Capítulo 36: Harry Potter.

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Peter

Fazia 3o minutos que Collin tinha saído com Emma. Eu e Peter estávamos sentados no sofá olhando para o relógio na parede, como se milagrosamente ele fosse pular as horas até ela voltar.

—Pelo amor de Deus! —Dona Silvia parou na nossa frente, colocando as mãos na cintura, enquanto eu ouvia a risada da tia Mariana vindo da cozinha. —Vão fazer alguma coisa vocês dois. Ela não vai voltar em meia hora.

—Mas... —A gente começou. Mas paramos quando ela apontou para a escada, silenciosamente nós mandamos para os nossos quartos. Suspiramos derrotados e fizemos o que ela mandou.

—E nada de ligar pra ela! —Exclamou, quando já estávamos subindo as escadas. Zack entrou no quarto de hóspedes, que Bia estava dividindo com a tia Mariana desde que ela chegou a alguns dias. Antes que Zack fechasse a porta atrás de si, Snow passou correndo por ela e parou no meio do corredor, se lambendo.

—Madame. —Falei, pegando o mesmo e dando uma afofada nele, que miou como se estivesse resmungando do carinho. Entrei no meu quarto com ele, me jogando sobre a cama, deixando ele xeretar aonde quisesse, como o gato curioso que era. —O que será que a senhorita irritadinha está fazendo, hein?

Me sentei na cama, abrindo o Instagram e vendo que ela havia postado um story assistindo Harry Potter a alguns poucos minutos. Sorri com aquilo e sai do quarto, indo até o de Zack, sabendo que ele não estava lá para me provocar, e olhei pela janela, vendo o quarto de Anne com as luzes apagadas, mas com a claridade do que deveria ser a tela de um notebook ou da tv.

Sai do quarto na mesma hora, descendo as escadas na ponta dos pés. Não queria que minha mãe me visse saindo e achasse que eu estava indo atrás de Emma. Ela comeria meu fígado se achasse isso. Fui em direção a porta que dava para a garagem, saindo pelos fundos da casa. Dei volta na casa, erguendo os olhos para a janela de Anne. Tinha uma goiabeira bem do lado, fácil de escalar. Pulei a cerca de madeira pintada de branca que separava os jardins e comecei a escalar a árvore, olhando ao redor para ter certeza que ninguém ia me ver.

—Anne? —Agarrei o suporte da janela, agradecendo mentalmente por eles não terem grades nas janelas, igual a gente.

—Mas o que... —Ela estava deitada na cama e se colocou de pé no susto, arregalando os olhos ao me ver ali, pendurado na janela. —Peter? O que diabos você tá fazendo?

—Pode dar uma ajudinha aqui? —Indaguei, gesticulando para a janela fechada. Ela correu até a mesma, abrindo ela e me puxando para dentro sem cuidado alguém. Me desequilibrei, caindo de cara no chão, derrubando alguma coisa no caminho.

—Anne, que barulho foi esse? —Me sentei no chão, com Anne tampando a minha boca e arregalando os olhos ao ouvir a voz da mãe. —Ta tudo bem, filha?

—Tá sim, mãe. Só derrubei uns livros. —Ela fez cara feia pra mim, me puxando para longe da janela para poder fechá-la de novo. Suspirei aliviado ao perceber que pelo menos ela não me expulsaria dali, me jogando pela janela. —O que você pensa que tá fazendo?

—Sempre quis pular a janela da casa de alguém. —Falei, me sentando na cadeira de rodinhas que ela tinha em frente a escrivaninha. O quarto dela tinha um tom roxo escuro nas paredes, com pôsteres de filmes de ação por todo lado e de várias bandas. Havia um único urso de pelúcia branco, de coelho em uma pequena prateleira com livros. Roupas e sapatos por todo canto. Era a primeira vez que eu vinha no quarto dela. Na verdade era a primeira vez que eu fazia algo assim. Na última semana a gente só se viu nas vezes que eu e meus irmãos vínhamos aqui falar com a Dafine. Talvez eu tenha roubado um ou dois beijos dela nessas visitas.

—E tinha que ser justo a minha? —Indagou, parecendo contrariada. Sorri ao ver que ela usava um pijama rosa, com os cabelos vermelhos presos em um coque completamente desajeitado.

Cara, como ela era linda!

—Você está com aquela cara de derrame de novo. —Murmurou, voltando para a cama e empurrando o notebook de lado.

—E eu esperando um elogio. —Resmunguei, vendo ela esconder um sorriso. —E respondendo a sua pergunta, sim, tinha que ser a sua janela. Era você que eu queria ver e não outra pessoa.

Ela me encarou, cerrando os olhos e parecendo desconfiada. Abri um sorriso provocativo, arqueando uma das sobrancelhas.

—Podia ter me convidado para assistir Harry Potter com você. —Afirmei, levando a mão ao peito. —Partiu meu coração, ruiva.

—Ta me stalkeando? —Ela fez uma careta e eu ri.

—Eu não. Mas você postou pra todo mundo ver. —Rebati, me colocando de pé, para xeretar nos cds de música que ela tinha.

—Quem ainda usa cd? —Indaguei, fazendo uma careta ao puxar um deles e ver de quem era. —One Direction, sério? —Mostrei o cd pra ela, que revirou os olhos e bufou. —Sua sorte é que eu gosto de você, se não a gente não ia ter mais nada.

—Como se eu precisasse da sua aprovação. —Retrucou, usando o tom de voz que podia ter esganado o coração de qualquer um. Mas não o meu. Não quando eu já conhecia o gênio esquentado.

—Agora você feriu todos os meus sentimentos, ruiva. Terei que cancelar o casamento. —Falei, fingindo cara de choro e ela mordeu o lábio, antes de começar a rir, me fazendo abrir um sorriso.

—Você é muito idiota mesmo. —Ela balançou a cabeça negativamente. —Vai vir assistir o filme ou vai ficar futricando nas minhas coisas?

Abri um sorriso enorme e me virei pra ela, vendo que suas bochechas estavam vermelhas.

—Estava esperando você convidar. Apesar de achar que você me mandaria embora. —Afirmei, tirando os tênis, quase caindo, enquanto ia pra cama me deitar ao lado dela.

—E você teria ido embora se eu mandasse? —Indagou, cruzando os braços na frente do corpo, quando me sentei do lado dela.

—Com toda certeza não. —Falei, vendo ela revirar os olhos de novo. Sorri puxando o rosto dela e dando um beijo demorado nos lábios macios. —Grossa.

—Dramático. —Resmungou, puxando as cobertas. —Se me irritar, te jogo pela janela.

—É bem a sua cara fazer isso. —Afirmei, vendo ela sorrir sem se conter.



Continua....

10 Maneiras de Sobreviver as Férias / Vol. 2Onde histórias criam vida. Descubra agora