- 54 - Ameaças

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Luísa narrando.
...

-Ela não tinha esse dinheiro. - Retrucou desconfiada. - Se tivesse, não teria morrido.

-Nao é tudo dela, também é nosso, somos amigos dela e prometemos que faríamos o nessecario pra bebê sobreviver, meio milhão é suficiente pra ela ter uma boa condição de vida e crescer bem. - Explica Luísa, a mulher concordou devagar ainda meio atrás.

-Tudo bem, vamos nos sentar pra vermos isso direito. - Ela falou e eles concordaram voltando pra sala onde ficaram.

-Pode me dar um lenço molhado? Acanei me cortando com a janela, dois copos de água também. - Eu pedi e ela concordou e pigarreou pedindo para Coringa segurar a bebê, ele o fez lhe pegando com cuidado e observou a bebe se encolher em seus braços na posição que ele fez a deixando confortável. Ele me olhou e me encorajou a tocar na criatura de cabelo ruivo. Eu o fiz com cuidado, toquei na sua mão e sorri de canto quando ela agarrou.

A mulher voltou e entregou o lenço pra mim que limpei o braço arranhado de Coringa que sibilou de dor mas me deixou limpar a ferida, a mulher né entregou uma caixa de primeiros socorros e ficou calada até que eu tivesse terminado o rápido curativo.

-Entao...

-É o seguinte... - Coringa tirou a arma das costas e desengatilhou apontando pra mulher, seus olhos sérios e toda a adoração e fofura que antes estavam presentes em seu rosto foram substituídas em um segundo para a concentração e a ameaça, a bebê em seu colo estava calma entretanto. - Valquíria nos deixou uma carta afirmando que a guarda é nossa, vamos levar a bebê, vamos pagar uma quantidade pra você ficar com a boca calada e não incomodar a gente, e só.

-Mas...

-Nao tem herança porra nenhuma, se nós não tivéssemos aparecido você ia criar a bebê sem nem um real, é melhor ela vir com a gente e você ficar com um pouco de grana. Não concorda?- Seu tom não era de quem realmente esperava uma resposta sem ser "Sim Sr." O interior das minhas pernas latejaram com o pensamento de ter aquele rosto concentrado e ameaçador acima de mim segurando minha cintura ou meus pulsos. - Quero todos os documentos e qualquer coisa que a bebê não posso dormir sem. Brinquedo preferido ou algo assim, o resto você pode vender e fazer o que quiser com o dinheiro. - Ele falou guardando a arma e se levantou. - Quantos anos ela tem?

-Vai completar um daqui a dois meses. Valquiria não queria se apegar a ela, não sei onde anda o registro dela, tudo que tenho é a carteira de vacinação

-Ela não tem nome?- Falou incrédulo.

-A chamo de Eris. - Falou dando de ombros e travei o maxilar. - Acho bonito.

-O nome dela não vai ser o mesmo da deusa da discórdia na mitologia grega. - Afirmei e Grego se surpreendeu com a curiosidade e concordou. - Heather é o nome dela de agora em diante. Pegue o que ela tiver, vou fazer um cheque pra você e vamos vazar antes que os vizinhos venham e chamem a polícia. - Comento e a mulher me obedece entrando em um corredor, eu tiro a carteira do bolso e puxo um cheque meio amassado, pego uma caneta jogada no balcão e rabisco alguns números e minha assinatura enquanto Coringa me observa.

-Vou te pagar.

-Me deixe pagar e fique calado Coringa. - Sussurrei guardando a carteira e pus o cheque na mesa antes de me virar pra olhar pra bebê. -Ela te adorou.

-Ela gostou do perfume, eu acho - ele explicou sorrindo de canto. - Quer pega-la?

-Hum...

-Por mim huh? E por meu braço, já está doendo.- Ele faz careta, estava mentindo, sei que podia estar doendo mas se Coringa tivesse que me carregar pra fora nos braços assim ele o faria em um piscar sem reclamar de dor em momento algum. Mesmo assim eu segurei a bebê com cuidado e antes que ela começasse a chorar eu a-balancei e sussurrei aqueles típicos ruídos de "conforto" pra criança. - Você também é ótima nisso.

-Ela é só... calma. - Sussurro franzindo as festas e sorrio de canto, a mulher que ainda não fiz questão de saber o nome voltou a sala colocando a bolsa da Heather na mesa junto com um urso de pelúcia e um mordedor de dinossauro de lado, se sentou na poltrona agarrando o cheque e pôs uma mão sobre a boca em um ato de perplexidade. - Não vamos incomodar você e nem você a nós, isso é pra manter sua boca fechada pra polícia ou qualquer um que perguntar sobre a Heather.

-Quem são vocês?- Sussurrou assustada enquanto Coringa se levantava e o acompanhei. Coringa sorriu para mulher e se inclinou em sua direção, uma mecha do seu cabelo caiu sobre sua testa e um botão da sua camiseta se soltou acidentalmente e enguli em seco pigarreando baixo.

-Costumavam me chamar de Coringa, quando torturo eu faço um risco daqui...- Ele pôs o dedo no canto da boca da mulher e traçou uma longa linha sobre a boca da mulher.- Até aqui. Sei o que fez com Valquiria, como a humilhou e preferiu deixar que ela vivesse nas ruas a morar sob seu teto, sei que se não pegasse a criança de você ela teria uma visão errada da mãe, então é melhor você se ajoelhar e agradecer por eu não te matar e deixar seu sangue escorrer aqui, tenho certeza que ninguém sentiria sua falta. Agradeça a mim e a Heather porque não vou fazer isso na frente dela. E esse dinheiro...- Ele riu observando o valor escrito no cheque enquanto segurava com força o queixo da mulher- não merece nem um quinto dele, mas aproveite. - Ele a soltou com brutalidade e pôs a alça da bolsa no ombro segurando os dois brinquedos em uma mão só- Até nunca mais. - Cantarolou rodeando minha cintura e sorri acenando com cinismo enquanto saia da sua casa, percorremos a calçada calmamente ignorando os vizinhos que tentavam espiar pela janela embora não se arriscassem a abrir muito dela, Coringa me ajudou a colocar Heather na cadeirinha que antes já foi da Summer e a entregamos o mordedor de dinossauro.

Antes de entrarmos no carro eu o puxei pela camiseta e lhe fiz ficar frente a frente a mim, devagar eu beijei seu peito nu e mordisquei seu mamilo visível e ele grunhiu enquanto eu fechava sua camiseta. Entao me encarou em silêncio por vários segundos que me pareceram décadas enquanto eu sentia um arrepiar percorrer minha espinha, ele não sorria, ele só me encarava com algo nos olhos que eu não conseguia identificar mas que me fez perder o fôlego.

Ele se inclinou e eu realmente prendi a respiração quase fechando os olhos, e iria sussurrar algo no meu ouvido? Me beijar? Beijar meu pescoço? Me abraçar ou apertar minha bunda? Minha mente tentava raciocinar, mas ele só abriu a porta do carro atrás de mim e se afastou devagar depois.

-Entre. Vamos pra casa. - Ele sussurrou e deu a volta, eu reprimi um rosnado frustrado e um revirar dos olhos e entrei no carro cruzando os braços ao redor dos ombros, ele entrou calmamente, pôs o cinto e me mandou por também, deu uma última olhada na Heather e deu partida no carro.

-Voce está bravo comigo?- Ele negou franzindo a sobrancelha. - Triste? Preocupado? Magoado? Tentando me ignorar?- Eu sugeri bufando e ele negou e me olhou por alguns segundos antes de voltar a olhar para a estrada e depois de alguns segundos parar no sinal vermelho. - Deixa eu te beijar. - Falei e ele negou me surpreendendo. - Huh?!

-Se você se inclinar eu vou ver mais ainda seu decote, vou te puxar pro meu colo dirigir até um beco ou um estacionamento qualquer e te foder contra o volante, te deixar ainda mais dolorida não é uma boa ideia. - Ele explica e olha pra Heather que havia jogado seu brinquedo pra longe. - E a Heather está aqui então como minha ideia não pode ser realizada eu só ficaria duro, estou tentando evitar. - Ele termina de se explicar e encosto no banco lhe observando com um sorriso largo. - Pare.

-Você me ama não é?

-Mais do que alguém acharia possível. - Concorda, sinto minhas bochechas começaram a doer pelo sorriso, me inclino e beijo sua bochecha

-Te amo, Breno. - Falo antes de voltar ao meu banco e lhe observo ficar constrangido mas com um sorrisinho no rosto enquanto dirige, aquela cara que sempre demonstrou que era o amor da minha vida.

...

Capitulo com prováveis erros ortográficos além do usual, espero ter tempo de corrigir algumas coisas em breve, de qualquer jeito, aproveitem:)

Entre cicatrizes e recomeços - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora