10 Maneiras de Sobreviver as Férias / Vol. 2

Capítulo 17: Sorvete

Emma

—Porque está tão preocupado com isso, hein? —Indaguei, cruzando os braços na frente do corpo e abrindo meu maior sorriso. —Gostou tanto do meu beijo, que está com medo de não ter sido o único a ser beijado daquela forma?

Ele pareceu surpreso por um segundos. É claro, aposto que não está acostumado a ver garotas falando dessa forma.

—Você não tem cara de quem sai beijando vários no mesmo dia. —Rebateu e eu tombei a cabeça para o lado. —Além disso, você parecia ter dois irmãos bem ciumentos. Duvido que iam deixar você fazer algo assim.

—Mais ciumentos do que você pode imaginar. —Afirmei, soando mais como uma reclamação. Zack e Peter as vezes poderiam ser bem duros dependendo do garoto.

—Eu entendo. Sou assim com a Anne. —Engoli um suspiro de alívio, por ele ter finalmente mudado de assunto. Por 2 segundos. —Mas ainda não explica porque me beijou.

—Olha eu... —Parei de falar quando ouvi um grito feminino preencher o parque. Olhei ao redor, vendo a figura de um casal caindo dentro do lado. —Meu Deus!

—Quem são aqueles? —Collin se virou, também surpreso. Encarei os dois, que agora pareciam estar brigando, enquanto saiam da água. Franzi a testa, curvando os olhos para tentar ver melhor. E quando eu finalmente os reconheci, meu queixo caiu, literalmente.

—É o meu irmão! —Exclamei, começando a andar até lá apressadamente. —E a Anne.

Collin começou a me seguir na mesma hora, enquanto atravessávamos o gramado e íamos em direção aonde Peter e Anne saiam de dentro do lado.

—Tinha que ser você, não é? —Ela exclamou irritada, saindo de dentro da água completamente encharcada.

—Eu não tive culpa. Você me puxou junto! —Peter resmungou, se colocando de pé, com uma expressão nada boa.

—O que ouve com vocês? —Collin questionou, olhando pra irmã e fazendo uma careta ao vê-la se encolher, abraçando o próprio corpo.

—O Peter me empurrou e eu acabei caindo no lago. —Anne acusou e Peter se virou pra ela, cerrando os punhos de raiva.

—Eu não empurrei você coisa nenhuma! —Exclamou, ficando completamente vermelho. —Um bando de cachorros passou atrás de mim e me empurrou pra frente. Você tropeçou e me puxou junto pra dentro do lago.

—Ótimo, pelo menos estamos quites agora! —Anne resmungou e eu vi Peter revirar os olhos. O mesmo puxou o celular do bolso e fez uma careta, antes de encolher os ombros.

—Droga. —Ele veio até mim, com uma expressão desanimada no rosto. —Meu celular já era.

—Eu vou ligar pra nossa mãe, pedir pra ela vir nos buscar. —Collin afirmou, já levando o celular ao ouvido.

—Eu não vou dividir o carro com ele! —Anne resmungou e Collin lançou um olhar furtivo a ela, antes de se afastar e começar a falar com a mãe pelo celular. Peguei o meu próprio celular e mirei a câmera em Peter e Anne, tirando uma foto e mandando no nosso grupo.

—Emma! —Peter resmungou, quando viu o celular apontando pra ele.

—Preciso de um registro disso. —Afirmei, abrindo um sorriso por vê-lo tão irritado. —Ninguém mandou ser atrapalhado e cair no lago.

—Não enche. —Resmungou de novo, fechando a cara.

[...]

Dafine não se opôs um segundo em trazer eu e Peter pra casa, depois de ter ido buscar os filhos. Peter estava trancado no quarto e não parecia nem um pouco que sairia de lá tão cedo. Soltei o livro que estava lendo, com as pernas erguidas na parede e bufei, me sentindo envergonhada por ter beijado Collin. Ter ele como meu vizinho era a pior coisa do universo. Eu sabia que ele ainda iria questionar a questão do beijo e eu teria que simplesmente dizer a verdade, beijei ele porque estava fugindo de Mac.

Me coloquei de pé, ignorando as notificações que não pararam de chegar no meu celular. Bia e Zack ainda não tinham voltado com Caleb e Kyle. Mas também, foi eu quem decidi voltar pra casa e não voltar pra onde eles estavam. Sai para o corredor, vendo a casa completamente silenciosa.

—Emma? —Parei, girando os calcanhares para ver Peter com a porta aberta e uma expressão estranha. —O que fez no cabelo?

—Ãn? —Fiz uma careta, tocando a ponta dos cabelos. —Do que tá falando?

—O que fez no cabelo? Tá tão bonito hoje. —Ele abriu um sorriso largo, que me fez revirar os olhos.

—Fala logo o que você quer, et. —Coloquei as mãos na cintura e ele soltou uma risada.

—Me empresta seu celular? —Pediu, exibindo uma cara de cachorro abandonado. —Vou pedir um novo pra mãe depois.

—Ela vai te matar. —Falei, puxando o celular do bolso e entregando pra ele. —A sua sorte é que eu tô muito bondosa hoje.

—Bondosa, sei. —Retrucou e eu estava pronta para pegar o celular de volta. Mas ele fechou a porta do quarto rapidamente e eu só ouvi a risada dele sendo do quarto.

—Não vai entrar em site pornô com o meu celular! —Exclamei da porta e escutei uma gargalhada dele. 

Virei a volta e desci as escadas, ouvindo o som da tv. Minha mãe estava afastada do trabalho por contra da gravidez. Ela trabalhava em uma empresa de consultoria. Já o tio Josh trabalhava em um empresa de advocacia. E como hoje era segunda, ele teve que ir trabalhar.

—Oi, mãe. —Falei, vendo ela deitada no sofá com um pote de sorvete no colo. —Desejo de novo?

—Sempre. —Afirmou, enfiando uma colher na boca. —Pega uma colher e vem aqui. Vocês passam tão pouco tempo comigo.

Abri um sorriso, indo até a cozinha para pegar uma colher. Na verdade, a gente passava muito tempo com ela, já que a mesma agora ficava em casa. Mas eu não ia retrucar com ela. E eu jamais negava um momento a sós com ela. Ser a única filha mulher era um pouco triste, porque apesar de Zack e Peter sempre me darem atenção quando eu quero, não é a mesma coisa que ter uma irmã mulher. Então quando eu soube que os gêmeos seriam meninas, fiquei praticamente explodindo fogos de artifício.

—O que você tá vendo? —Indaguei, me sentando ao lado dela e enfiando a colher no sorvete. Olhei para a tv, vendo que era algum programa de noivas.

—Só um programa aleatório, onde as mulheres escolhem os vestidos de noiva. —Murmurou, parecendo alheia a qualquer coisa.

—O aniversário de casamento é daqui três semanas, né? —Ela concordou, abrindo um sorriso leve. —12 anos é bastante coisa.

—Pra meu segundo casamento, é mesmo. —Ela riu. —Da última vez fiquei casada só por 5 anos. Sabe, em nenhuma delas eu me casei vestida de branco ou em uma igreja. Todas as vezes foi uma correria e tudo feito tão rápido.

—Mas você queria? —Ela me encarou confusa. —Queria um casamento na igreja e com festa?

—Ah, eu não sei. Nunca pensei muito nisso. A festa grande? Acho que não. Mas me casar de branco, sim. —Ela olhou para as noivas na tv. —Certeza que sim.

Parei com a colher no meio do caminho, olhando pra ela como se tivesse ficado congelada. Mas na verdade meu cérebro estava processando aquela informação, lembrando do que Peter havia dito no parque.

—Porque está me olhando assim? —Ela abriu um sorriso, com as bochechas vermelhas. Enfiei o sorvete na boca e engoli de uma vez só, sentindo o gosto gelado.

—Você é a melhor mãe do mundo, sabia disso, dona Silvia? —Abri um sorriso radiante.

Uma melhor mãe do mundo, que mereceria o melhor aniversário de casamento do mundo!

Continua...