Peter
Encarei o quarto escuro, me virando de frente e encarando o teto. Eu estava completamente sem sono. O dia havia começado bom e terminou da pior maneira possível. Agora eu teria que aguentar uma ligação dele pra minha mãe amanhã e uma possível visita.
12 anos e ele resolve voltar. Isso não pode estar acontecendo agora. Não quando estava tudo indo bem. Soltei um suspiro frustado e puxei o travesseiro do lado, tampando o meu rosto pra tentar segurar o grito de raiva que eu queria soltar naquele momento. Me sentei na cama, pegando o celular da mesinha ao lado e olhando a hora.
Era quase uma da manhã. Eu não havia dormido e pelo visto não ia dormir. Desbloqueei o mesmo, entrando no chat de mensagens com Anne e vendo que ela havia entrado pela última vez as 23:40, depois de me mandar mensagens perguntando se eu estava bem. As vezes eu ainda me surpreendia com a preocupação dela.
Peter — Está acordada, ruiva?
Esperei, olhando pra tela com a ansiedade tomando conta de mim. Eu poderia ir para o quarto de Emma. Se fosse qualquer outro dia ela iria se incomodar. Mas hoje não. Ela ia ficar mais do que feliz em dividir a cama comigo. Só que Bia estava dormindo no quarto dela, já que o tio Ricardo tinha vindo passar uns dias aqui.
Anne — Muito acordada.
Não consegue dormir?Abri um sorriso involuntário, vendo as mensagens dela chegando.
Peter — Tô com a cabeça cheia e com nenhuma vontade de dormir.
Abre a janela pra mim?Anne — Vem logo!
Abri um sorriso maior ainda e joguei as cobertas pro lado. Calcei os meus tênis, já que estava usando uma calça de moletom e peguei minha jaqueta. Assim que abri a porta do quarto dei de cara com Snow.
—Caramba, Snow! —Levei a mão ao peito. —Por que você sempre tem que dar uma de assombração, hein? —Fechei a porta do quarto e passei por ele, dando um apertão na cabeça fofa. —Vai dormir, cara.
Desci as escadas o mais lentamente possível, saindo pela porta dos fundos. Caminhei até a lateral da casa, abrindo um sorriso ao ver Anne me esperando com a janela aberta.
[...]
Abri os olhos, ouvindo o som de um celular tocando. Enfiei o rosto embaixo do travesseiro, sentindo o peso de uma das pernas de Anne por cima das minhas.
—Peter? —Ela murmurou, me empurrando pelo ombro. —São 05:30. Você precisa ir.
—Só mais um pouco, ruiva. —Pedi, com uma voz de criança que não quer levantar pra ir pra aula. Eu e Anne havíamos ficado até tarde assistindo Harry Potter. Porquê, pelo que parece, a ruiva pode assistir esses filmes umas mil vezes que não vai enjoar. Acabou que fomos dormir três horas da manhã.
—Vai logo, Peter. Quer que meu pai pegue você aqui? Ou o Collin? —Ela puxou o travesseiro, batendo com ele em mim.
—Podia me acordar com beijos. Em vez disso me taca o travesseiro no rosto. —Resmunguei, me virando para encara-lá. Anne tinha a maior cara de sono do mundo. Os cabelos estavam bagunçados e o rosto um pouco inchado. Mais ainda sim, completamente linda.
—Desculpa, mas você precisa mesmo ir. —Suspirei, me sentando na cama. Ela tinha razão. Só que eu não estava pronto para voltar pra casa e enfrear a reaproximação de Michael Evans. Era uma grande piada de mal gosto.
—Tudo bem. —Me virei, dando um beijo estralado nos lábios dela e me levantando, catando o par de tênis pelo chão do quarto.
—Vocês vem aqui mais tarde? —Questionou e eu dei de ombros. —Acho que minha mãe vai querer que vocês deem uma última olhada nas coisas do casamento. O local já vai começar a ser decorado.
—É, verdade. Tinha esquecido disso. —Afirmei, enfiando os tênis nos pés e indo até a janela. Anne se levantou e veio até mim, abrindo a janela e me encarando. —Mais tarde a gente se vê então.
—Qualquer coisa, minha janela estará sempre aberta pra você. —Afirmou, me fazendo abrir um sorriso divertido. Apertei as bochechas dela e dei um último beijo nos seus lábios.
—Vou aparecer sempre aqui então. —Declarei, vendo ela revirar os olhos e sorrir mais ainda. Pulei a janela, olhando pra Anne uma última vez antes de pular o cerca e entrar em casa. Ser vizinho da minha quase namorada era uma grande vantagem. Eu podia vê-la em qualquer horário que eu quisesse e que ela pudesse.
Subi as escadas de fininho, tentando não fazer nenhum barulho. Tirei o tênis pra andar no corredor, tentando evitar qualquer possível som que fizesse alguém acordar. Parei na frente da porta do quarto de Caleb, ouvindo o som da voz da minha mãe, cantando algo baixinho.
Soltei meu tênis e a jaqueta dentro do meu quarto, voltando para o corredor e parando na frente da porta parcialmente aberta, vendo ela com Caleb no colo, tentando o fazer dormir. Empurrei a porta, chamando a atenção dela.
—Bom dia! —Sussurrou, abrindo um sorriso carinhoso pra mim. —Acordou cedo.
—É... —Parei ao lado dela, vendo Caleb com os olhos bem abertos. —Quer que eu fique com ele?
—Não, tudo bem. —Ela olhou pra mim e então passou as mãos nos meus cabelos. —Está chateado, não é?
—Feliz não seria a palavra certa. —Dei de ombros. —Só tô tentando entender como foi que chegamos a essa situação.
—Eu sei que é difícil, Peter. Vou entender completamente se não quiser ver o seu pai. E a Emma também. Vocês tem todo o direito de recusarem isso, depois de todo esse tempo. —Afirmou, me lançando um sorriso carinhoso. —Mas lembre-se que as pessoas erram e as vezes merecem uma segunda chance.
—Acha que ele merece? —Ela fez uma careta.
—Talvez sim. Isso é uma coisa que vocês dois só vão descobrir se tentarem. —Murmurou, acariciando minha bochecha. —Só não quero que no futuro vocês se arrependam de não ter tentado. Não quero ver nenhum de vocês infeliz.
—Obrigado, mãe. —Dei um beijo na bochecha dela. —Por tudo.
Continua...
VOCÊ ESTÁ LENDO
10 Maneiras de Sobreviver as Férias / Vol. 2
RomanceEmma e Peter são os típicos irmãos gêmeos que tem tudo em comum, ao mesmo tempo que são completamente diferentes. Ela é uma líder de torcida apaixonada por livros e uma fanfiqueira nata. Ele é um dos titulares do time de futebol americano da escola...