Emma
Havia uma pequena parte de mim que amava aniversários de crianças, porque a comida era a melhor. Mas odiava as crianças isotéricas que corriam de um lado pro outro sem motivo algum, berrando aos quatro ventos.
Baixei os olhos para Florence e Kyle, que estavam entretidos olhando os presentes que ela havia ganhado. Florence estava completamente fofa com o que parecia ser uma fantasia de fada. Ela olhava para Kyle com um brilho nos olhos, como se ele fosse um príncipe encantado. Eles eram melhores amigos, sim. Mas isso não impedia ela de gostar dele mais ainda.
—Confesso que não estava esperando te encontrar aqui. —Me virei, engolindo em seco ao ver Collin no primeiro degrau que dava para o segundo andar, escorado na parede.
—Agora tenho mais certeza ainda de que é você que está me seguindo. —Afirmei, vendo ele abrir um sorriso com o canto dos lábios.
—É minha prima. —Ele apontou com a cabeça para Florence e eu andei até ele.
—E é amiga de Kyle, como você já deve ter percebido. —Comentei, voltando a olhar para os dois. —Pelo menos da parte dele, é.
—Eles são... crianças ainda. —Ele franziu a testa.
—Isso é desculpa pra lerdeza do meu irmão? —Perguntei e Collin soltou uma risada alta, me fazendo sorrir. —Porque, francamente, só sendo muito lerdo pra não perceber que a Florence gosta muito dele.
—Isso pode mudar com o passar dos anos. —Ele deu de ombros.
—Pra ela ou pra ele? —Tombei a cabeça e ele encolheu os ombros de volta. —Sua irmã está aqui? —Ele assentiu e cerrou os olhos, como se estivesse pensando o mesmo que eu. —Acha que devo me preocupar com a possibilidade de ela matar meu irmão?
—Com toda certeza. —Afirmou, me fazendo rir. Parei de olhar para Kyle, vendo que a atenção de Collin estava toda em mim. Senti um frio na barriga quando ele se desencostou da parede e olhou para o topo da escada. —Quer ir pra outro lugar? —Fiz uma careta e ele sorriu. —Vou me comportar, prometo. Não quero que seu irmão tente me matar hoje.
—Ah, vamos logo antes que ele apareça por aqui. —Falei, arrancando uma risada dele. Collin subiu as escadas e eu fui atrás dele, vendo o mesmo andar pelo corredor até entrar em um dos quartos. Parei na porta, observando ele ir até a janela e abrir a mesma. —O que você tá fazendo?
—Vamos pro telhado. —Falou, passando a perna pela janela e depois a outra. Encarei o mesmo com um sorriso contido nos lábios e ele fez um sinal pra que eu o seguisse. —Não se preocupe, já fiz isso milhares de vezes.
—To começando a achar que você é maluco. —Declarei, fazendo o mesmo rir. Passei pela janela, pisando no suporte até chegar no telhado. Collin me estendeu a mão pra que eu não perdesse o equilíbrio e me levou até a parte da frente da casa, ficando longe qualquer possibilidade de alguém que está no jardins de trás nos ver. Ele se sentou e eu fiz o mesmo, abraçando meus joelhos e olhando pro céu incrivelmente estrelado.
—Gostou?
—É uma vista e tanto. —Falei, observando as estrelas que pintavam o céu. Olhei para Collin, vendo ele olhar para as próprias mãos com um sorriso. —O que foi?
—Nada. —Ele balançou a cabeça negativamente e olhou pra mim. Me encolhi, abraçando mais meus joelhos, sentindo as famosas borboletas dançando no meu estômago. —Tenho uma coisa pra você.
—Pra mim? —Franzi a testa e ele encolheu os ombros, como se tivesse envergonhado.
—É... não tá comigo agora. Na verdade não esperava encontrar você aqui. Eu pretendia te entregar quando você decidisse sair comigo. Ma...mas eu lembrei agora. —Ele virou o rosto pro lado e eu percebi que ele estava ficando vermelho. Olhei pro lado também, pra que ele não visse o sorriso imenso que eu estava abrindo. —De qualquer forma, você vai aparecer bastante lá em casa. Posso te entregar um dia desses.
—Pode me entregar quando eu for lá. Ou quando nós dois sairmos juntos, pra um encontro. —Falei, vendo ele virar o rosto pra mim na mesma hora. Collin ajeitou os óculos no rosto e abriu a boca várias vezes, tentando falar. Sorri contra meus joelhos e escorei meu queixo nos mesmos. —O que você gosta de fazer, Collin? Lembro do seu pai dizendo que você cozinha.
—Ah, sim. Eu costumo trabalhar no restaurante com ele. Eu gosto bastante, na verdade. Provavelmente vou continuar fazendo isso depois que me formar esse ano. —Comentou, sorrindo e se virando pra olhar pro céu. —Não tem nada que eu goste mais do que cozinhar. E você, algum gosto em especial?
—Bem, eu gosto muito de ler. Eu amo na verdade. Acho que provavelmente vou embarcar em uma área que envolva isso no futuro. —Dei de ombros. —Eu ainda tenho o ano que vem inteiro pela frente no colégio.
—Posso perguntar uma coisa? —Questionou e eu assenti, vendo ele formar uma careta. —O Zack e a Bia...
—Ah, não. —O cortei, abrindo um sorriso. —Todo mundo que não conhece nossa família sempre pergunta sobre eles. Mas, eles não são primos. Não acho que haveria uma proibição de namoro por parte dos nossos pais se fossem. Mas de qualquer forma, eles não são nem um pouco parentes de sangue.
—To confuso. —Comentou, me fazendo rir. —Bia não é filha da irmã da sua mãe?
—Ela é. Mas Zack não é filho da minha mãe. —Vi o momento que Collin ficou surpreso. —Eu e Peter também não somos filhos do tio Josh. —Collin me encarou, esperando que eu prosseguisse. —Nos três somos filhos do primeiro casamento deles. A mãe do Zack mora em Nova York. E... meu pai mora em Los Angeles. Ambos são casados de novo.
—Vocês não tem contado com eles? —Collin questionou curioso.
—Zack fala com a mãe dele por ligação as vezes. Mas nunca se interessou em visitá-la. Ela tem uma enteada e... —Dei de ombros, deixando subentendido. —Eu e Peter não falamos e nem vemos nosso pai desde quando eles se separaram.
—Por que?
Me encolhi, soltando um suspiro lento e cansado.
—Digamos que ele não tinha tanto interesse assim na gente. Quando eles se separaram, nós dois tínhamos só 5 anos. A nossa guarda ficou com a mamãe e era pra ele nos visitar todo mês. —Dei de ombros. —Mas ele não veio. Nunca veio. E também nunca ligou.
—Sinto muito. —Ouvi ele dizer e abri um sorriso.
—Tudo bem. Eu e Peter não sentimos falta dele nem um pouco. Éramos pequenos demais pra ter sequer uma lembrança dele. —Afirmei, vendo Collin me encarando com carinho. —Tio Josh é nosso pai. Sempre foi e sempre vai ser. E quando eu digo isso, é porque é literalmente sempre. Minha mãe conheceu ele logo depois de se separar do meu pai. Então, foi ele quem cuidou de nós. —Abri um sorriso. —Os dois se casaram e Zack virou nosso irmão. E depois veio o Kyle e então o Caleb.
—E em breve duas menininhas. —Collin murmurou e eu abri um sorriso largo. —Uma família bem grande.
—É, grande e barulhenta. —Afirmei, pensando o quanto eu amava cada um deles. E não importa o que as pessoas pensassem por conta de minha mãe ter vários filhos. Era minha família e eu amava eles.
—Meus pais queriam mais filhos. —Collin comentou, e eu percebi que ele estava olhando para as próprias mãos, sério. —Eles queriam mais filhos. Talvez tivessem até mais do que seus pais tem, se pudessem. —Ele ergueu os olhos até mim e abriu um sorriso triste. —Mas minha mãe não pode mais ter filhos. A gravidez de Anne foi complicada e o médico disse que talvez fosse melhor ela não tentar de novo.
—Ela tentou adoção? —Falei, não sabendo dizer outra coisa.
—Tentou. Só que foi um período meio difícil depois que Anne nasceu e ela percebeu que não poderia mais ficar grávida. —Ele encolheu os ombros. —Eles acharam que ela não tinha condições de adotar uma criança. No fim, ela simplesmente desistiu da ideia.
—Collin...
—Ta tudo bem. A gente já superou isso. —Ele sorriu fraco e voltou a olhar para as estrelas.
Me ajeitei, me aproximando mais dele. Com toda coragem do mundo, levei minha mão até a dele e a segurei, vendo os olhos dele se voltarem para mim. E por um minuto todo, nossos olhos ficaram colados um no outro.
Continua...
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10 Maneiras de Sobreviver as Férias / Vol. 2
RomanceEmma e Peter são os típicos irmãos gêmeos que tem tudo em comum, ao mesmo tempo que são completamente diferentes. Ela é uma líder de torcida apaixonada por livros e uma fanfiqueira nata. Ele é um dos titulares do time de futebol americano da escola...