Capítulo 8: Terroristas.

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Peter

Eu estava olhando o forno a 10 minutos, vendo o tempo correndo enquanto a massa assava. Olhei por cima do ombro ao ver um vulto na cozinha e revirei os olhos ao ver que era Zack e Kyle.

—Caiam fora! —Mandei, cruzando os braços e voltando a olhar para o forno. Do jeito que eu sou azarado, se eu virar as costas é capaz de ela queimar. E também, eu estava irritado o suficiente para não querer conversar com eles.

—Qual é, Peter, está realmente chateado com a gente? —Zack se aproximou de mim, enquanto Kyle puxava uma banqueta e se sentada de frente para nós dois na bancada. —A gente estava brincando. Não achávamos que você ia mesmo derrubar a torta.

Eu me virei, arqueando as sobrancelhas e ele soltou uma risadinha sem graça, comprovando que a última parte era mentira. Balancei a cabeça negativamente e voltei a atenção para o forno.

—Ei, irmão, desculpa. A gente não deveria ter feito aquilo, tá legal? —Zack tocou meu ombro e eu o encarei com os olhos cerrados. —A culpa foi do Snow. Ele se enfiou no meio das suas pernas quando estava subindo as escadas. Não foi culpa sua.

—Ainda achamos que é desastrado. Mas a culpa não foi sua. —Kyle completou e eu acabei rindo da forma inocente que ele usou para falar.

—E aí, estamos de boa ou não? —Zack gesticulou com a mão e apontou para o forno. —Podemos ajudar com a torta se quiser. —Fiz uma careta. —Vamos lá, Peter! Pra que existem os irmãos, se não pra encher o seu saco até você não aguentar mais?

—Ah tá bom, chato! —Revirei os olhos e ele soltou uma risada animada. —Bora terminar a torta.

—Eu faço a cobertura! —Kyle saltou da banqueta e correu até os armários.

Quando percebi, já estávamos nos três juntos na cozinha, batendo a cobertura e o recheio. Kyle mais fazia bagunça do que ajudava, o que resultou na cozinha completamente suja de farinha e açúcar. Kyle e Zack ficaram rindo quando tentei tirar a forma do forno, todo atrapalhado, queimando meus dedos.

Normalmente nós três nos juntávamos apenas no quarto para jogar, ou quando íamos sair juntos com o tio Josh para jogar boliche. Mas juntos tentando cozinhar algo era a primeira vez. Não explodimos nada, o que era bem possível. Mas a cozinha estava virada de cabeça para baixo quando terminamos. E pelo olhar da mamãe, ela nem precisava mandar pra sabermos que queria que limpássemos tudo.

—Ficou bonita. —Tio Josh comentou, se aproximando e olhando a torta pronta, em cima da bancada.

—É só não derrubar na cara de ninguém. —Kyle murmurou e eu virei o rosto pra ele na mesma hora. —É brincadeira.

—Sei. —Resmunguei, arrancando uma risada deles. Olhei para a janela, vendo que já estava escurecendo. —Eu acho que vou lá entregar.

—Tudo bem. —Tio Josh ergueu a torta e entregou nas minhas mãos. —Cuidado na calçada.

—E tente não ficar com cara de derrame quando olhar pra filha da vizinha. —Zack zombou e eu arregalei os olhos.

—Eu não fiquei com cara de derrame! Eu só estava desesperado porque tinha derrubado a torta na cara dela! —Exclamei e os três me encararam com sorrisos zombeteiros. —Argh! Eu achei ela linda, e daí?

—Nada, ué. —Zack deu de ombros. —Só tenta não babar em cima dela quando chegar lá.

—Vai se ferrar! —Resmunguei, vendo ele começar a rir.

—Ei, parem de incomodar o irmão de vocês. —Tio Josh ralhou com eles e me puxou em direção a porta. —Não tem problema ter achado a moça bonita. Só se lembre de ser educado e de jeito nenhum ofender ela, okay?

—Certo! —Concordei e ele abriu a porta da sala. Respirei fundo e sai para o jardim, vendo as luzes das ruas começarem a acender. Emma e Bia ainda não havia chegado do shopping, o que com certeza resultaria em umas 1000 ligações que a mamãe ia fazer pra elas.

Caminhei pela calçada, vendo as luzes da casa dos Willis acessa. Olhei para a torta na minha mão e andei lentamente, tentando não tropeçar em qualquer coisa que fosse. Entrei no jardim dos vizinhos, caminhando até os degraus e fazendo uma careta.

—Dessa vez não. —Murmurei pra mim mesmo e sorri ao perceber que já estava na frente da porta. Ajeitei a torta em uma mão só e toquei a campainha. Demorou apenas alguns segundos para eu ouvir passos do lado de dentro e então a porta se abrir.

—Ah, é você. —A ruiva exibiu um sorriso amarelo ao me ver, o que significava que ela não estava nem um pouco feliz com a minha visita. Ela estava com um pijama azul claro e com os cabelos úmidos. E sem nenhum resquício de glacê no rosto.

—Boa noite! —Abri um sorriso nervoso. —Eu vim trazer a torta. É de boas vindas e também um pedido de desculpas pelo acontecido de mais cedo.

Estendi a torta para que ela pegasse, torcendo mentalmente para que nenhum acidente acontecesse nesse momento. A ruiva analisou a mesma com os olhos cerrados e tombou a cabeça para o lado.

—Devo me preocupar? —Ela apontou para a torta. —Você não colocou uma bomba escondia aí, não é?

—Porque eu faria isso? —Olhei para a torta nas minhas mãos com uma careta. —É só uma torta, ué.

—Vai saber! —Ela deu de ombros e finalmente pegou a torta das minhas mãos, me fazendo suspirar aliviado.

Ela segurou a torta com uma mão só e com a outra me puxou para dentro, fechando a porta com o pé. Olhei pra ela surpresa, mas a mesma virou as costas em direção a cozinha. A casa era parecida com a nossa. A cozinha e a sala juntas, separaras apenas por uma bancada. E uma escada que dava para o segundo andar, ao lado da mesa de jantares. Tudo estava desorganizado e haviam caixas por todo lado.

—O vizinho do final da rua disse que vocês são uns terroristas. —Esclareceu, enquanto eu a seguia. Fiz uma careta no mesmo instante.

—O senhor Wilson? —Questionei e ela riu, se virando pra mim, assim que soltou a torta.

—Se sabe quem é o vizinho, é porque o que ele disse é verdade. —Afirmou e eu senti vontade de rir.

—É, bem, ele não gosta da gente. Mas não somos terroristas. —Tentei explicar e ela arqueou as sobrancelhas.

—Não colocaram estalinhos embaixo do tapete dele no último Natal? —Questionou, me analisando com aqueles olhos verdes. Abri a boca para responder, mas dei de ombros ao ver que não tinha como explicar aquilo. —Eu não acredito!

—No que? —Indaguei confuso e ela riu, colocando as mãos na cintura.

—Você jogou a torta na minha cara de propósito, não foi? —Arregalei os olhos ao ver que ela estava me encarando furiosa.

—Claro que não! —Tentei falar. —Foi sem querer. Você ouviu a sua mãe dizer...

—E como espera que eu acredite que foi sem querer, se agora eu sei que você e seus irmãos ficam aprontando com os vizinhos? —Questionou, cerrando mais os olhos e eu engoli em seco. —Você fez de propósito, não foi?

Encarando os olhos verdes acusatórios dela, sua boca formando uma linha fina e suas bochechas levemente vermelhas pela raiva, contrastando com os cabelos de fogo, fiquei simplesmente sem saber o que dizer.



Continua...

10 Maneiras de Sobreviver as Férias / Vol. 2Onde histórias criam vida. Descubra agora