Capítulo 40: Apaixonado.

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Peter

Nada fazia o tempo passar mais rápido do que colocar um fone de ouvido e se afundar em um jogo. Horas e horas jogando sem fazer algo de útil da vida, mas que fazia qualquer um esquecer dos problemas. Apertei o botão do mouse várias vezes, ouvindo a voz dos outros jogadores no meu fone, conversando sobre estratégias de jogo.

Soltei um suspiro frustrado, vendo pela minha visão periférica a porta do meu quarto começar a se abrir. Eu sabia que provavelmente era um dos meus irmãos. Ou minha mãe dizendo que eu deveria parar de jogar. Ou qualquer outra pessoa que iria me infernizar.

Mas então eu virei o rosto, rápido o suficiente para ver quem era e também para voltar a olhar pro notebook. E quando meu cérebro processou aqueles cabelos ruivos, eu me virei tão rápido que a cadeira tombou.

—ANNE? —Meu corpo foi pro chão, enquanto eu sentia o fone ser puxado com força da minha cabeça e a parte que estava plugada no notebook ser arrancada do mesmo. Bati as costas no chão, gemendo de dor ao sentir meus ossos estalarem.

—Ai, meu Deus! —Anne correu até mim, se ajoelhando ao meu lado e me encarando de olhos arregalados. —Você está bem?

—Não. —Balancei a cabeça negativamente, enquanto olhava pra ela. —Eu tô tendo alucinações de você no meu quarto. Certeza que eu não tô bem.

—Argh, idiota. —Ela me deu um tapa no braço e fechou a cara. —E eu aqui preocupada com você!

—Mas eu me machuquei mesmo. —Falei, fingindo uma cara de dor, vendo ela cerrar os olhos, sabendo muito bem o que eu estava fazendo. —Acho que vou precisar de uma enfermeira particular.

—Ah, é mesmo? —Ela abriu um sorriso debochado. —Pena que elas provavelmente não aguentariam você por mais de duas horas.

—Caramba, ruiva, assim você mata meu coração. —Falei, fazendo uma careta e me sentando no chão. Ela abriu um sorriso travesso e se aproximou de mim, se sentando no meu colo e passando os braços no meu ombro. Rodeei a cintura dela com meus braços e roubei um beijo rápido. —O que você tá fazendo aqui, hein?

—Vim te resgatar desse poço de solidão e autodepreciação que você se enfiou. —Afirmou, fazendo meu rosto se curvar em uma careta.

—É o que? —Ela riu. —Eu tô ótimo.

—To vendo. —Ela puxou o fone que estava no chão e colocou em cima da cama, atrás de mim. —A gente vai no parque de diversões.

—Agora? —Questionei.

—Agora!

—Mas... —Parei de falar, vendo Anne curvar a cabeça e abrir um sorriso inocente, piscando várias vezes. —Você não vai me convencer com essa carinha de anjo, não. Sei muito bem como você é atrevida e esquentada.

—Vou levar isso como um elogio. —Afirmou, jogando os cabelos ruivos pra trás dos ombros.

—Foi um elogio. —Puxei o rosto dela e enchi seus lábios de beijos, vendo ela sorrir. Não sei como pulamos pra isso muito rápido. Só sei que eu não quero que acabe nunca. Depois daquele dia do cinema, não consigo manter minhas mãos longe de Anne quando estamos em um mesmo lugar.

—Ei? —Ela colocou as mãos ao redor da minha bochecha, apertando as mãos e dando um beijo na ponta do meu nariz, como eu costumo fazer com ela. —Emma me contou sobre seu pai.

—Ele é um filha da mãe. Já sabíamos disso. —Dei de ombros, vendo ela me olhar com carinho, o que fez meu interior se ascender com fogos de artifício.

—Mas você queria que ele agisse como seu pai de verdade, não é? —Não respondi, e ela deslizou os dedos pelas minhas bochechas. —As vezes demoramos pra perceber que tudo que precisávamos estava bem nas nossas mãos, mas que deixamos escapar por estar olhando demais pra trás. Não acho que ele não esteja realmente arrependido de não ter convivido com vocês. Talvez a separação dele seja a única coisa que o fez abrir os olhos para aquilo que realmente importava, você e a Emma. Não estou defendendo ele ou dizendo que não está errado em ficar chateado. Só quero dizer que, você não tem culpa de ele ter sido cego esse tempo todo. Você tentou, se ele não quis, a culpa não fui sua ou da Emma.

Ela abriu um sorriso, com as bochechas ficando vermelhas. Meu coração estava acelerado, como se fosse sair pela minha boca. E minha mente gritada para que eu agarrasse a garota sentada no meu colo e não a deixasse escapar nunca mais.

—Você é incrível. Ele perdeu as melhores coisas da vida dele. E vocês ganharam uma família enorme e feliz. —Completou. —Não deixe que uma ligação acabe com um momento divertido que você poderia ter com seus irmãos...

—Tô apaixonado por você. —Falei, com minhas mãos apertando a cintura dela. Os lábios dela ficaram abertos de espanto e seus olhos arregalaram. Observei suas bochechas ficando mais vermelhas ainda. —To completamente apaixonado por você e quero ficar com você. Não uns beijos aleatórios e escondidos. Quero ficar pra valer com você.

Ela ficou parada me olhando, como se estivesse em choque. Abri um sorriso e puxei as mãos dela que ainda estavam no meu rosto. Deixei um beijo em cada uma delas, até levar minha mão até os cabelos ruivos e os colocar atrás do ombro com todo cuidado, apenas para segurar a nuca dela e a beijar com todos os sentimentos que eu tinha por ela falando mais alto.

—Você é um idiota. —Afirmou, quando nossos lábios se separaram em meio a uma respiração pesada. —Mas acho que também tô apaixonada por você.

—Vai casar comigo agora? —Perguntei, abrindo um sorriso e ela soltou uma risada, me beijando de novo.

—Peter! —Ela se afastou, saindo do meu colo. —Muito lindo toda essa declaração de amor e afeto. Mas a gente precisa ir.

—O que? —Fiz uma careta.

—Eles estão esperando a gente! —Afirmou, me puxando pelo braço para me colocar de pé.

—Mas eu acabei de abrir meu coração e não ganho nem uns beijos! —Resmunguei, vendo ela revirar os olhos.

—Eu acabei de beijar você!

—Não foi o suficiente pra mim. —Declarei, e ela apertou minhas bochechas e me deu um beijo. Quando pensei em passar meus braços ao redor dela, ela se afastou e abriu um sorriso.

—Agora foi o suficiente? —Questionou e eu neguei com a cabeça, fazendo ela sorrir. A puxei pra mim e beijei ela de novo, abraçando sua cintura e sabendo que não soltaria mais.



Continua...

10 Maneiras de Sobreviver as Férias / Vol. 2Onde histórias criam vida. Descubra agora