Capítulo 12: Palhaço.

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Peter

Os pais da Bia foram embora antes mesmo do jantar. Como ela ia passar as férias aqui, eles tinham vindo apenas trazê-la. Evitamos comentar sobre a presepada da Emma com nossos pais. Nossa mãe provavelmente deixaria ela de castigo se soubesse que ela beijou um estranho na rua. E o tio Josh, mesmo sendo nosso padrasto, era mais ciumento que eu e Zack juntos.

Quando Emma teve o primeiro encontro com um garoto, tio Josh fez ele se sentar na sala e passou uma lista de regras pra ele. E não dormiu até que ela tivesse voltado pra casa. Então não consigo imaginar como ele reagiria se soubesse disso.

—Peter? —Eu estava com a atenção no jogo, mas baixei os fones assim que tio Josh abriu a porta, dando duas batidinhas. —Jogando?

—LoL. —Respondi, enquanto ele entrava no quarto com o celular na mão, como se estivesse esperando algo. —E a dona Silvia?

—Cansada e com desejo de comer pizza. —Abri um sorriso e ergui os olhos até ele, vendo o mesmo sorrindo. —Quer escolher um sabor? Seus irmãos pediram o mesmo.

—Ah, eu vou confiar na escolha deles então. —Afirmei e ele assentiu com um sorriso. Observei ele olhar para o celular e fazer uma careta. —O que foi? Algum problema?

—Eu estava planejando uma viagem pra gente essas férias. Pensei que poderíamos ir pra Flórida, aproveitar o verão na praia. —Ele abriu um sorriso desanimado. —E também seria como um presente de 12 anos de casamento pra sua mãe.

—E o que deu errado? —Questionei e ele encolheu os ombros, se sentado na minha cama. Girei a cadeira pra ficar de frente pra ele.

—A médica da sua mãe acha melhor ela não fazer viagens longas. E não consigo pensar em algo que sua mãe possa gostar, em vez da viagem. —Ele deu de ombros. —Mas também, acho que não se pode passar um aniversário de casamento em branco, não é?

—Ainda mais com ela grávida e toda sentimental. —Comentei, já que ela estava com os hormônios a flor da pele. Um A dito errado e a dona Silvia virava uma fera. —Vou conversar com os outros pra ver se achamos algo legal.

—Faz isso. Juro que vou surtar até o final dessa gravidez. —Tio Josh se levantou, caminhado até a porta com uma expressão de desespero. Ri do jeito dele e coloquei os fones de novo, voltando a jogar.

[...]

—Acorda, et! —Escondi meu rosto quando senti Emma bater com o travesseiro em mim e sua voz alta preencher os meus tímpanos.

—Caraca, Emma. Vai dormir! —Resmunguei, abrindo os olhos e vendo ela saltitante, ainda de pijama. —Precisava me acordar de madrugada?

—É quase 8 horas, gênio. Agora levanta que a gente precisa fazer algo de útil nessas férias. —Mandou, jogando o travesseiro em mim.

—Eu não vou levantar agora. Pode esquecer! —Afirmei, me virando de costas pra ela, pronto pra voltar a dormir.

—Deixa de ser preguiçoso. Anda logo, Peter. Todo mundo já levantou. —Ela caminhou pelo quarto e eu revirei os olhos vendo que ela iria abrir as cortinas.

—Cara, eu te odeio eternamente. —Afirmei, jogando as cobertas para o lado e me sentando na cama, com meus olhos embaçados pelo sono.

—É recíproco, et. —Ela sorriu pra mim, exibindo uma expressão debochada e abriu as cortinas. —AAHHHHHHHH!

—TÁ GRITANDO PORQUE, SUA DOIDA? —Emma me encarou de olhos arregalados, enquanto eu me colocava de pé e ia até ela. —Quer estourar meus tímpanos?

—Porque tem um palhaço na sua janela? —Questionou, fechando a cara e eu virei o rosto pra janela, arregalando os olhos.

—AAHHHHHHHHHH! —Gritei, dando de cara com o próprio It, A Coisa, na minha janela. —MAS QUE DROGA É ESSA?

—PARA DE GRITAR! —Emma berrou ao meu lado e eu fiz uma careta, tampando os meus ouvidos. —Qual o seu problema?

—Tu que começou, maluca! —Resmunguei. —Aposto que foi você que colocou esse palhaço ali.

—E porque eu ia fazer isso? —Emma colocou as mãos na cintura e eu revirei os olhos.

—O fato de ser doída já é motivo o suficiente. —Declarei, vendo ela fechar as mãos em bunho.

—Mas será possível vocês dois! —Nossa mãe entrou no quarto, colocando as mãos na cintura e exibindo uma expressão irritada. Zack e Bia apareceram atrás dela, sem entender nada. —Posso saber o motivo dessa gritaria? Querem acordar o irmão de vocês? Esqueceram que tem criança em casa?

—Foi a Emma que começou, mãe! —Afirmei, apontando para o palhaço na minha janela. —Aposto que colocou o palhaço ali só pra me assustar.

—E como diabos eu ia pendurar um palhaço em uma janela do segundo andar? —Emma indagou, tentando me confundir. —Para de ser burro.

—Paro vocês dois! —Nossa mãe gritou de novo e eu encolhi os ombros. —É só um balão.

—Feio que doí. —Zack comentou atrás dela e minha mãe se virou pra ele, que ergueu as mãos em rendição. —Tia, porque não desce e deixa que a gente resolve isso?

—Sem gritaria, ou fica todo mundo de castigo. —Ela virou as costas e saiu do quarto, me fazendo olhar irritado para Emma.

—Dois: não ficar de castigo. Essa é a regra número dois da lista de sobrevivência as férias, idiota. —Resmungou.

—Peter, não foi a Emma. Ficamos todos juntos ontem a noite. Não faz sentido algum ela ter feito isso. —Bia afirmou, me fazendo encara-la desconfiado.

—Se não foi ela, então quem foi? —Questionei, cruzando os braços na frente do corpo. Olhei para o balão bizarro na minha janela e sem querer olhei para a casa do vizinho. Quando vi, já estava gritando de novo. —FOI A ANNE!

[...]

Lá estava, nos quatro saindo de casa 8 da manhã pra questionar nossos novos vizinhos, sobre o maldito balão do It: A Coisa, que Bia estava carregando. Entramos no jardins do vizinho, caminhado até a porta de entrada. Toquei na campainha várias e olhei para meus irmãos. Zack estava do meu lado com o balão. Emma e Bia atrás de nós.

—Bom dia! A que devo a honra dessa visita logo cedo? —Anne cantarolou, assim que abriu a porta com um grande sorriso no rosto. Seus olhos desceram para o balão e ela mordeu o lábio. —Ah vocês acharam o meu balão.

—É claro que é seu! —Resmunguei e ela pegou o balão das mãos de Zack.

—É sim. Eu perdi ele ontem, acredita? —Falou, com a voz mais inocente do mundo. Cerrei os olhos e ela sorriu mais ainda. —Obrigada por encontrá-lo e vir aqui devolver.

—Ah a gente encontrou sim. —Emma exibiu uma careta. —Ele quase me fez ter um infarto.

Olhei para Anne com as sobrancelhas erguidas, quando percebi que ela estava se segurando pra não rir. É óbvio que ela tinha se juntando com o irmão dela e colocado aquele palhaço de propósito na minha janela. Mas eu não ia dar o gostinho da vitória a ela.

—O que tá rolando aí, Anne? —Ouvi uma voz masculina atrás da ruiva e logo um rapaz apareceu atrás dela. O mesmo tinha cabelos escuros, usava óculos de grau e tinha a mesma cor dos olhos de Anne, verdes.

—São nossos vizinhos. Eles acharam o meu balão e vieram devolver. —Anne respondeu, com a maior cara de pau do mundo. O irmão olhou pra ela com uma careta, que claramente dizia que ele tinha participado de tudo.

—Sou o Collin, irmão mai... —Ele parou de falar quando olhou para algo atrás de mim e de Zack. Olhei para trás no mesmo instante, encontrando Emma com as bochechas mais vermelhas que um tomate.

—Só pode ser brincadeira. —Ela sussurrou, parecendo morta de vergonha.



Continua...

10 Maneiras de Sobreviver as Férias / Vol. 2Onde histórias criam vida. Descubra agora