Capítulo 16: Sardas.

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Peter

Eu estava deitado ao lado de Kyle, vendo ele passar a mão em Snow, que estava esparramado no nosso meio. Bia e Zack estavam deitados na outra ponta da toalha, com Caleb cochilando no meio deles, enquanto eles conversavam.

Me sentei, puxando meu celular do bolso quando o mesmo começou a tocar. O peguei, bem a tempo de ver um número desconhecido chamando na tela. Franzi a testa e recusei a chamada. Normalmente eu só atendo ligações de números desconhecidos quando não estou em casa e com os meus irmãos, porque pode ser algo com eles.

—Quem era? —Zack indagou, erguendo a cabeça para me olhar e eu dei de ombros.

—Sei lá. Número desconhecido. —Falei, erguendo a cabeça para observar o parque envolta de nós.

Parei, cerrando os olhos quando vi os cabelos vermelhos de Anne balançando com o vento, enquanto ela andava apressadamente por um dos caminhos de pedra. Ela não viu a gente, já que não virou o rosto em nenhum momento na nossa direção.

—Acho que vou dar uma volta. —Declarei, já me colocando de pé. —Vou ver se acho a Emma. Querem alguma coisa?

Os três negaram com a cabeça, então eu sai andando, enfiando o celular no bolso da calça de novo, enquanto ia na direção que Anne estava indo. Ela parecia apressada, andando rapidamente enquanto desviava das pessoas no caminho. Ela virou em um parte que tinha uma pequena lanchonete e eu acelerei o passo, não querendo perdê-la de vista. Olhei para trás, quando uma bicicleta quase passou por cima de mim e virei para a calçada ao lado da lanchonete. Parei, olhando para o parque que se seguia, não vendo nenhum sinal dela. Como se a mesma tivesse acabado de evaporar no ar.

—Posso saber porque está me seguindo? —A voz de Anne soou atrás de mim, me fazendo dar um pulo para o lado e levar a mão ao peito.

—Que isso, ruiva, quer me matar do coração? —Indaguei, erguendo os olhos para encarar a expressão séria dela. Seus olhos estavam cerrados, acusadoramente, e suas mãos postas na cintura.

—Você estava me seguindo! —Acusou.

—Estava. —Confirmei, tranquilamente.

—E fala isso assim, na maior cara de pau? —Indagou, parecendo confusa com a minha confirmação.

—Sou um cara sincero. Fazer o que? —Dei de ombros, e ela revirou os olhos, passando por mim para voltar a andar.

—Porque está me seguindo? Não tem mais o que fazer da vida? —Questionou, quando voltei a segui-la.

—Seguir você parece ser mais interessante do que qualquer outra coisa, ruiva. —Quando eu vi, as palavras já haviam saído da minha boca. E eu demorei para processar o que eu mesmo havia dito.

—Ja disse para não me chamar de ruiva! —Resmungou e eu acelerei o passo, para conseguir andar ao lado dela.

—Te chamar de ruiva é o pagamento por ter colocado aquele balão terrível na minha janela. —Afirmei, mas aquilo pareceu mais com uma reclamação. —Não foi gentil da sua parte.

—Você tacou uma torta na minha cara! —Acusou e eu bufei.

—Achei que já tínhamos superado essa parte. —Declarei, tentando parecer chateado. —Alias, eu pedi desculpas várias vezes e até fiz outra torta.

—Achei que já tinha dito que não acredito em você. —Rebateu, usando nossa conversa do outro dia.

—Cara, você é difícil! —Afirmei, vendo a sombra de um sorriso surgir nos lábios dela.

Anne não respondeu aquilo e preferiu ficar em silêncio. Mas mesmo quando a conversa terminou, eu continuei andando ao lado dela. E de alguma forma, o silêncio entre nós não estava sendo desconfortável, coisa que me fez franzir a testa.

—O que está fazendo aqui? —Questionei, quando passamos por uma ponte e ela passou para o gramado, indo em direção a sombra das árvores ao lado de um dos lagos.

—O mesmo que todo mundo, caminhando e aproveitando o dia. —Fiz uma careta com a forma rude dela, o que pareceu chamar sua atenção. —E você, Peter?

Gostei da ênfase no meu nome. —Zombei, enfiando as mãos no bolso da calça. —Estou aproveitando a tarde com meus irmãos.

—Então eles estão aqui? —Ela olhou ao redor, mas já estávamos longe de onde meus irmãos estavam. —Collin também está. Mas ele foi comprar sorvete e não apareceu mais. Na verdade, eu estava procurando... —Ela fez uma careta, parando de andar quando chegamos ao deck que cercava o lago. —Nem sei porque tô falando isso pra você.

—Obrigado. —Falei, tentando parecer ofendido. Coisa que a fez revirar os olhos. Ignorei o toque do meu celular, preferindo ficar observando as bochechas de Anne, que eu havia acabado de notar, eram pintadas com sardas.

—Seu celular está tocando. —Alertou, juntando as sobrancelhas.

—Estou ouvindo. —Falei, ignorando o toque insistente.

—Certo, porque por um momento pensei que você estava ficando surdo. —Comentou e acabei sorrindo. —Não pretende atender?

Neguei com a cabeça.

—Se eu atender, é capaz de você aproveitar para fugir de mim. —Afirmei e ela revirou os olhos.

—Droga, era exatamente isso que eu pretendia! —Declarou, fingindo estar realmente decepcionada. —Você descobriu meu plano. Parece que Peter Carson é mais esperto do que eu imaginava.

—Vou ignorar o tom de sarcasmo e acreditar que isso foi um elogio. —Ela tombou a cabeça para o lado, fazendo um biquinho com os lábios. Involuntariamente meus olhos encararam os lábios vermelhos dela, curvados de uma forma muito tentadora, como se ela esperasse por um beijo.

Dei um passo para frente, automaticamente, me aproximando mais dela, até nossos corpos estarem a centímetros um do outro. Os olhos dela se arregalaram de espanto, enquanto eu analisava cada detalhe das bochechas cheias de sardas. E esse pequeno detalhe deixava ela ainda mais linda.

—O que está fazendo? —Questionou, em um tom baixo que fez meu coração acelerar. Minha boca secou e eu fixei meus olhos nos lábios dela de novo, vendo a respiração dela ficar irregular.

Quando ousei dar mais um passo, pronto para beija-la, latidos de vários cachorros romperam o ar atrás de nós. Anne se afastou, como se percebesse o que estava prestes a acontecer. E quando eu fui fazer o mesmo, um maldito cachorro passou entre minhas pernas, tentando fugir de outros, e me empurrando para cima de Anne no processo.

Como eu sou um completo azarado, fui pra cima dela com tudo. Anne soltou um grito e agarrou minha camiseta, me puxando, quando tropeçou no chão. Um segundo depois tudo que eu senti foi o impacto de nós dois contra a água do lago.


Continua...

10 Maneiras de Sobreviver as Férias / Vol. 2Onde histórias criam vida. Descubra agora