10 Maneiras de Sobreviver as Férias / Vol. 2

Capítulo 48: Galerinha da Pesada.

Peter

Passamos pelas portas duplas do prédio, desviando das pessoas de terno e vestidos chiques, com pastas na mão e com ar superior. Estávamos eu, Emma, Zack, Bia, Kyle, Anne e Collin, vindo falar com tio Josh sobre a porcaria do almoço que Michael fez questão de se enfiar.

Poderíamos almoçar em qualquer dia que ele quisesse, só pra resolvermos toda a questão e ele ir embora e não voltar mais. Só que não no dia do casamento da nossa mãe com nosso padrasto. Tudo isso era como um imã para desastre.

—Miguel! —Eu e Zack falamos juntos, quando todos paramos na frente do balcão. Miguel estava distraído com alguma coisa e acabou levando um susto, tombando a cadeira dos trás.

—Deus, você tá bem? —Bia questionou, enquanto todos ao redor olhavam na nossa direção com caretas.

—Ai, quebrei minhas costas! —Miguel resmungou, erguendo a cadeira e se colocando de pé, com as mãos nas costas e uma expressão engraçada no rosto. Ele virou o rosto pra nós, arqueando a cabeça pra trás como se estivesse sido pego de surpresa.

—Bom dia! —Todos falamos juntos.

—Misericórdia, veio a quadrilha toda! —Murmurou, nos fazendo rir. —E aí, galerinha da pesada, vão aprontar o que hoje?

—Estamos pegando o endereço da sua casa pra entupir de ovos a sua caixa de correio. —Emma afirmou, abrindo um sorriso enorme e Miguel arregalou os olhos.

—Que isso, Emma? Vocês só irritam os vizinhos de vocês, esqueceram? Eu moro longe, bem longe de vocês. —Murmurou, com um olhar divertido. —Ei, vocês dois eu não conheço.

—Collin e Anne Willis, senhor. —Collin os apresentou.

—É um prazer. Eu sou o Miguel, recepcionista aqui do escritório. E pelo amor de Deus, não me chama de senhor. Me sinto um idoso ranzinza. —Rimos dele, vendo seu sorriso aumentar, deixando seus olhos minúsculos com as bochechas cheias. —Então, no que posso ajudar vocês?

—Precisamos falar com o papai. É urgente! —Kyle afirmou, e Miguel olhou o relógio preso ao pulso.

—Ele tá na sala dele. Que eu saiba não tem nenhuma reunião marcada pra agora. Deixa eu conferir. —Miguel começou a digitar rapidamente no computador. —É, não tem. Podem subir. Mas pelo amor de Deus, nada de confusão, tá legal?

—Relaxa, vamos nós comportar. —Emma afirmou, quando começamos a nos afastar. —Manda um beijo pra Lina.

—Pode deixar. —Miguel prometeu.

Fomos em direção ao elevador de serviço. Já que estávamos em 7 e provavelmente teríamos que não esmagar dentro dele. A porta se abriu e o elevador estava vazio. Entramos no mesmo, nos espremendo pra conseguir caber todo mundo.

—Ai, Peter, você pisou no meu pé! —Bia resmungou, quando praticamente a esmaguei contra a parede do elevador.

—Collin, chega pra lá! —Kyle se enfiou entre ele e Anne.

—Eu não consigo mexer meus braços. Alguém aperta o botão do 5 andar aí. —Emma resmungou, esmagada contra a outra parede do elevador. Anne estendeu a mão e apertou o quinto andar e a porta se fechou, nos deixando ainda mais apertados.

—Caramba, nunca mais ando de elevador com vocês! —Zack resmungou, com uma careta. Ele estava no meio de todo mundo, completamente apertado.

O elevador parou no 4 andar, nos fazendo prender a respiração. Estávamos usando o elevador de serviço, então não podiam reclamar. A porta se abriu, revelando uma mulher de cabelos trançados, pele negra e olhos azuis. Ela estava bem vestida, provavelmente uma das advogadas do escritório. Ela abriu a boca, ficando congelada quando viu todos nós.

—Bom dia! —Falamos juntos, abrindo sorrisos nervosos.

—Bo... bom dia! —Ela abriu um sorriso, como se quisesse rir. A porta do elevador se fechou de novo e eu me encolhi.

—Que pesadelo! —Resmunguei, revirando os olhos. A porta se abriu no andar seguinte e nós saímos para fora, tropeçando nos pés uns dos outros e quase caindo no chão. Sorrimos para a secretaria que nos encarou com uma expressão engraçada. Ela já nos conhecia, já que não era a primeira vez que íamos ali.

Fomos em direção a sala do tio Josh, batendo na porta e ouvindo ele permitir nossa entrada. Zack abriu a mesma e nós entramos em fila.

—Crianças? —Ele arregalou os olhos, se colocando de pé. —Me diz que a mãe de vocês tá bem, por favor!

—Ela tá bem, calma. —Emma afirmou, fechando a porta. —O que não tá bem é o casamento de vocês depois de amanhã!

Tio Josh encolheu os ombros, voltando a se sentar atrás da mesa. Ele afastou o notebook e soltou um suspiro resignado. Obviamente nossa mãe já havia contado pra ele.

—Eu sei. Mas não temos como evitar esse almoço. Emma, Peter... —Ele olhou pra nós dois. —Sei que vocês estão chateados com o pai de vocês e dou toda a razão. Mas ele está aqui e tem o direito de querer ver vocês. Sei que esse almoço pode atrapalhar o casamento que estamos organizando a três semanas. Mas não podemos fazer nada. Eu não posso interferir em uma coisa de vocês dois que envolve seu pai.

—É claro que pode! —Rebati, fechando a cara. —Você é nosso pai, não ele! Não queremos esse almoço. Além do mais, pode acabar atrasando o casamento. Ou até mesmo acabando de vez com ele.

—Organizamos isso com carinho pra vocês dois. Não vamos deixar ele atrapalhar isso. —Emma completou, e os olhos dele se suavizaram.

—Eu sei que estão preocupados com o casamento. Eu também estou. Mas se tentarmos adiar esse almoço, sua mãe pode ficar desconfiada. —Ele deu de ombros. —Ja pensaram que talvez isso seja bom pra distrair ela também?

—Ele vai estragar tudo, isso sim! —Resmunguei. —Não queremos almoçar com ele.

—Eu sei. —Tio Josh se colocou de pé e veio até nós. —Crianças, vocês precisam entender que as coisas nem sempre são como a gente quer. Vocês já são adultos. Até mesmo você, Kyle, já entende as coisas. E as vezes precisamos nos sujeitar a algumas coisas que não queremos, para poder conquistar outras melhores. Sei que esse almoço com o Michael pode ser um desastre completo e acabar atrapalhando o casamento. Mas não temos como adiar isso. Vocês vão precisar enfrentar isso e manter a calma.

—Você fala como se não estivesse nervoso. —Zack afirmou, e ele riu.

—Eu estou mais nervoso do que vocês imaginam. Vou me casar pela segunda vez com a mãe de vocês. Vou ver ela vestida de noiva e ainda com uma barriga de grávida. Eu estou quase surtando por dentro. —Nos rimos e ele sorriu. —E eu estou surtando mais ainda porque tudo pode ir por água a baixo por conta do ex marido dela. Mas preciso passar por isso. Porque vocês disseram, sou pai de vocês também. E me importo com vocês demais. Amo vocês e quero o melhor pra ambos. Vou suportar um jantar com ele porque ele tem direito sobre vocês, querendo ou não. Mas no final do dia, vou estar ao lado da mulher da minha vida e dos meus filhos. E é isso que mais importa.

Continua...