Capítulo 1: Família Bizarra.

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Emma

Estou com a cara enfiada no livro desde que a aula começou. Folheando as páginas sem parar. Eu estava praticamente engolindo o livro, vendo Lou se declarar para Will, enquanto tentava convence-lo a não desistir de viver.

—Argh! —Soltei um resmungo, assustando Ashley, a nerd da escola que se sentava do meu lado em todas as aulas. —Foi mal. Acabei de ter uma grande decepção no livro. —Soltei um suspiro frustrado. —Acredita que ele não desistiu do que queria? Ele acabou de quebrar o coração da Lou e o meu também. —Fechei o livro com força e Ashley me encarou como se eu fosse doida. —Droga, eu estava esperando um final feliz.

—Você sabe que tem o filme, né? —Carly, a garota irritante e fofoqueira da minha sala, que por azar sentava na minha frente, se virou e apontou para o livro que eu segurava. —Como eu era antes de você... Tem o filme.

—E...? —Ergui as sobrancelhas, esperando que ela falasse algo que certamente não me interessava.

—Porque está lendo o livro se tem o filme? Você sabe que no final ele morre, não é? É super triste. Eu chorei horrores e... —Eu soltei o livro com força na mesa, fazendo ela e Ashley darem um pulo.

—Ash, garota, pelo amor de Deus, me diz que ela não falou isso! —Praticamente implorei, arregalando os olhos para Carly.

—Lamento, mas ela disse. —Ashley fechou a apostila e começou a guardas as coisas, balançando a cabeça negativamente.

—O que foi que eu disse? —Carly fez uma careta.

—Além de me dar tem spoiler? —Indaguei estressada e sem paciência. —Você acabou de rebaixar um livro de sucesso a uma simples adaptação. —Ela abriu a boca e eu ergui a mão para fazê-la parar. —Por favor, apenas pare! Apenas pare!

—Metida. —Carly resmungou, baixinho, se virando para frente. Revirei os olhos e me coloquei de pé, enfiando todas as minhas coisas na minha mochila quando ouvi o sinal bater. Graças a Deus era o último dia de aula e finalmente, férias! Tudo bem que eram apenas algumas semanas pra aproveitar o verão. Mas iam ser as melhores semanas.

Sai para o corredor, sorrindo para todos os meus amigos que me cumprimentavam. Como parte do time das líderes de torcida, eu era bem conhecida. Além disso, eu ainda era irmã de dois jogadores titulares do time, Peter, meu irmão gêmeo, e o Zack, que é meio que meu irmão emprestado. Aliás, era eles que eu estava procurando enquanto ia na direção do refeitório.

—Emma, minha líder de torcida favorita. —Abri um sorriso quando ouvi a voz de Mac. Ele estava no último ano e estávamos saindo a algum tempo. Não, ele não fazia parte do time porque não curtia jogar futebol americano. Sua área estava mais para o basquete e ele era muito bom nisso, porque eu já tinha visto ele jogar. Mac tinha cabelos loiros e olhos escuros. Era um dos caras mais bonitos do colégio.

—Oi, Mac. —Abri mais meu sorriso quando ele deu um beijo estralado no meu rosto.

—Estava me procurando? —Fiz uma careta.

—Na verdade, não. Eu estava procurando meus irmãos. Mas eles parecem ter evaporado no ar. —Falei, olhando envolta como se esperasse que eles milagrosamente aparecessem.

—Eu achei que você não se dava bem com seu irmão gêmeo. —Ele franziu a testa e fez uma careta. —Mas você vive grudada nele e no Zack.

—Eles são meus irmãos. E eu me dou bem com o Peter. A gente só vive se provocando as vezes. Mas é coisa de irmãos. —Falei, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. Mac era filho único, então ele não entendia muito dessa coisa de irmãos. Não que fizesse diferença, ele ja havia dito que da graças a Deus por ser filho único.

—Cara, você tem muitos irmãos. —Mac se escorou no armário ao lado dele, enquanto eu ainda procurava Zack e Peter pelo corredor. Eu precisava deles para desabafar sobre meu sofrimento com o livro.

Os dois leem? Não, eles possam muito longe de livros de romance. Mas eles sempre param para me ouvir quando eu fico muito animada ou decepcionada com algum livro.

—Seus pais por acaso não conhecem camisinha? Pra que tanto filho? —Eu olhei para Mac, tendendo entender de onde estava vindo aquele assunto.

—O que você disse? —Indaguei. Eu realmente não havia prestado atenção em nada do que ele havia dito.

—Seus pais, parecem que não conhecem camisinha. Pra que tanto filho? Só um não estava de bom tamanho? —Mac riu, enquanto minha expressão ia de animação por vê-lo, para algo como decepção. —E o pior, não basta você e o seu irmão estranho de gêmeos. Sua mãe tá grávida de gêmeos de novo! Cara, sua família é bizarra.

Eu disse decepção? Eu quis dizer ranço mesmo.

—Família bizarra? —Indaguei, apertando a alça da mochila e vendo que Peter e Zack estavam vindo no final do corredor.

—Não me leve a mal, gata, mas sua família é estranha. Ninguém hoje em dia tem um time de futebol em casa. —Ele soltou outra risada e eu curvei os olhos.

—O que você disse sobre o Peter? —Questionei, parando bem na frente de Mac. —Acha ele estranho?

—Acho? Não, eu tenho certeza. O cara parece um nerd. Não tem namorada e vai bem nos estudos. Só faltou os óculos fundo de garrafa. —Eu cerrei minhas mãos e Mac finalmente pareceu ter notado minha expressão séria. —O que foi, gata?

—Minha família não é bizarra. Mas entendo que não entenda nada sobre família, já que você tem uma ervilha no lugar do cérebro. —Ele parou de sorrir e eu balancei a cabeça negativamente. —Minha mãe sabe muito bem o que é uma camisinha, a questão é que ela queria mais filhos e nos mais irmãos. E só eu posso falar mal do Peter.

Empurrei ele para o lado e fui em direção a Zack e Peter, que me encaravam sem entender nada do que estava acontecendo, já que Mac ainda estava me chamando.

—O que foi isso? —Os dois questionaram juntos.

—Ele te machucou? —Zack me olhou preocupado.

—Te ofendeu? —Peter prosseguiu.

—Não, ele é só um idiota. —Puxei os dois pelo braço, para voltarmos andar. —Relaxem, se ele tivesse me ofendido ou qualquer coisa, eu teria dado um soco bem dado na cara dele.

—Ah disso eu não duvido nada. —Peter afirmou e eu dei um tapão nele. —Sua doída!



Continua...

10 Maneiras de Sobreviver as Férias / Vol. 2Onde histórias criam vida. Descubra agora