Capítulo 13: O Cara da Livraria.

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Emma

Sabe quando tudo no universo conspira pra dar errado? Então, acho que é exatamente isso que está acontecendo comigo agora. Nada poderia ser pior do que dar de cara com o estranho que você beijou do nada no shopping e saiu correndo. E pra piorar, ainda descobrir que ele é seu novo vizinho.

Lembra daquele buraco que eu falei que queria pra me esconder? Agora era uma boa hora pra ele aparecer.

Minhas bochechas estavam pegando fogo e eu estava paralisada no lugar, vendo ele aparecer na porta ao lado de Anne, exibindo uma expressão que dizia que ele sabia exatamente o que aquele balão estava fazendo com a gente. Seus olhos se voltaram para mim quando ele tentou se apresentar, mas ele parou quando me reconheceu.

Será que se eu sair correndo de novo vai ser muito feio?

—Vo... você? —Engoli em seco, vendo ele gaguejar. Meu deus ele realmente gaguejou. E está ficando tão vermelho e envergonhado quanto eu.

—Oi. —Abri um sorriso nervoso, vendo Peter, Zack e Anne, intercalar os olhos entre nós dois, confusos. E Bia vermelha de tanto se segurar para não rir.

—Vocês se conhecem? —Anne questionou, se virando para o irmão e ele abriu a boca várias vezes, sem conseguir falar nada. Me encolhi, vendo o olhar de Zack e Peter se voltar só pra mim.

—Então? —Peter cerrou os olhos e eu engoli em seco de novo. Um segundo depois ele e Zack se encararam, como se tivessem acabado de ligar os pontos. Os dois se viraram ao mesmo tempo para o estranho que agora eu sabia que se chamava Collin. —Você é o cara da livraria!

—Cara da livraria? —Anne questionou confusa, olhando de Peter para Collin. —O que tá acontecendo?

—Seu irmão beijou a nossa irmã! —Peter e Zack falaram juntos, me fazendo arregalar os olhos mais ainda.

—O que? —Anne se virou incrédula para o irmão, que eu jurava estar mais vermelho do que eu. —Porque beijou nossa vizinha? —Anne colocou as mãos na cintura. —Então é por isso que você estava com aquela cara de bobo ontem a noite!

—Eu não tava com cara de bobo! —Collin rebateu, completamente sem graça. —E eu não sabia que ela era nossa vizinha. E não fui eu que...

—Então beijou uma completa estranha? —Anne arregalou os olhos. —E se ela tem alguma doença?

—RÁH! —Zack exclamou, estalando os dedos. —O que foi que eu falei ontem?

Balancei a cabeça negativamente, me sentindo prestes a entrar em erupção. Bia tampou a boca com a mão, tentando esconder o riso, enquanto Peter discutia com Anne e Collin com Zack.

—Crianças? —A voz de um homem vindo de dentro da casa foi o suficiente para fazê-los ficarem em silêncio no mesmo instante. Peter e Zack trocaram olhares e eu tentei abrir meu sorriso mais simpático, vendo o homem que parecia ter a idade do tio Josh aparecer na porta, atrás de Anne e Collin. —Bom dia.

—Bom dia! —Nos quatro falamos juntos, como se fôssemos as pessoas mais simpáticas do mundo. Anne e Collin se entreolharam por um segundo.

—Vocês devem ser os famosos Carson. —O homem afirmou, abrindo um sorriso pra nós. Ele tinha cabelos negros e olhos verdes, como os dos filhos. E como se não bastasse, usava óculos de grau também. Anne obviamente tinha puxado a mãe e Collin o pai.

—Ah, é. —Anne abriu um sorriso largo. —Esses são Peter, Zack, Emma e Bia. —Nos apresentou, fingindo que nem estávamos discutindo a segundos atrás. —Esse é nosso pai.

—Enzo. —Ele acenou com a cabeça pra gente. —Então aquela torta deliciosa lá dentro é sua? —Ele se dirigiu a Peter, que pareceu ficar surpreso. —Você fez sozinho?

Olhei para Collin, vendo que ele estava encarando o chão, ainda com as bochechas vermelhas. Observei ele mexer a boca, repetindo meu nome silenciosamente como se testasse ele. Arregalei os olhos e virei o rosto, fingindo analisar o jardim.

—Não, Zack e meu outro irmão, Kyle, ajudaram. Mas fico feliz que gostou. —Peter declarou, usando um tom de voz animado. É claro que aquilo ia elevar o ego dele.

—Gostei muito. Não sei se a Dafine chegou a contar, mas eu sou chef de cozinha. Tinha um restaurante em Miami e resolvi abrir outro aqui em Aspen. —Comentou, começando a contar sobre a história dele.

Enzo nasceu aqui em Aspen, enquanto Dafine nasceu em Miami. Os dois se conheceram quando Enzo abriu o primeiro restaurante em Miami e estão juntos desde então. Agora, ele resolveu voltar pra Aspen e abrir mais um restaurante, já que ele tem outros dois. Um em Nova Iorque e outro em Los Angeles.

—Collin também gosta de cozinhar. Ele costuma trabalhar comigo no restaurante. Julgo ser muito melhor do que eu na verdade.

—Melhor não sei, mas levo jeito pra coisa. —Collin murmurou, abrindo um sorriso pro pai. —Eu tenho que concordar com ele, a torta estava realmente boa. Vocês mandaram bem.

—Valeu. —Zack olhou para nós três. —Quem sabe qualquer dia não passamos lá no seu restaurante.

—Ah eu ficaria muito feliz. Vai ser um prazer receber vocês lá. —Enzo afirmou, tocando o ombro de Collin, que havia voltado a ficar em silêncio. —Agora se me dão licença crianças, preciso ir trabalhar. Já estou atrasado.

—Ah claro, a gente já vai voltar pra casa. Só viemos devolver o balão da Anne. —Peter murmurou e Anne o encarou com os olhos cerrados.

—Balão? —Enzo fez uma careta ao ver o balão em formato de palhaço macabro nas mãos de Anne. —De onde tirou isso?

—Ãn? Eu sempre tive ele, ué. —Ela abriu um sorriso amarelo.

—Sempre? Eu não lembro. —Enzo coçou a cabeça, olhando para o balão.

—Sempre! —Anne exclamou, fazendo a Katia. —Pai, o senhor não estava atrasado?

—Ah! —Enzo pareceu se ligar que estava ali parado. O mesmo abriu um sorriso nervoso e se despediu de nós. Eu, Bia, Peter e Zack olhamos pra Anne assim que ele se foi, arqueando as sobrancelhas.

—Que feio, ruiva. Mentindo pro próprio pai. —Peter balançou a cabeça negativamente, enquanto fazia um barulho com a boca.

—Não sei do que você está falando. —Ela abraçou o balão e abriu um sorriso debochado. Olhei para Collin, percebendo que ele estava olhando pra mim. Mas agora suas bochechas estavam normais e ele estava com os olhos cerrados.

—Bom, a gente já devolveu o balão e eu acho que eu ouvi a nossa mãe chamando. Então a gente se vê. —Agarrei o braço de Bia e virei as costas antes que eles respondessem.




Continua...

10 Maneiras de Sobreviver as Férias / Vol. 2Onde histórias criam vida. Descubra agora