meu coração com uma faca enferrujada e o entregar se ele pedisse. 

Penso se algum dia vou parar de me importar com ele. 

Quando ele olha em meus olhos com a mesma pergunta silênciosa que antes eu aceno com a cabeça em confirmação e ele beija minha bochecha mais uma vez nos afastando da porta do carro pra poder abri-la .

nunca iria parar de me importar.

Penso e entro no carro deixando que ele feche a porta por mim, ele rodeia o carro para entrar também e responde rapidamente alguém antes de ligar o carro, ele ofereçe uma das mãos para segurar depois que dá marcha no carro e hesitante eu coloco minha mão sobre a sua, ele aperta com convicção sem tirar o olhar da estrada.

Quantas vezes é possível você se apaixonar pela mesma pessoa?

Me pergunto mas não consigo achar uma resposta então deixo ora lá aproveitando a sensação e o sentimento.

...

Deixem um "Vá em paz, Blair" nos comentários 🖤

Um capítulo um pouco sofrido mas romântico??
nem eu entendi mas meu coração tá quentinho com a aproximação deles, mesmo que a situação agora não esteja das melhores.

Entre cicatrizes e recomeços - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora