Capítulo 26: Desculpa.

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Anne

O aniversário de Florence estava completamente perfeito, até eu dar de cara com Peter. E agora, tenho que aguentar a presença dele até o final da festa.

—Da pra parar de me seguir? —Me virei para o mesmo, vendo ele abrir um sorriso zombeteiro e arquear umas das sobrancelhas.

—Eu não tô te seguindo. Tô apenas aproveitando a festa. —Declarou, cruzando os braços na frente do corpo, sorrindo mais ainda.

—E não pode fazer isso a metros de distância de mim? —Indaguei e vi ele morder o lábio e olhar para o lado, como se estivesse tentando se conter.

—Pode não acreditar, ruiva. —Ele voltou a olhar pra mim, agora sem sorrir. —Mas percebi que é super difícil ficar longe de você, quando estamos no mesmo lugar.

Eu pisquei, sem reação,  sentindo meu coração acelerar e vendo que ele não estava sorrindo, nem tentando me provocar. E essa era a segunda vez que ele falava algo de uma forma que parecia sincera, na mesma noite. Mas eu não conseguia saber se ele estava sendo realmente sincero ou apenas brincando com a minha cara.

—Você ficou doído ? —Indaguei, arregalando os olhos ao perceber que quase tinha gaguejado. —Andou usando drogas?

—Ah, pelo amor de Deus! —Ele fechou a cara. —Você age como se eu fosse um completo idiota. E você nem sequer me conhece direito, Anne!

—Você tacou uma torta na minha cara! —Rebati.

—E você colocou um balão horrível na minha janela! —Retrucou, balançando a cabeça negativamente. —Não consegue simplesmente esquecer isso?

—Até você é seus irmãos aprontarem com a gente de novo? —Indaguei e ele revirou os olhos, abaixando a cabeça para encarar o chão, como se estivesse cansado.

Peter ficou em silêncio e eu fiquei observando ele. Ele tinha razão na parte de eu não o conhecer direito. A prova disso foi ver ele interagindo com Florence. E também, depois da idiotice de Collin de invadir meu insta e seguir todos eles, acabei me pegando vendo as fotos dele por alguns minutos. A maioria delas, como Collin havia me dito, eram com os irmãos. E eu percebi que eles tinham uma ligação muito grande uns com os outros. Isso em si já dizia muito sobre eles.

E eu não podia negar o quanto me sentia atraída por ele. Isso não era nada normal. A maioria das vezes eu sentia vontade de matá-lo. Mas quando não estava com raiva, ficava lembrando de como ele sorri, de como ele passa a mão no cabelo involuntariamente, sempre que está irritado. Um gesto que eu imagino que ele nem nota que está fazendo. E também, a forma que os olhos azuis dele brilhão quando ele está me provocando.

—Desculpa por te julgar sem te conhecer. —Falei, desviando os olhos dele, quando senti minhas bochechas esquentarem.

—O que? —Ele franziu a testa, como se não tivesse acreditado que havia escutado isso.

—Você ouviu. Não pense que eu vou repetir! —Resmunguei, sem me conter e vi ele abrir um sorriso com o canto dos lábios.

—Tudo bem. Eu aceito suas desculpas, ruiva. —Afirmou e eu tentei não revirar os olhos com ele me chamando de "ruiva". Eu já estava me acostumando com isso no fim das contas.

Olhei para Peter, vendo que ele parecia pensar no que dizer, já que mordia o lábio e olhava para um ponto fixo nas minhas bochechas. Engoli em seco quando percebi que na verdade, ele estava olhando para minhas sardas.

-Você...

—Ah, Peter, pode ser você! —Minha tia apareceu, passando as mãos nos cabelos loiros encaracolados, tentando ajeita-los atrás da orelha. —Pode ir lá dentro e pegar mais copos pra mim, na despensa? —Peter pareceu fora do ar por alguns segundos, olhando dela pra mim. —Eu ia pedir pro Collin, mas ele sumiu.

—Tudo bem. Eu pego. —Peter abriu um sorriso sem mostrar os dentes e olhou pra mim uma última vez, antes de sair andando em direção a casa. E minha mente ficou martelando o que ele iria dizer antes da minha tia chegar.

—Um bom rapaz ele.

—O que? —Me virei pra minha tia, vendo ela observar Peter se afastando. Ela voltou a olhar pra mim e sorriu.

—O Peter. Conheço toda família dele a um tampo. São ótimas pessoas e ele um excelente rapaz. —Ela se afastou quando um dos convidados a chamou e meus olhos foram para a porta dos fundos, onde Peter havia sumido. Mordi o lábio que batuquei meus pés no chão.

—Mas que droga, Peter! —Resmunguei, cerrando meus punhos e indo em direção a casa atrás dele, pronta para fazer uma burrada. Mas no momento, as borboletas no meu estômago é que estavam comandando tudo.

[...]

Passei pela porta, ouvindo Somebody To You começando a tocar na caixa de música. Andei, desviando das crianças que corriam pela sala, desgovernadas. Entrei na cozinha, vendo a porta da despensa aberta e Peter lá dentro, pegando um pacote com copos de papel vermelho.

Senti um imenso frio na barriga quando meus pés, involuntariamente, foram até ele. Fechei a porta atrás de mim, deixando nos dois completamente sozinhos ali, naquele pequeno espaço. Peter se virou pra mim, primeiro assustado e depois ficando confuso.

—Anne? —Ele me encarou, esperando que eu dissesse alguma coisa. Mas por algum motivo, as palavras ficaram presas na minha boca. Tudo que eu conseguia ouvir era meu coração acelerado, tocando no mesmo ritmo da música que tocava do lado de fora.

Olhei para os olhos de Peter, vendo ele colocar o pacote de volta no lugar e caminhar na minha direção. Me encostei na porta, respirando com dificuldade quando ele parou, invadindo meu espaço pessoal, como havia feito na parque. Ele encarou meus olhos, depois minhas bochechas e então parou na minha boca.

—Porque me seguiu, ruiva? —Ele ergueu os braços, colocando as mãos na porta atrás de mim, me deixando completamente presa ali. Ergui meu queixo, aproximando meu rosto mais ainda do dele, que agora estava a centímetros do meu. Sua respiração beijou meus lábios e eu apertei meus dedos contra a palma da minha mão, ansiosa. —O quanto você quer isso?

Não respondi, já que eu parecia ter pedido a capacidade de falar. Encarei os lábios dele, levemente abertos e percebi que ele também estava respirando de forma desregular. Peter aproximou mais o rosto, roçando os lábios na minha bochecha. Fechei meus olhos e esperei.

—Por favor, tente não me odiar por isso também, ruiva. —Sussurrou, com a boca próxima ao meu ouvido. Soltei um suspiro com o arrepio que me invadiu e quando pensei em abrir os olhos, a boca dele cobriu a minha e nada mais parecia importar.



Continua...

10 Maneiras de Sobreviver as Férias / Vol. 2Onde histórias criam vida. Descubra agora