Kate Bishop (Parte 3)

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S/N on

Eu não morri, o que é ótimo, as coisas vão bem, eu contei pra Kate sobre o que eu sentia e felizmente era recíproco, começamos a namorar, eu ajudo a Pepper com os assuntos da empresa e com a Morgan, eu deveria assumir as indústrias Stark mas eu não queria isso agora e Pepper concordou em continuar até que eu me sentisse preparada, visitei alguns dos antigos vingadores, Yelena foi me ver no hospital, ela se desculpou e eu disse que tava tudo bem, mantivemos contato desde então e nos tornamos amigas, eu convidei ela pra morar comigo mas ela disse que gosta de ter seu próprio apartamento mas prometeu sempre ligar, a mãe da Kate foi presa e agora ela tá comandando a empresa.
Agora estou em frente a minha antiga casa, a casa que eu não piso a 16 anos, a casa onde morei com a minha mãe até os 5 anos, eu fui fruto de uma noite só, não fui desejada mas isso não impediu que eu recebesse todo o amor e carinho possível, minha mãe contou ao meu pai que estava grávida assim que soube e ele disse que assumiria a criança, sempre que ele podia vinha me visitar, nunca faltou a nenhum aniversário, nunca deixou de me enviar um presente no natal, às vezes eu passava o natal com ele e às vezes com minha mãe, foi aí que eu conheci a Pepper e o Happy.
A casa ficava um pouco afastada da cidade e por incrível que pareça não estava tão mal, caminhei até a mesma e abri a porta, os móveis ainda permaneciam ali, agora empoeirados e velhos, os porta-retratos ainda continham fotos agora desgastadas, caminhei até o quarto que um dia foi meu, e que quando o deixei não levei nada além do meu urso de pelúcia Bob, nas paredes ainda podia ver um pouco do rosa que elas um dia tiveram, sai dali e fui até o quarto que dividia com a minha mãe nas noites de tempestades, onde antes que eu pudesse bater na porta minha mãe já abria e me pegava no colo pra podermos dormir juntas.
"Fique calma pequena, as tempestades sempre passam e eu sempre estarei com você quando elas começarem."
Minha mãe costumava me dizer isso, abri a porta do mesmo e ainda estava do mesmo jeito que 16 anos atrás, as estantes ainda tinham seus livros mas estavam tão velhos que eu tinha medo de encostar e eles se desfazerem, a cama tão bem arrumada como ela deixou naquele dia de manhã, os lençóis antes brancos agora tinham uma coloração marrom devido a poeira que acumulou ali por tantos anos, o espelho ainda tinha a marca de um bigode feito com batom, que fizemos assim que acordamos, o guarda-roupa tão simples mas tão bonito, que um dia foi pintado de branco, agora tinha algumas partes marrons devido ao desgaste causado pelo tempo, me aproximei do mesmo e o abri, as roupas ainda estavam lá, passei a mão pelas diversas peças até que algo me chamou atenção, havia uma caixinha, escondida atrás das roupas, peguei a mesma e vi que estava trancada, procurei pela chave e a encontrei em uma gaveta.
Dei uma última olhada ao redor daquele quarto que me trás tantas lembranças boas e uma tão ruim que eu jamais vou conseguir esquecer, sai da casa com a caixinha em mãos e caminhei até meu carro, sentei no capô do mesmo e abri a caixinha, nela havia alguns papéis, algumas fotos e um pequeno caderno, tudo em perfeito estado, peguei as fotos e começei a observá-las, eram fotos minhas e da minha mãe, em todas ela esbanjava aquele sorriso único que ela tinha, mas que todos insistiam em dizer que eu também o tinha, em uma das fotos era eu, ela e meu pai, era meu aniversário de 3 anos, eu estava vestida de fada e fazendo uma careta com a língua pra fora, minha mãe tinha uma coroa de princesa na cabeça e uma varinha nas mãos enquanto tinha um biquinho nos lábios e meu pai usava asas de fada, um tutu de ballet e uma tiara com 2 pompons que balançavam enquanto tinha uma careta engraçada no rosto, sorri ao me lembrar desse dia, coloquei as fotos sobre o carro e peguei o caderno, era um caderno com a capa de couro, as iniciais A.M ocupavam o centro, " Aurora Miller" pensei, o caderno devia pertencer a minha mãe, abri o mesmo me deparando com sua caligrafia suave, o caderno era uma espécie de diário, as primeiras páginas não me interessavam até que cheguei a uma parte que dizia.

"Ela tem crescido saudável, a minha garotinha é extremamente gentil, ela ainda não manifestou nada, acredito que ela ainda seja jovem demais"

Eu não entendi nada do que estava escrito ali mas sabia que era sobre mim, continuei a passar as páginas com cuidado observando cada detalhe e de novo algo chamou a minha atenção.

"Hoje pela tarde ela trouxe um coelho de volta a vida, o animal era importante pra ela, ela ganhou do pai quando tinha 2 anos, eu não sei exatamente como aconteceu mas estávamos prestes a enterrar o bichinho, ela estava chorando e pediu pra que o bichinho voltasse e de repente ele se levantou e pulou em direção a garota"

Eu estava completamente confusa, eu me lembro desse dia mas achei que ele só estava dormindo, passei a página novamente.

"Os boatos correm por toda canto e mesmo morando afastada eles chegaram em mim, pelo que eu soube um grupo de religiosos estão me acusando de bruxaria e estão vindo até aqui, eu não posso fugir ou então todos vão começar a achar que eu realmente uso magia negra, eu quero proteger a minha garotinha e farei isso, o meu futuro não é dos melhores mas o dela é brilhante"

Então ela sabia, sabia que viriam e sabia que morreria, foi por isso que me mandou ir ao bosque buscar flores naquela tarde em que ouvimos gritos do lado de fora de casa, ela me entregou uma cesta e mandou que eu trouxesse uma flor de cada, o bosque era enorme e composta por dezenas de espécies de flores, mas eu fui feliz por que eu achei que era uma missão, quando estava na sexta flor ouvi mais gritos e olhei em direção a casa, eu estava um pouco longe então não dava pra ouvir direito mas eu pude ver o momento em que minha mãe caiu no chão e um homem tinha uma arma nas mãos, deixei a cesta cair e no momento em que o homem ia olhar pela janela eu me deitei na grama alta, quando escutei barulhos de carro me levantei e os vi ir embora, começei a correr em direção a casa, entrei e subi o mais rápido em direção ao seu quarto e foi ali que eu me deparei com a cena mais aterrorizante da minha vida, minha mãe estava no chão sobre uma poça de sangue, ela disse que ficaria tudo bem, peguei o telefone e liguei pro meu pai mas não consegui falar nada, eu tinha apenas 5 anos e estava horroriza, quando consegui dizer não foi nada mais que um "Eu acho que ela vai virar uma estrelinha", meu pai pediu pra que eu ficasse com o celular ligado e eu fiz ele disse que estava a caminho e durante todo o percurso dizia que tava tudo bem, mas eu nem sequer prestava atenção eu chorava observando minha mãe ali, eu fiquei 15 minutos parada no mesmo lugar com a mesma expressão no rosto até meu pai entrar e me puxar pro colo dele.
Balancei a cabeça pra tentar afastar os pensamentos, quando cheguei a última página do diário fiquei surpresa com a última anotação, era como se ela tivesse sido escrita pra mim.

"Você é mais forte do que pensa, você tem dentro de si algo que ninguém mais tem, você é única, é especial, e você sabe disso, há um pequeno cristal no fundo dessa caixa quando pegá-lo coloque sobre a marca que tem no seu pulso e verá o que a magia pode fazer"

Procurei pelo cristal e quando o encontrei coloquei o mesmo sobre a minha marca que até então achei que não fosse nada além de uma marca de nascença, mas a marca se transformou em um desenho de uma pequena lua.

"Você deve ter feito isso e agora deve estar se perguntando o que isso significa, essa é uma marca dada as feiticeiras do Norte, éramos muitas e vivíamos em uma vila ao Norte do país mas então ela foi invadida por religiosos e queimada, muitas morreram e algumas conseguiram fugir, a lua é a nossa protetora, mas você não é apenas um feiticeira do Norte, você é portadora de das coisas mais valiosas de todo o universo, a jóia da vida, você pode fazer coisas incríveis com ela, então use-á para o bem"

Eu já havia ouvido dizer sobre a jóia da vida algumas vezes, pelo que sei ela pode dar vida aquilo que não tem e pode tirar daquilo que tem, e com um pouco mais de esforço pode trazer pessoas de volta a vida, fui tirada dos meus pensamentos com o barulho do meu celular, percebi que o mesmo estava dentro do carro e peguei vendo o a foto de Kate na tela.

A imaginação transformaOnde histórias criam vida. Descubra agora