Capítulo 24: Linda.

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Peter

Florence Miller é melhor amiga de Kyle desde que os dois se conheceram no primeiro ano do colégio. Quando ele não está com nós, está com ela. Os dois são praticamente inseparáveis. Então era praticamente impossível não levar Kyle no aniversário dela.

Parei o carro uma quadra antes, já que a rua estava bastante movimentava naquela hora da noite. Emma estava sentada do meu lado, com uma cara de sono e Kyle atrás de nós, segurando uma caixa de presentes na mão, como se fosse a coisa mais preciosa do mundo.

—Vamos? —Falei, chamando a atenção dos dois. Desci do carro, ajeitando a jaqueta nos meus ombros. Olhei para a casa do outro lado da rua, que tinha um jardim cheio de roseiras. Abri um sorriso e corri até lá, arrancando uma das rosas vermelhas e voltando pra onde meus irmãos me esperavam.

—Virou ladrão de rosas agora? —Emma zombou, quando me viu chegar ao lado dela com a rosa na mão.

—Não enche! —Resmunguei, soltando um "aí" assim que um dos espinhos me machucou. Levei o dedo na boca, vendo o pontinho vermelho de sangue e depois comecei a tirar os espinhos com cuidado.

Nós três começamos a andar em direção a casa, que de onde estávamos, já podíamos ver os balões rosas e vermelhos do lado de fora. Fomos até a entrada, entrando no jardim florido da mãe de Florence. Emma foi quem bateu na porta, abrindo o sorriso mais simpático do mundo.

—Crianças! —Chiara, a mãe de Florence, abriu um sorriso imenso assim que abriu a porta e nos viu. —Onde está o Zack? —Questionou, depois de abraçar nos três e abrir passagem para que entrássemos.

—Ele não pode vir. —Emma respondeu. Na verdade, Zack havia ido no cinema com a Bia. Aproveitando um momento de tranquilidade pra namorar. Olhei ao redor, vendo o interior da casa completamente decorado com balões rosas e coisas de princesas. Haviam crianças correndo por todo lado e uma música vindo do jardim de trás da casa.

—Ah, uma pena. E a mãe de vocês esta bem? Como anda a gravidez? —Chiara questionou. —Ah, Kyle, pode deixar o presente ali no canto. Florence vai abrir tudo depois.

Andei pela sala, enquanto Emma conversava com ela e Kyle ia deixar o presente com os outros. Fui em direção a porta dos fundos, que estava aberta e revelava o jardim cheio de convidados. Parei na porta, vendo as mesas cheias de doces (o motivo principal por em adorar aniversários infantis). A parte ruim eram as crianças gritando e correndo por todo lado, com pais desesperados atrás.

—Ah, não! —Ouvi uma voz familiar e me virei para o lado, dando de cara com Anne, que vinha caminhando na minha direção com os braços cruzados. —Posso saber o que está fazendo aqui?

—Participando da festa? —Indaguei, gesticulando para a festa a nossa volta. Anne revirou os olhos. Ela estava com os cabelos presos em uma trança, solta sobre o ombro direito. —O que você está fazendo aqui?

—Sou prima da aniversariante. —Declarou, me deixando surpreso, já que eu só conhecia Chiara.

—Florence? Sério? —Indaguei e ela arqueou as sobrancelhas. —Da parte de quem?

—Meu pai é irmão da mãe dela. —Retrucou, com uma voz exasperada, como se eu tivesse fazendo perguntas irrelevantes. Anne cerrou os olhos quando dei alguns passos até parar na frente dela. —O que é isso?

—Uma rosa? —Perguntei, retoricamente, vendo ela olhar pra flor na minha mão. Abri um sorriso sem me conter e ergui uma das sobrancelhas, enquanto a encarava. —Mas não é pra você, ruiva. Pode tirar os olhos.

—E quem disse que eu quero ganhar uma rosa de você? —Indagou, exibindo uma careta.

—Me senti ofendido. —Falei, levando a mão até o peito e fingindo estar com dor. Ela revirou os olhos de novo. —Estressada.

—Idiota. —Retrucou, me fazendo rir.

—Maluca.

—Dramático.

—Linda.

—Surtad... espera, o que? —Ela parou, abrindo a boca, mas sem emitir som algum.

—O que, o que? —Questionei.

—Do que você me chamou? —Indagou, começando a ficar com as bochechas vermelhas, não de timidez, mas de raiva.

—Linda? —Abri um sorriso com o canto dos lábios, e eu percebi que isso a deixou completamente sem reação. —Quando você fica com raiva, suas bochechas ficam super vermelhas e isso deixa suas sardas ainda mais evidentes. Não entendo, mas acho fascinante.

Ela não respondeu, apenas abriu os lábios em choque. Suas bochechas continuaram vermelhas, mas eu percebi a irritação indo embora e dando lugar a timidez.

Eu deixei Anne Willis tímida!

Sorri internamente com esse pensamento. Mas antes que eu fizesse qualquer comentário que acabaria trazendo a irritação dela de volta, minha atenção foi para uma garota de 10 anos com asas de fada e um vestido rosa.

—Peter! —Ela exclamou, correndo na minha direção com um sorriso imenso. Me abaixei quando Florence pulou para me dar um abraço.

—Ei, linda, parabéns! —Falei, erguendo ela e a girando em um abraço, que arrancou uma gargalhada dela.

—Obrigada! —A coloquei de volta no chão. —Quem mais veio?

—Só eu, a Emma e o Kyle. Infelizmente os outros não puderam vir. Mas me pediram pra desejar um feliz aniversário pra você, por eles. —Afirmei, vendo os olhos avelã de Florence brilharem. Estendi a rosa pra ela. —Trouxe pra você.

—Ah, é linda. Eu amei. Obrigada. —Ela deixou um beijo estralado na minha bochecha e entrou na porta atrás de mim, correndo em direção a onde Emma e Kyle estavam, ainda falando com a mãe dela.

Me virei para Anne com um sorriso nos lábios e vi que ela me observava completamente surpresa, como se estivesse tendo uma alucinação.

—O que foi? —Questionei e ela balançou a cabeça negativamente.

—To tentando entender quem é você e o que fez com o verdadeiro Peter. —Afirmou, soltando os braços ao lado do corpo, como se estivesse chocada demais.

—Por que? Não posso te elogiar e nem ser legal com uma criança? —Franzi a testa e dei de ombros. —Talvez seja você que não me conheça direito, ruiva.

Ela me encarou, sem expressar ou dizer nada. Engoli em seco quando ela virou as costas e saiu andando. Eu provavelmente não deveria, mas segui ela na mesma hora.


Continua...

10 Maneiras de Sobreviver as Férias / Vol. 2Onde histórias criam vida. Descubra agora